2025: O QUE TEM DE NOVO, DE NOVO?
por Cris Reis
Se o final de cada ano nos pressiona a fazer um balanço das metas alcançadas, a chegada de um novo ciclo renova a promessa de que, desta vez, chegaremos lá. Com poucos dias para o término de 2024, estamos cercados por indicadores, estatísticas, previsões, tendências, etc. É como se tivéssemos em mãos um mapa já traçado para 2025, dando a sensação de um "déjà-vu". E, ainda assim, o novo ano traz a promessa de desafios renovados e oportunidades inesperadas.
2024 foi um ano de transição e transformação para o mercado corporativo global. Desde tensões geopolíticas e crises climáticas até avanços tecnológicos e mudanças nas dinâmicas de trabalho, o período estabeleceu as bases para tendências que continuarão a moldar os próximos anos.
Retrospectiva de 2024: LiçÕes Aprendidas
- Mudanças Climáticas e Desastres Naturais: Impactos Globais e Locais: A intensificação de desastres naturais destacou a urgência de ações climáticas, como incêndios na Austrália, inundações na Europa, no Brasil, as chuvas torrenciais no Rio Grande do Sul, que afetou mais de 2milhões de pessoas, com mais de 180 mortos e desaparecidos.de, e impactos graves na infraestrutura e agricultura. Estes eventos demonstram, conforme divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a necessidade de investimentos em resiliência e medidas sustentáveis para mitigar riscos futuros, visto o aumento das temperaturas globais de 1,54°C acima dos níveis pré-industriais.
- Transformação Digital e o Futuro do Trabalho: Se nos últimos anos a transformação digital dominou as agendas, 2024 ficará marcado como o ano da inteligência artificial em nossas vidas. A chegada do ChatGPT e o avanço das LLMs (Large Language Models) trouxeram inovações que vão da automação de tarefas repetitivas a discussões profundas sobre o futuro do trabalho, com a introdução de agentes de IA no dia a dia.
- ESG – O Ano das Contestações: O tema ESG enfrentou uma recepção mista em 2024. Apesar de avanços, houve resistência significativa em várias frentes. Empresas menores, especialmente em mercados emergentes, lutaram contra custos elevados e exigências regulatórias. Casos de greenwashing minaram a confiança de investidores e consumidores, enquanto fundos pressionavam por resultados tangíveis, forçando empresas a reavaliarem seus projetos sem retorno evidente imediato.
- IPOs e M&As: O Renascimento do Apetite por Riscos: 2024 foi um ano de recuperação para IPOs e M&As. Globalmente, foram realizadas mais de 1.200 operações de IPOs, movimentando US$ 180 bilhões, segundo relatório da EY. No Brasil, o mercado de fusões e aquisições registrou um crescimento de 17% no segundo trimestre de 2024 em relação ao ano anterior, com destaque para setores como tecnologia, energia e agronegócio, de acordo com relatório da KPMG.
2025: O Ano de Consolidar Diferenciais Estratégicos
À medida que avançamos para 2025, o foco não está apenas em acompanhar tendências, mas em transformar desafios recorrentes em vantagens competitivas. Três pilares – saúde organizacional, ativismo de investidores e resiliência nas cadeias de suprimentos – ganham destaque estratégico para empresas que desejam liderar em um cenário de constante evolução.
- Saúde Organizacional e Talentos: A saúde organizacional continua sendo um pilar subestimado para o sucesso empresarial. Estudos mostram que empresas com altos índices de saúde organizacional têm mais do que o dobro de chances de superar concorrentes financeiramente. Em 2025, organizações que investirem em engajamento e cultura inclusiva estarão mais bem posicionadas para atrair e reter talentos.
- O Crescente Papel do Investidor Ativista: Em 2024, fundos e investidores ampliaram seu impacto em assembleias, com quase metade das campanhas ativistas focando em ESG e governança. Em 2025, espera-se que esse ativismo se intensifique, pressionando por diversidade nos conselhos e práticas climáticas sólidas. Empresas que anteciparem essas demandas estarão um passo à frente.
- A Reinvenção da Cadeia de Suprimentos: 2024 mostrou que cadeias de suprimentos resilientes não são apenas uma questão operacional, mas uma estratégia competitiva. Escassez de insumos, conflitos geopolíticos e eventos climáticos extremos testaram a capacidade de adaptação de empresas globalmente. Em 2025, empresas que priorizarem inovação logística, tecnologia e sustentabilidade em suas cadeias estarão mais bem preparadas para mitigar riscos e atender às expectativas de consumidores e investidores.
Reflexão Final: O Que Não Muda Nunca
2024 nos ensinou que algumas tendências não são passageiras. ESG, abrangendo os temas de diversidade e inclusão, tecnologia, transparência deixaram de ser opções: tornaram-se os fundamentos do sucesso empresarial. Em 2025, o desafio não será apenas implementá-las, mas refiná-las, consolidando-as como diferenciais competitivos.
Em última análise, 2025 será menos sobre "o que há de novo" e mais sobre a capacidade de revisitar e aprofundar estratégias que já provaram seu valor. A lição de 2024 é clara: o sucesso não está apenas em abraçar mudanças, mas em liderá-las com propósito, consistência e visão.
E você, está pronto para transformar o "não tão novo" no grande diferencial estratégico que marcará o próximo ano?
Cris Reis
é CEO e Founder da Nvalor Group, Consultoria para Negócios Estratégicos, Conselheira Fiscal na ABC3 e Membra do Conselho do G-100, Presidente do Comitê de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo (IBREI), C-Level com 20+ anos de experiência em Operações e Finanças, ocupando posições estratégicas em empresas de diversos setores.
cristina.reis21@gmail.com
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