Conselhos

UM OLHAR ESTRATÉGICO NA ESTRUTURA DOS CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO

As empresas enfrentam muitos desafios para manter um crescimento sustentável e com alta performance. É necessário estar atento a todos os stakeholders, pois os investidores e consumidores estão cada vez mais antenados ao protagonismo das empresas na solução de problemas e mitigação de riscos de diversas naturezas. Ter estratégias e planos para as frentes ESG - do inglês, Environmental, Social and Governance - é fundamental para embasar a boa performance das empresas. 

Essa tendência se evidencia de forma crescente em empresas nacionais e internacionais e foi apontada na pesquisa anual Edelman Trust Barometer. Na edição de 2021, 66% dos entrevistados afirmaram que “os CEOs devem liderar a mudança em vez de esperar que o governo imponha a mudança sobre eles” e 65% concordam que “os CEOs devem se responsabilizar perante o público e não apenas perante o conselho de administração ou acionistas”.

Profissionais bem preparados e diversos podem contribuir para que as corporações consigam atingir metas palpáveis sobre essas questões. De acordo com a pesquisa global “Diversidade nos Conselhos de Administração” realizada pela KPMG e que contou com a participação de mais de 700 conselheiros, 62% dos respondentes no Brasil afirmaram que um dos principais motivos para o recrutamento de novos conselheiros são as necessidades estratégicas e competitivas do negócio. É preciso ampliar a diversidade nos conselhos de administração e contribuir de forma efetiva para que a governança corporativa e o desempenho das empresas no Brasil sejam melhores. 

O tom de mudança deve vir do topo e o processo de inclusão deve ganhar celeridade nas organizações por meio de ações afirmativas. Esse caminho já é uma realidade no ambiente corporativo e está se provando cada vez mais eficaz na manutenção de negócios que se atentam às demandas sociais. Outra pesquisa realizada pela EY com líderes e membros de conselhos mostrou que 86% dos entrevistados dizem que o foco no ESG e no crescimento sustentável e inclusivo tem sido fundamental para construir confiança com seus stakeholders. Portanto, vejam que não é só questão de pauta, mas necessidade de sobrevivência em um mercado cada vez mais globalizado e com consumidores mais exigentes.

Nós estamos evoluindo a passos lentos, mas já conseguimos enxergar mudanças bastante significativas. Nos últimos anos o Programa Diversidade em Conselho (PDeC), do qual eu sou diretora, tem influenciado setores relevantes como o varejo, considerado o segundo gerador de empregos CLT no Brasil. Acompanhar essa performance setorial nos direciona para entender melhor as práticas e necessidades do varejo.

Acredito que o PDeC tenha grande responsabilidade na mudança e avanço dos conselhos das empresas brasileiras. Conseguimos contribuir com capital intelectual e colaborar com o ecossistema de conselhos e empresas brasileiras, disponibilizando nossa base de conselheiras que possuem experiências das mais diversas em termos de setores, áreas de atuação, geografia, etária, entre outros, para poder contribuir com a geração de crescimento e para a longevidade das organizações. 

Volto à pesquisa da KPMG, para acentuar que 58% dos respondentes afirmam que a diversidade do conselho é relevante ou muito relevante na avaliação e condução do papel social da empresa. Esse dado demonstra que a demanda por conselhos que ativamente buscam uma composição variada tem se tornado cada vez mais alta. Companhias que apostam nessa estratégia estão andando de acordo com as tendências futuras de negócio e se mantendo dentro do jogo econômico. A diversidade é um fator importante para que sua empresa esteja preparada para lidar com desafios e demandas variadas, sem passar por tantas turbulências no meio do caminho.

Colocar os pontos acima em prática é um investimento fundamental para que o conselho esteja um passo à frente na realização de seus objetivos, na tomada de decisões mais acertadas, eficazes e de acordo com as necessidades dos stakeholders internos e externos. É preciso compreender que a diversidade de perfis profissionais pode agregar no entendimento dos problemas e no desenho de soluções.


Adriana Muratore

é diretora do Programa de Diversidade em Conselho (PDeC). Conselheira de Administração e líder do comitê de Comunicação da Positivo Tecnologia; Conselheira Consultiva da Midea Carrier, do Instituto Mulheres do Varejo; Sócia da Actavox Consultoria e Conselheira Curadora da Fundação Visconde de Porto Seguro.
adrianamuratore@icloud.com 


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