O Brasil tem apresentado um desempenho notável em termos de redução de pobreza e distribuição de renda. No entanto, mesmo diante desse resultado animador, muito deve ser feito para que possamos incluir socialmente o enorme contingente de brasileiros que ainda vive em condições degradantes – um olhar panorâmico sobre as favelas cariocas indica a dimensão do tamanho do desafio a ser enfrentado. Diante das enormes carências enfrentadas por esses milhões de brasileiros, os fatores tempo e eficiência são variáveis fundamentais.
É com a consciência da urgência desse desafio que propomos estimular o mercado financeiro – cujo grau de sofisticação e eficiência são incontestáveis – a trabalhar por causas socioambientais. Se atingirmos nosso objetivo, adicionaríamos uma nova dimensão à indústria de administração e gestão de recursos que, assim, não buscaria apenas obter resultados financeiros, mas passaria a contabilizar também como resultados contribuições para a promoção da sustentabilidade e redução da pobreza. Se conseguirmos implantar esta indústria no Brasil, dotando-a dos mecanismos de governança e transparência necessários, mostraremos ao mundo, mais uma vez, nossa capacidade de inovar, ao associar duas das maiores conquistas do país do ponto de vista técnico: políticas de redução de pobreza e regulação efetiva do sistema financeiro. Esta última, por sinal, foi estrutura fundamental para que a crise financeira não atingisse o Brasil com a violência verificada em outras economias.
É com esta perspectiva, portanto, que pretendemos apresentar algumas ideias para o engajar o mercado financeiro no encaminhamento de alternativas para enfrentar os desafios da inclusão social e da devastação ambiental. Se pensarmos em termos do que se convenciona chamar de economia verde – inclusão social com menos desperdício – abre-se o leque de possibilidades para que o mercado financeiro amplie sua área de atuação para aspectos ligados ao meio ambiente (em iniciativas tais como a da Bolsa Verde do Rio).
Continua...