ITR: FATOR DE VOLATILIDADE NORMAL OU NORMOSE?
por LÉLIO LAURETTI
“Ensinando, aprendemos!” - aprendi um novo termo com uma de minhas alunas num curso para Conselheiros de Administração do IBGC: “normose”, utilizado em psicologia comportamental para indicar hábitos e costumes considerados “normais” pelas pessoas mas que, na realidade, são contrários ou prejudiciais às melhores práticas. Indo além do campo da psicologia, poderíamos citar alguns exemplos de “normoses” em diferentes áreas de nossa atividade:
a) o uso do automóvel como transporte individual nas regiões urbanas se tornou “normal”. Mas não é! Considere-se o fato de que 3 automóveis ocupam o mesmo espaço do que um ônibus comum. Este transporta 50, 60 ou mais passageiros; aqueles, “normalmente”, 3 pessoas ou, às vezes, pouco mais do que isso. Um carro médio pode pesar uma tonelada; se, habitualmente, transporta uma pessoa (80 quilos, por exemplo), estará consumindo combustível para movimentar 1080 quilos, dos quais apenas 80 são “transporte” efetivo. Além disso, os enormes congestionamentos que provoca são exemplos lamentáveis de desperdício de tempo e de combustível. Por fim, a necessidade de extensas áreas de estacionamento nos locais de trabalho, de reunião ou de venda, acaba por impactar o preço dos terrenos urbanos, o que representa um investimento de baixa eficiência em termos econômicos.
b) segundo pesquisa recente, 26% dos executivos entrevistados declararam que mantêm seus “smartphones” ligados 24 horas por dia e que consideram isso “normal”
c) existe a crença, no Brasil, de que processos contra políticos “normalmente” acabam em pizza! Será que, depois do mensalão, vamos viver novos tempos? O que vai ser normal: a pizza ou a condenação? Veja o que, ao votar, declarou a ministra Carmen Lúcia, do STF, a respeito do argumento apresentado pela defesa, de que Delúbio Soares utilizara o “caixa 2” porque a origem do dinheiro era ilícita: “Nunca, em minha vida profissional vi alguém comparecer a um tribunal para confessar um crime e sugerir que sua prática é normal! O ilícito não pode ser normal!"
Continua...