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Com os últimos acontecimentos no país, torna-se claro que as organizações terão que ter em suas estruturas de poder e governo, ou seja nas definições estratégicas e conseqüente gestão da mesma, prestação de contas, equidade, transparência e responsabilidade corporativa, princípios da governança, vamos a uma potencial realidade...
Sua empresa está muito longe da Lava-Jato! Será? Se a companhia, vendeu produtos ou prestou serviços para uma entidade que está na linha ascendente que leva a alguma das empresas na Lava Jato... pronto de uma forma indireta sua organização chegou, mesmo sem nenhuma relação com a corrupção, na operação Lava-Jato.
Diminuição de riscos, associados com maior credibilidade no mercado, são dois ingredientes fundamentais para se manter como organização viva, e a prática da governança é relevante nessa trajetória.
Uma companhia aberta listada e negociada em bolsa, com dois acionistas controladores envolvidos até o pescoço na Lava-Jato, teve muito menos arranhões em sua imagem, reputação e valorização, do que teria se fosse uma empresa totalmente de capital fechado. Mas a questão não foi por ser de capital aberto ou fechado, mas sim ter ou não uma prática de governança em seu processo de tomada de decisão e em sua gestão. O fato de ter e praticar uma política de governança, onde por exemplo os acionistas controladores só atuam, na indicação de membros ao Conselho de Administração, ou as informações de partes relacionadas serem abertas de tamanha forma que não paire nenhuma dúvida sobre: o porquê, como, quando... da relação existente, foram fatores que contribuíram para a companhia atravessar esse momento histórico delicado.
Sem dúvida, que impacto sempre terá em uma situação como essa, principalmente se o mercado de atuação da companhia estiver adverso na mesma época, mas a governança contribui e facilita um melhor relacionamento com os diversos agentes da sociedade, e estes tendo clareza da realidade existente é lógico que penaliza menos a organização.
Cada vez mais valorizadas as organizações que tiverem em suas condutas as práticas de governança tendem a ser mais selecionadas, pois o risco de relacionamento com essas organizações tende a ser menor - e caso mesmo assim algo ocorra - por ter um fluxo de informações claro a rastreabilidade das mesmas, provavelmente será mais facilitado e o mercado reconhece isso.
A sociedade, com seus agentes e o próprio governo devem ampliar o processo de fiscalização/verificação das práticas das companhias.
Ainda temos muitas organizações no país, com potencial elevado para abertura de capital, que por exemplo não têm segregação de funções entre CEO e Chairman, algumas por incrível que possa parecer nem Conselho de Administração possuem. Com o advento da melhoria da situação socioeconômica do país, é natural que se ampliem as oportunidade de captar recursos via IPO (Initial Public Offering), e estar com a prática rotineira e cultural de ter Conselho de Administração e Diretoria Executiva separados, com pessoas diferentes em ambos os órgãos é essencial, além de muitas vantagens existentes, uma delas no atual momento histórico do país é a maior dificuldade de envolver a companhia em esquemas de corrupção.
Com certeza o futuro Código Brasileiro de Governança Corporativa para Companhias Abertas, que foi um trabalho realizado pelo Grupo Interagentes (formado pelas seguintes entidades: Anbima, Abrapp, Abrasca, Abvcap, Amec, Apimec, BM&FBovespa, BRAiN, IBGC, Instituto IBMEC e IBRI), com total apoio da CVM, contribuirá para que o crescimento das práticas de governança de quem já está listada na bolsa, bem como de quem pretende se listar, afinal é melhor fazer do que ter que explicar por que não faz.
As novas regras do Novo Mercado também trarão evolução às praticas de governança no Brasil. Ampliar a segurança de onde o recurso financeiro esta sendo investido é meta natural e os atuais movimentos no Brasil vão nesta direção.
Aparentemente a represa que segurava uma demanda reprimida de potenciais aberturas de capital deverá começar a ser aberta, pois já temos mais de meia dúzia de companhias pensando em iniciar o processo para fazer seu IPO, e é muito importante que essas organizações já tenham em mente que terão que ter uma boa governança, e um risco é querer apenas “ticar” as regras de regulamentação ou auto-regulamentação, ou seja praticar a governança meramente por "decreto" é obvio que não surgirá o mesmo efeito de praticar com a realidade da crença das vantagens que essa atitude traz à companhia.
Independente de pensar em abrir o capital, é recomendável à empresa refletir sobre a governança, afinal, se relacionar com os diversos agentes da sociedade, com certeza sua organização já faz, então o que você esta esperando? Ou acredita que só o investidor deseja transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade corporativa? A sociedade começou a perceber que quando as organizações têm uma forte governança, amplia-se a segurança, e/ou diminui-se riscos para um relacionamento por exemplo, comercial, empregatício, financeiro, entre outros.
Então sua organização ainda não tem governança? O que estas esperando? É bom correr, pois seu concorrente já deve estar pelo menos caminhando...
Roberto Sousa Gonzalez
é diretor da Bússola Governança - Consultoria & Treinamento, membro do Conselho do Fundo Ethical do Santander Asset Management, que só possui ações de companhias comprometidas com as boas práticas de governança e sustentabilidade; e professor na USP, Fipecafi, Fecap, entre outras instituições.
roberto@bussolagovernanca.com.br