Entrevista

MAURO RODRIGUES DA CUNHA PRESIDENTE, AMEC

Criada em junho de 2006, a AMEC - Associação de Investidores no Mercado de Capitais - vem atuando na defesa dos direitos dos acionistas minoritários em companhias abertas. Reunindo 53 gestores de recursos de terceiros - que, juntos, são responsáveis por um patrimônio de R$ 500 bilhões - atua no sentido de unir esforços para que esses profissionais cumpram o dever de fidúcia e de preservação do patrimônio dos cotistas dos fundos de investimento por eles geridos. Para desempenhar esse papel, a AMEC tem se manifestado publicamente em casos concretos que revelam conflitos societários, ocasiões em que são identificados tratamentos não-equitativos entre acionistas controladores e minoritários.

Acreditando que o desenvolvimento do mercado de capitais passa, necessariamente, pelo respeito, proteção e ampliação dos direitos dos acionistas minoritários, a missão da AMEC é defender os direitos dos acionistas minoritários de companhias abertas brasileiras, tendo como base a promoção de boas práticas de governança corporativa e a criação de valor para as empresas. Neste sentido a entidade tem pautado sua agenda com temas atuais da maior importância para a integridade do mercado de capitais, de acordo com seu presidente Mauro Rodrigues da Cunha. No momento a atenção da entidade se dirige prioritariamente para duas questões fundamentais para a saúde do mercado, o desafio que enfrentam as empresas que deixaram de ter um dono e a fundação do CAF (Comitê de Aquisições e Fusões), que atuará como órgão de auto-regulação voluntária, inspirado no modelo do "Takeover Panel", organismo regulador inglês criado em 1968, cujo papel é assegurar que todos os acionistas sejam tratados igualmente no âmbito das ofertas públicas de aquisição e fusões.

Profissional do mercado com formação em economia pela PUC do Rio e MBA na Universidade de Chicago, Mauro Cunha, que por dois anos ocupou a presidência do IBGC (Instituo Brasileiro de Governança Corporativa), tendo participado durante sete anos de seu Conselho de Administração, disse em entrevista a Revista RI que o Brasil tem hoje cerca de três dezenas de empresas que não possuem acionista controlador, algumas com casos de sucesso e outras enfrentando grandes desafios. Para Mauro, que também foi responsável pela área de renda variável nas gestoras Mauá e Opus Investimentos, existe um preconceito na classe política em relação mercado de capitais e vice-versa, que cria impasses para seu crescimento. O Brasil, diz ele, tem hoje 350 companhias abertas, quando é um país com potencial para 10 mil.

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