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O mercado de capitais é reconhecido como um dos mais atrativos ambientes para a captação de recursos pelas empresas. Essa percepção é confirmada pela opinião de profissionais e gestores empresariais que participaram da pesquisa “Jornada da Captação - Transformação financeira na busca de recursos”, desenvolvida pelo IBRI em conjunto com a Deloitte. A pesquisa contou com a participação de 97 empresas (79% de capital fechado e 21% de capital aberto).
Os resultados foram divulgados na 19ª edição do Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, evento promovido pelo IBRI em conjunto com a ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas), no dia 21de junho de 2017, na FECOMERCIO, em São Paulo.
Na ocasião, participaram da coletiva de imprensa: Edmar Prado Lopes Neto, presidente do Conselho de Administração do IBRI; Diego Barreto, membro do Conselho de Administração do IBRI; Ricardo Florence, membro do Conselho de Administração do IBRI; Luiz Cardoso, superintendente do IBRI; e Fernando Augusto, sócio da área de Capital Markets da Deloitte.
Para 47% das empresas de capital aberto participantes da pesquisa, o IPO (do inglês Initial Public Offering ou oferta pública inicial de ações) foi a melhor alternativa que estava disponível no momento em que fizeram captação de recursos no mercado. Ainda entre as empresas de capital aberto, 46% delas afirmaram haver aumento do valor da companhia percebido pelos stakeholders após três meses da abertura de capital.
Por outro lado, 82% das empresas de capital fechado afirmam que suas organizações não conhecem - ou conhecem parcialmente - os procedimentos necessários para a realização de um IPO.
“A pesquisa traz a percepção das empresas em relação à oferta inicial de ações. Mostra uma maturidade do mercado brasileiro, que reconhece ganhos de valor para as companhias de capital aberto. Ganhos provenientes das adequações a regras e normas que as empresas precisam realizar para que passem a ser listadas. Essas regras estimulam a governança, compliance e transparência”, declarou Fernando Augusto, sócio da área de Capital Markets da Deloitte.
Auxílio para a Jornada da Captação
A 10ª edição da pesquisa IBRI-Deloitte aponta os principais desafios e prioridades para aqueles que querem se preparar para uma oferta inicial de ações, especialmente diante do cenário econômico desafiador que o Brasil enfrenta nos últimos anos. No caso das companhias já listadas, o objetivo é reforçar o seu posicionamento na captação de recursos no mercado de capitais.
De acordo com o levantamento, realizado entre os meses de abril e maio de 2017, 32% das organizações de capital fechado declararam a intenção de, futuramente, fazer uma oferta inicial em Bolsa. Contudo, considerando as incertezas da conjuntura econômica e a política atual, o percentual de empresas que esperam realizá-la de fato nos próximos dois anos é de apenas 6%. Diego Barreto observou que no passado – há 10, 15 anos – a intenção de abrir capital no médio e longo prazo não existia, surgindo apenas de forma pontual. “O mercado brasileiro começa a enxergar a Bolsa de Valores como uma oportunidade factível de financiar as empresas”, complementou Edmar Lopes.
Entre as empresas com capital aberto, 54% declararam que a liquidez de suas ações está abaixo do que se esperava antes do IPO. Representantes de organizações de capital aberto disseram não conhecer os gastos para fechar o capital da companhia. O estudo conclui que ter familiaridade com novas práticas contábeis e de auditoria, de gestão e de governança, além do reforço nas estruturas de maior valor aos olhos dos investidores, são essenciais para as empresas de capital aberto manterem sua perenidade.
A lacuna entre a avaliação da empresa pela administração e pelo mercado é um dos principais desafios a serem geridos pelo profissional de RI. Dos profissionais entrevistados, 68% indicaram existir essa divergência em sua organização, em maior ou menor grau.
As companhias de capital aberto colhem frutos positivos por estarem no mercado de capitais e com exigência de maior visibilidade e transparência. Assim, para 46% das empresas, levando-se em consideração a percepção dos stakeholders, ocorreu aumento do valor após três meses de IPO; enquanto que, para 31%, houve manutenção.
Empresas de capital fechado
As empresas de capital fechado por vezes ainda não têm a estrutura robusta necessária para abrir o capital e captar recursos. E, em outras oportunidades, os empresários temem perder o controle da companhia para pessoas que não são fundadoras da organização. Contudo, essas empresas apresentam grande potencial para ampliar seu fôlego de captação, após estruturarem suas práticas de controles internos, comunicação com o mercado, governança corporativa, e gestão de riscos, dentro dos critérios necessários para o processo de abertura de capital.
No levantamento, 31% das empresas de capital fechado participantes têm faturamento anual superior a R$ 500 milhões. Fernando Augusto destacou que muitas das empresas de capital fechado já possuem demonstrações financeiras auditadas e nível de governança adequado para uma situação de empresa de capital aberto. Das empresas pesquisadas, 81% possuem auditoria externa, 68% possuem auditoria interna e 22% contam com Conselho Fiscal. Além disso, 84% dispõem de sistemas de controles internos. “Contar com estruturas de governança e gestão de riscos transmitem confiança ao mercado”, mencionou.
Algumas dessas estruturas já foram implantadas pelas empresas de capital fechado com o objetivo de lidar com riscos em seus mercados de atuação. São essenciais práticas - como o estabelecimento de Conselhos e Comitês, bem como a estruturação das áreas de Relações com Investidores e de controles internos - para as empresas que desejam captar recursos por meio de emissão de ações.
“As organizações que pretendem ter ações listadas em Bolsa têm grandes desafios a enfrentar”, disse Edmar Prado Lopes Neto. Ele considera ser importante “a adoção das melhores práticas de Relações com Investidores, mesmo para as companhias fechadas que pretendem captar recursos no mercado”.
Ainda entre as companhias de capital fechado, somente 18% contam com um profissional dedicado à função de Relações com Investidores. Vale destacar que, dessa parcela, 73% são empresas que faturam acima de R$ 300 milhões.
Segundo a pesquisa, a conjuntura econômica atual é o fator que mais tem afastado as organizações do mercado de capitais. O tópico foi lembrado por representantes de 79% das empresas fechadas participantes do estudo. Como reflexo do ambiente econômico desafiador, 66% indicaram que o alto investimento de preparação da empresa para captar recursos dificulta a decisão de abertura de capital.
Empresas de capital aberto
Grupo que traduz as mais avançadas e transparentes práticas de gestão, as empresas de capital aberto correspondem a 21% da amostra da pesquisa. Essas companhias já passaram pelo processo de IPO e podem avaliar os ganhos obtidos com essa prática e os desafios para ingressar e se manter nesse universo.
Das empresas de capital aberto que participaram do estudo, 60% possuem faturamento anual de mais de R$ 1 bilhão. A maioria (54%) identificou que a liquidez do papel da empresa atualmente está abaixo do que se esperava antes da oferta inicial. Possivelmente, um impacto das incertezas da economia dos últimos três anos sobre o mercado de capitais, de acordo com o estudo.
Uma em cada quatro companhias de capital aberto respondeu que, caso não estivesse listada, avaliaria realizar um IPO em 2018, mesmo considerando a atual conjuntura econômica. Um quinto dos participantes indicou que avaliaria realizar a oferta a partir de 2019.
Visão do RI
Para identificar os desafios e as perspectivas para a função de Relações com Investidores, a pesquisa aponta alguns resultados que refletem a visão de uma amostra de 22 profissionais que atuam nessa área. Frente às atuais incertezas do cenário macroeconômico brasileiro, os profissionais dos departamentos de RI das companhias têm se voltado ao valor percebido pelo acionista nacional (mais sensível às intempéries do dia a dia econômico) diante dos investidores estrangeiros (mais voltados às perspectivas de médio e longo prazo).
Melhorar a percepção de valor da empresa para o acionista nacional é, assim, prioridade para 64% dos RIs entrevistados, enquanto que o mesmo esforço em relação aos acionistas estrangeiros é prioritário para 32% desses profissionais.
Movimentos de fusões e aquisições e parcerias também estão no radar do profissional de Relações com Investidores, reflexo de um momento em que os ativos nacionais estão atrativos para os investidores estrangeiros.
Tendências de vendas e produção também se destacam no monitoramento realizado pelos RIs. O acompanhamento dos resultados operacionais é, também, relevante para que a divulgação das informações ao mercado feitas pelas empresas tenha como base dados de qualidade.
Para acessar a pesquisa na íntegra: http://www.ibri.com.br/Upload/Arquivos/novidades/3921_Pesquisa_IBRI_Deloitte_22062017.pdf