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“É fundamental a participação das pequenas e médias empresas no mercado de capitais como forma de buscar recursos de longo prazo para seus projetos, colaborando para o desenvolvimento econômico brasileiro”, destacou Geraldo Soares, presidente do Conselho de Administração do IBRI, na abertura do workshop “PMEs e o Papel do RI na Captação de Recursos”, promovido pelo IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), no dia 12 de março de 2015, no auditório da BM&FBOVESPA, em São Paulo. O evento foi realizado durante a 2ª Semana Nacional de Educação Financeira (ENEF 2015).
Geraldo Soares enfatizou a importância dos esforços da CVM, da BM&FBOVESPA, do IBRI e demais entidades do mercado em auxiliar essas empresas a acessarem o mercado de capitais. Cristiana Pereira, diretora de Desenvolvimento de Empresas da BM&FBOVESPA, mencionou uma série de esforços já realizados para educar empreendedores em como acessar o mercado de capitais e assim ajudar no crescimento empresarial.
Leonardo Pereira, presidente da CVM, lembrou do trabalho realizado pelo Comitê Técnico de Ofertas Menores, coordenado pela CVM e BM&FBOVESPA, e contou com a participação de várias entidades e produziu resultados que culminaram em mudanças regulatórias “bastante positivas e promissoras que encontrarão o momento propício e as condições para uma promoção desse acesso de forma mais ampla”, declarou.
Um dos frutos deste trabalho apontado por Marcos Aurélio Florêncio da Silva, da CVM, foi a criação dos fundos de investimentos no mercado de acesso. Ele também citou a Instrução CVM 547/2014, que trata das divulgações de fatos relevantes. Com a norma, as companhias abertas não são mais obrigadas a publicarem seus fatos relevantes em jornais impressos, podendo ser em portais de internet. “Algo que acaba sendo traduzido como redução de custos para essas empresas participarem do mercado de capitais”, destacou.
Leonardo Pereira, presidente da CVM, destacou que o financiamento e a atividade de RI são atividades extremamente relevantes e não há economia que tenha capacidade de superação se não tiver um segmento de pequena e média empresa forte.
“A atividade de Relações com Investidores pode ser encarada como estratégica mesmo em uma fase que o negócio possui uma escala menor, não apenas para atração de investidores, mas notadamente para desenvolver relacionamentos duradouros com aqueles que aportam ou aportarão recursos na empresa”, enfatizou Leonardo Pereira. No entanto, ele mencionou a falta de cultura de mercado de capitais como uma barreira que precisará ser enfrentada para se abrir novas possibilidades de financiamento a esse setor da economia nacional.
Panorama das PMEs
Maria Auxiliadora Souza, da Unidade de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), afirmou que 99% das empresas no Brasil são micro ou pequenas empresas, sendo que fazem parte do universo do SEBRAE: o microempreendedor individual, a microempresa e a pequena empresa que fatura anualmente até R$ 3,6 milhões. Os pequenos negócios respondem por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Juntas representam 27% do PIB (Produto Interno Bruto), um resultado que vem crescendo nos últimos anos. Para Maria Auxiliadora, é fundamental que o gestor se prepare com informações do negócio para que os bancos e investidores tenham consciência da atuação e condições da empresa.
“A capacitação dos empresários é muito importante para que possam acessar o crédito, operados pelos bancos e também o capital empreendedor, que é uma nova forma de acesso e fortalece a gestão dos negócios”, frisou. Maria Auxiliadora Souza citou pesquisa do SEBRAE de 2014 sobre “O financiamento dos pequenos negócios no Brasil", onde se identificou que negociar prazos com fornecedores (63% das empresas) e utilizar cheque especial (54%) são as formas de financiamento mais utilizadas.
O segmento de pequenas e médias empresas enfrenta dificuldades de acesso a recursos financeiros adequados ao financiamento de suas atividades, sendo o cheque especial mais utilizado do que os empréstimos em bancos.
Maria Auxiliadora entende que a adoção de uma política de Relações com Investidores é peça fundamental dentro das empresas independente do porte, pois se deve manter o fluxo de informações da companhia para o mercado e vice-versa. Segundo Maria Auxiliadora, existem diversas alternativas de investimentos para pequenos negócios, como venture capital, investimento anjo, financiamento coletivo e seed capital. “O papel do SEBRAE é orientar os empresários sobre formas de capitalização, apresentando diversas alternativas de fontes de investimento, além do crédito tradicional disponibilizado pelo sistema financeiro”, concluiu.
Fernando Antunes Mantese, gerente do Departamento de Investimento em fundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), observa que “no crédito, é preciso ter previsibilidade no fluxo de pagamentos”. A cultura de aplicações financeiras no Brasil ainda é de renda fixa e de baixa propensão ao risco num horizonte de curto prazo e alta liquidez, disse. Por esse motivo, segundo Mantese, uma visão clara do negócio é fundamental especialmente nas emissões primárias, com implementação da função da diretoria de Relações com Investidores, controles e processos claros e retorno adequado aos recursos aplicados na empresa. "Nossa intenção é incentivar o maior número de instrumentos financeiros possíveis. Esperamos trazer novas empresas para listagem, além de poder levar companhias a migrar de segmentos inferiores na Bolsa para outros, como o Bovespa Mais", afirmou.
O desafio enfrentado por essas empresas é de buscar o acesso a financiamento de acordo com a finalidade dos planos de negócios no médio e longo prazo. Mantese observou que a experiência tem demonstrado que ao buscarem formas de se financiar as pequenas e médias empresas utilizam primeiro recursos próprios, seguidos por crédito bancário e somente depois ao mercado de capitais.
Segundo Mantese, a governança corporativa é um desafio constante, visto que há dificuldade do gestor dividir as responsabilidades e o processo decisório, além do alinhamento de interesses entre sócios. “A atividade de RI tem que ser acompanhada de maior rigor nos controles internos”, avalia.
Sidney Chameh, membro do Conselho Consultivo da ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), observa que várias companhias tiveram investimentos de fundos de private equity e venture capital antes de serem listadas em Bolsa. Os fundos têm uma perspectiva de longo prazo, mas precisam também de saídas para o investimento, ponderou. Os gestores dos fundos procuram ser rigorosos nos investimentos dados os riscos. Chameh observou que de 100 negócios que se analisa o investimento se realiza em apenas um. Segundo ele, num universo de 5 milhões de pequenas e médias empresas brasileiras há um potencial de 40 mil que podem acessar instrumentos de captação de recursos no mercado de capitais e a Bolsa de Valores nos próximos anos, se estiverem devidamente preparadas. Chameh chamou atenção para a necessidade do empreendedor ter “desejo de informar”, ou seja, prestar contas. O empresário precisa se preparar para a negociação e abrir a empresa para um minucioso exame externo. “A gestão tem que ser qualificada, serviço inovador, mercado em crescimento e oportunidade clara de saída do investimento”, declarou.
Além disso, o executivo da ABVCAP disse que é preciso ter uma disposição para troca de sócios, pois a participação dos fundos tem um prazo limitado, ou seja, ou vendem ou opta-se pela abertura de capital, significando novos acionistas.
Casos Práticos: Helbor e Senior Solution
“Quando a companhia toma a decisão de investir todo mundo ganha e a melhor forma de conseguir o crescimento é via mercado de capitais”, disse Ricardo Rosanova Garcia, Gerente de Relações com Investidores da Helbor Empreendimentos.
A abertura de capital em 2007 resultou na captação de R$ 251,8 milhões e permitiu expansão do empreendimento. A abertura de capital permitiu a consolidação dos relacionamentos construídos ao longo dos últimos anos e maior aproximação com os investidores, afirma Ricardo Garcia.
Thiago Rocha, Diretor de Relações com Investidores da Senior Solution, observa que o primeiro objetivo do RI é construir uma relação de confiança com potenciais investidores. No final de 2012, a empresa iniciou a preparação para sua emissão de ações, realizada de forma ágil, uma vez que grande parte do trabalho já havia sido realizado, com o registro na Comissão de Valores Mobiliários e listagem no Bovespa Mais. A emissão foi efetivada em março de 2013, e resultou em uma oferta de R$ 57 milhões.
O sucesso veio do planejamento da atividade de RI que foi estrategicamente desenhada para participar ativamente no processo de comunicação e relacionamento com os diversos públicos de interesse (gestores de fundos, sócios minoritários das empresas adquiridas, reguladores, investidores), frisou Thiago Rocha.
Após as palestras, houve o lançamento da versão impressa do livro “Relações com Investidores da Pequena Empresa ao Mercado de Capitais”, elaborado pelo IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
IBRI e CVM lançam livro sobre como as PMEs podem acessar o mercado de capitais
Durante o workshop “PMEs e o Papel do RI na Captação de Recursos”, promovido pelo IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), no dia 12 de março de 2015, em São Paulo, houve o lançamento da versão impressa do livro “Relações com Investidores da Pequena ao Mercado de Capitais”, elaborado pelo IBRI e pela CVM.
O livro está inserido, também, no TOP (Programa de Treinamento de Professores) da Coordenação de Educação Financeira da Superintendência de Proteção e Orientação aos Investidores da Comissão de Valores Mobiliários para apresentar os principais pontos a serem considerados pelas pequenas e médias empresas no relacionamento com investidores.
O livro trata também do papel estratégico da atividade de Relações com Investidores no processo de financiamento das empresas e a possibilidade de acessarem o mercado de capitais. Geraldo Soares, presidente do Conselho de Administração do IBRI, explicou que o livro traz informações de como a pequena empresa deve se constituir para conseguir acessar o mercado de capitais brasileiro. Ele também agradeceu a parceria com a CVM.
A obra foi dividia em quatro capítulos com informações sobre a economia e a participação das pequenas e médias empresas, as oportunidades para captação de recursos, os desafios na comunicação e como agregar valor com as práticas de Relações com Investidores. Há também cases das empresas Senior Solution e Helbor, onde executivos das companhias contam a história de como conduziram o processo até chegar ao mercado de capitais, quais foram os desafios enfrentados, e as principais mudanças. Além disso, o livro conta com regulamentação de interesse e conteúdo complementar.
“É com grande satisfação que lançamos a segunda edição do livro resultado de uma parceria exitosa do IBRI com a CVM no âmbito do Comitê Consultivo de Educação”, declarou. Para Leonardo Pereira, o lançamento do livro é marco inicial do projeto nacional da autarquia para capacitar e disseminar conhecimento aos empreendedores do Brasil.
Cristiana Pereira, diretora de Desenvolvimento de Empresas da BM&FBOVESPA, mencionou durante o evento levantamento utilizando os parâmetros da Lei 13.043/2014 que define os benefícios para PME’s de R$ 500 milhões de faturamento e R$ 700 milhões de capitalização. que o faturamento não exceda R$ 500 milhões no ano anterior e o valor de mercado seja inferior a R$ 700 milhões.
“Essa publicação vai trazer benefício de imediato para grupo relevante de pequenas e médias empresas que já está na Bolsa e para as que preparam participação no mercado de capitais”, afirmou Cristiana Pereira.
A versão online do livro está disponível no link: www.portaldoinvestidor.gov.br/portaldoinvestidor/export/sites/portaldoinvestidor/
publicacao/Livro/Livro-IBRI-CVM.pdf