Em Pauta

O IMPACTO DA COVID-19 NA ECONOMIA, NO MEIO AMBIENTE, NA SOCIEDADE E NA GOVERNANÇA.

"São necessárias muitas ações boas para se construir uma reputação e apenas uma ruim para perdê-la". A frase de Benjamin Franklin nunca esteve tão atual. Durante a pandemia do COVID-19, as empresas estão sendo desafiadas a conseguir o equilíbrio entre: o Econômico, o Ambiental, o Social e a Governança corporativa. Todos os segmentos são afetados em maior ou menor grau. A necessidade da quarentena, levou muitos negócios a registrarem forte queda do faturamento e, com perda das receitas, vem a urgência de corte de custos. Como então resolver a equação de forma a garantir a sobrevivência dos negócios sem deixar de cuidar do todo?

“Olhar só para o lucro neste momento pode levar ao prejuízo. O mundo não é mais o mesmo. O capitalismo mudou. Viemos de uma era muito longa de capitalismo de shareholder, em que o lucro das empresas era o único objetivo. Hoje estamos numa transição para um capitalismo de stakeholder, onde todos precisam ser contemplados”, resume Fabio Alperowitch, diretor da Fama Investimentos.

Pesquisa da Harward Business School, denominada: “What customers need to hear from you during the COVID crisis” (O que os clientes precisam ouvir de você durante a crise da COVID) demonstra que, 90% dos consumidores preferem as marcas dispostas a sofrer perdas financeiras substanciais para garantir o bem-estar e a segurança financeira das pessoas. “A principal expectativa que os consumidores têm das marcas em qualquer situação, mas particularmente em uma crise, é que as marcas façam o que é certo para seus funcionários, fornecedores, clientes e a sociedade em geral, sem levar em conta quanto isso custará”, afirma o documento. Segundo o levantamento, 71% dos entrevistados afirmaram que marcas e empresas que venham colocar seus lucros diante das pessoas durante a crise perderiam sua confiança para sempre.

Empresas que tomaram a postura de defender o fim da quarentena por conta do problema econômico gerado, sem levar em consideração a importância desta medida como forma de resguardar a saúde da população, caíram no descrédito mencionado por Benjamin Franklin e já sentem as consequências negativas. Este foi o caso no Brasil do restaurante Madero. O dono da rede de alimentação, Junior Durski, publicou no dia 23 de março último um vídeo em sua conta do Instagram. Nele, o empresário afirma que o país não pode parar "por cinco ou sete mil mortes", pois os danos econômicos serão maiores do que as mortes que o vírus pode vir a causar. Como consequência, internautas lançaram campanhas de boicote à rede. A #MaderoNuncaMais se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Recentemente, o Madero demitiu mais de 600 funcionários.

O caso Madero ilustra na prática a importância do ESG (Environmental, Social and Governance) ou ASG (Ambiental, Social e Governança). Para Sônia Favaretto, presidente do Conselho Consultivo da GRI Brasil, é preciso adicionar mais um “E” à sigla. Em suma, o econômico não deve andar em paralelo, as empresas precisam considerar todos os pilares em sua estratégia e não apenas no discurso. “Agora é acelerar o como implantar toda essa agenda interligada”, declarou.

Para Sônia, a atual conjuntura é de questionamentos. “Como esta crise mudará a estratégia das empresas? É um momento de dilema, de pressão e dúvidas. Ninguém tem as respostas. E, para cada empresa, a circunstância é diferente”, disse durante a webinar: A abordagem da COVID-19 nas informações ESG. Vai na mesma direção recente relatório do Morgan Stanley. Os economistas da instituição destacam que as empresas não têm respostas fáceis para equilibrar as necessidades de funcionários, clientes, investidores e sociedade. Na verdade, muito pelo contrário: as ações corretas podem variar materialmente entre os setores e serem influenciadas por uma série de fatores: mudanças na demanda de produtos, paralisações impostas pelo governo, flexibilidade da força de trabalho e nível de apoio à política fiscal , entre outros.

ASG no DNA
O estudo “Confiança nas Marcas e a Pandemia do Coronavírus”, realizado pela agência global de comunicação Edelman, com 12 mil participantes, em 12 países, inclusive no Brasil, demonstra que, globalmente, 60% das pessoas têm recorrido às marcas que já confiavam. No Brasil, o índice é de 68%. E 46% dos brasileiros começaram a usar uma nova marca por causa da forma inovadora ou compassiva com que ela tem respondido ao surto do vírus, versus 37% da população global. Como resultado, a qualidade da resposta de uma marca à crise terá um impacto enorme na propensão de compra de 76% dos brasileiros, assim como as companhias que colocam seus lucros acima das pessoas durante a crise perderão a confiança, possivelmente para sempre.

A postura do consumidor mostra a necessidade de colocar os pilares ASG no DNA das empresas. Muitas companhias perceberam isso e adotaram movimento oposto ao do Madero. Cerca de 100 organizações assinaram manifesto de compromisso de manter os postos de trabalho pelo menos até o final de maio. O movimento faz parte do site “Não demita!”. O documento afirma que "a primeira responsabilidade social de uma companhia é retribuir à sociedade o que ela proporciona a você - começando pelas pessoas que dedicam suas vidas, todo dia, ao sucesso do seu negócio".

Em depoimento, Sérgio Rial, presidente do Santander Brasil lembra que há uma chance real de fazer a diferença para a sociedade. “São adesões voluntárias de organizações conscientes do seu papel social. Obviamente, com caixa suficiente para honrar seus compromissos neste momento desafiador”. Em uma live realizada pelo banco em abril, o executivo lembrou do papel do sistema financeiro no momento atual: “Nós, brasileiros, não temos condições de salvar todos os setores, há empresas que deixarão de existir. Apesar disso, há um diálogo produtivo entre o sistema financeiro e o governo para tentarmos procurar soluções para os setores”, afirma.

O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, também faz parte do movimento e se comprometeu a não demitir nenhum de seus colaboradores sem que haja justa causa. Praticamente toda a área administrativa agora está trabalhando em regime de home office e parte das agências foram fechadas temporariamente por conta de decretos ou risco de contaminação. Cerca de 40 mil colaboradores estão trabalhando remotamente e o 13º salário foi adiantado. Os funcionários que atuam diretamente no atendimento a clientes estão trabalhando em regime de rodízio e o grupo de risco está afastado.

Além disso, a instituição doou mais de R$ 1 bilhão para o combate ao COVID-19 e anunciou uma série de medidas para auxiliar tanto pessoas físicas quanto jurídicas com linhas de crédito alongadas. “A gente se vê como parte integrante para ajudar na solução do problema, tanto em relação a clientes, como fornecedores e colaboradores. Estamos preocupados com todos os stakeholders”, diz Geraldo Soares, superintendente de RI do Itaú-Unibanco.

A crise tem se tornado um fator impulsionador do aprimoramento das práticas de sustentabilidade e governança corporativa. “A crise reforça a necessidade de trabalhar a sustentabilidade de forma transversal à toda gestão e como um componente estratégico do negócio”, ressalta Luiz Henrique de Mello, superintendente de Sustentabilidade Empresarial e Governança Corporativa da COPEL - Companhia Paranaense de Energia. Ele explica que, mesmo antes da crise, já apresentava como sua missão “prover energia e soluções para o desenvolvimento com sustentabilidade”.

“Trabalhar cada vez mais esse conceito e a interdependência entre eficiência operacional e o desenvolvimento sustentável, empenhando-se na redução de custos e na busca por oportunidades de geração de valor por meio de inovação e desenvolvimento de produtos e serviços com atributos socioambientais, como por exemplo, estimular a eficiência energética, torna a companhia mais próspera e saudável financeiramente, permitindo que ao final da crise ela esteja mais fortalecida”, complementa. Segundo o executivo, o reflexo é a melhor percepção de valor por parte dos investidores e de toda a comunidade envolvida, os quais desejarão cada vez mais se relacionar com empresas que conjugam bons resultados econômico-financeiros com responsabilidade social e ambiental, ancoradas por políticas e estruturas robustas de governança.

Em julgamento
Mesmo antes do surto do Coronavírus, mais investidores estavam olhando para as empresas sob as lentes de práticas Ambientais, Sociais e de Governança (ASG). Mas agora, as decisões corporativas sobre capital humano, clientes e sociedade durante a pandemia do COVID-19 podem ter um peso maior. À medida que as empresas enfrentam o julgamento da sociedade durante a crise, os fatores ASG serão uma camada-chave de diligência na avaliação de um investimento. Os investidores tanto pessoas físicas quanto institucionais também estão atentos à essas decisões.

O Banco Morgan Stanley, detalha que a pandemia do Coronavírus colocará mais empresas sob escrutínio por decisões que impactam funcionários, clientes e sociedade. A pandemia cria uma crise de saúde pública e econômica de proporções sem precedentes e os investidores desejam considerar como esse truísmo se aplica à estratégia de mercado. "O comportamento corporativo em um momento de crise - tanto na forma como as empresas tratam funcionários e clientes, quanto seu impacto na sociedade em um momento de necessidade - pode ter implicações duradouras, positivas e negativas", diz Jessica Alsford, chefe de pesquisa de sustentabilidade da Morgan Stanley. Tais fatores podem estar ligados ao desempenho e aos retornos a longo prazo".

Soares lembra que não é possível mensurar o impacto apenas do Coronavírus nas atividades, já que todos os setores foram afetados. “É uma crise que, pela primeira vez afeta a todos e muda o comportamento do consumidor. Por isso a sociedade espera uma transparência da empresa sobre o que ela está fazendo com relação a seus stakeholders. É preciso provar realmente que sua empresa tem foco na sustentabilidade”, destaca.

O ICCR (Interfaith Center of Corporate Responsability) lançou a “Declaração do Investidor na resposta ao Coronavírus”. Ao todo, 314 investidores institucionais de longo prazo, representando mais de US$ 9 trilhões em ativos administrados com exposição global nos mercados de capitais assinaram o documento. “Reconhecemos que a viabilidade a longo prazo das empresas nas quais investimos está intrinsecamente ligada ao bem-estar de seus stakeholders, incluindo funcionários, fornecedores, clientes e as comunidades em que operam”, diz o manifesto. 

O ICCR destaca que a pandemia sobrecarregará todos os sistemas sociais e financeiros globais. “A perspectiva de um desemprego generalizado exacerbará a crise e apresentará graves riscos à estabilidade social básica e aos mercados financeiros. Por fim, diante da crise humanitária global, todos nos beneficiamos ao nos unirmos”, diz o documento.

O manifesto contém 5 pilares que envolvem todos os stakeholders com medidas como licença remunerada, prioridade à saúde e segurança dos colaboradores, manutenção do emprego e das relações com fornecedores e clientes e prudência financeira. “Durante esse período de estresse no mercado, esperamos o mais alto nível de gestão e responsabilidade financeira ética. Como investidores responsáveis, reconhecemos que isso pode incluir as empresas que suspendem as recompras de ações e demonstram apoio às dificuldades de seus grupos constituintes, limitando as remunerações dos executivos e da alta administração durante a crise”, resume ao observar que as empresas podem e devem ir além das recomendações.

No Brasil, a postura das assets e fundos de pensão ao olhar para as empresas sob o guarda-chuva ASG é menos exigente quando comparada aos institucionais do mercado internacional. “Por muito tempo eles mantiveram uma posição muito forte em títulos públicos por conta dos juros elevados. Isso afastou esses investidores de uma prática de relacionamento de equity nas suas carteiras. Por isso não havia tanto engajamento. Já os outros investidores institucionais que têm base de clientes fora do Brasil, são muito demandados para prestarem informações sobre as empresas investidas”, explicou Fábio Coelho, presidente da AMEC (Associação de Investidores no Mercado de Capitais) no webinar: “ESG antes, durante e após a COVID-19”, realizada pela CFA Society Brazil.

Segundo ele, agora o movimento de entender a importância de um analista ESG tem se intensificado no Brasil, mesmo nas assets de menor porte. “Seja porque perceberam que este tema é muito relevante do ponto de vista do médio-longo prazo, seja porque estão sendo demandados pela base de investidores. Pelo amor ou pela dor”, complementa ao lembrar que os investimentos dos fundos de pensão e de diversas assets é de muito longo prazo. “A expectativa para 2020 era de que o assunto ganhasse relevância e está ganhando, mas não da maneira como a gente imaginava”, avalia.

Segundo Marcelo Seraphim, Head do PRI (Princípios para o Investimento Responsável, no Brasil) o investimento responsável no Brasil vem ganhando força. O número de signatários PRI aumentou 28% do ano passado para cá. “Isso já dá uma dimensão de que o mercado tem visto isso de forma mais séria, o que é uma tendência mundial. Nos EUA, o aumento foi de mais de 100%, apesar da anti-agenda que o governo Trump tem adotado. Tal fato é um sinal de que esta agenda é dirigida pelo mercado que começou a ver valor nisso”, observa.

Para Mello, da Copel, o posicionamento de grandes fundos e investidores institucionais, dada as suas representatividades no mercado financeiro, sempre foram importantes para a tomada de decisões corporativas. “Tais posicionamentos, quando se alinham com as diretrizes das companhias, podem ser um vetor para a transformação ou o aprimoramento do modelo de negócios das empresas. A partir disso, a gestão pode ser estimulada a atender novas expectativas que agreguem valor a todos os stakeholders”, ressalta.

A história das crises econômicas traz um paralelo com avanços em diversas áreas, e não é diferente com o mercado de capitais, em especial no que se refere à evolução dos temas sustentabilidade empresarial, governança corporativa e transparência das informações. “A crise atual, sem dúvidas, é um teste desafiador para a robustez da governança corporativa e dos fundamentos de sustentabilidade empresarial com vistas à perenidade do negócio. Naturalmente, surgirão possibilidades de melhorias e fortalecimento dos processos, os quais serão também identificados pelos investidores que passarão a cobrar mais solidez das empresas com vistas ao médio e longo prazo, incorporando, talvez definitivamente, os conceitos de ESG”, defende o superintendente da Copel.

Para a RI da Energisa, Déborah Nunes, a estratégia deve estar orientada para uma agenda com ações que visam proteger o meio ambiente e gerar valor compartilhado com as comunidades onde estamos presentes. “Logo no início da crise do Coronavírus, criamos o movimento “Energia do Bem” para atuar de forma ordenada e planejada nos territórios de nossa atuação. Sabemos que os desafios são muitos e urgentes. Assim, buscamos alinhar nossas operações e planos de crescimento ao marco de referências no campo da sustentabilidade para responder aos desafios de um novo cenário global”, conta.

A empresa pertence ao segmento de distribuição de energia, que é a ponta de arrecadação de quase todos os agentes desse setor elétrico, isto é, transmissores e geradores. Através de decreto federal específico, o segmento residencial e determinados consumidores foram classificados como serviços essenciais, como por exemplo, hospitais, clínicas, supermercados e farmácias.

Para estes consumidores, a regulação proibiu temporariamente o corte de energia por inadimplência, uma das principais ferramentas de manutenção da adimplência pelas distribuidoras, o que gerou uma redução na arrecadação. Associado ao isolamento social, diversos negócios, seja no segmento comercial ou industrial, tiveram reduções de suas atividades, gerando redução de demanda por energia elétrica. No país, considerando o mês de abril desse ano em comparação a abril 2019, o resultado foi de queda de volume da ordem de 13%.

A própria natureza da impossibilidade de corte de energia temporária, reflete a necessidade de recomposição da inadimplência forçosa e para manutenção dos contratos de transmissão e compra de energia, a despeito de uma queda de mercado não antecipada e fora do curso normal dos negócios. “Em função desta proteção relativa, que depende de atos do poder concedente, os investidores mantêm uma visão de segurança de investimento para o segmento do setor elétrico como um todo. Diante deste cenário, a melhor forma de lidar com o investidor e outros agentes interessados é manter a transparência das informações passíveis de divulgação, estando a área de Relações com Investidores disponível ao mercado para mais esclarecimentos”, explica.

Transparência
A perda de valor de mercado das companhias abertas ocorre em diferentes intensidades e, para que a conta correta seja feita, é preciso manter a transparência sobre os impactos da COVID-19 nos resultados econômicos, além das ações tomadas para mitigar tais consequências também no âmbito social.

As Superintendências de Normas Contábeis e de Auditoria (SNC) e de Relações com Empresas (SEP) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgaram orientações sobre os efeitos do Coronavírus nas Demonstrações Financeiras das Companhias Abertas. De acordo com o documento, é preciso considerar, cuidadosamente, os impactos do COVID-19 em seus negócios e reportar nas demonstrações financeiras os principais riscos e incertezas advindos dessa análise, observadas as normas contábeis e de auditoria aplicáveis.

“Apesar da difícil tarefa de quantificação monetária dos impactos futuros, é necessário que as companhias e seus auditores, cada qual exercendo o seu papel, empenhem os melhores esforços para prover informações que espelhem a realidade econômica”, explica José Carlos Bezerra da Silva, superintendente da SNC. Adicionalmente, é recomendado que as companhias avaliem, em cada caso, a necessidade de divulgação de fato relevante e de projeções e estimativas relacionadas aos riscos do COVID-19 na elaboração do formulário de referência. 

Mas, não são apenas os números financeiros que devem ser destacados e sim a estratégia da empresa como um todo. “Se não dermos transparência, apresentando um pouco da cultura e de como as decisões são tomadas, não estamos fazendo o trabalho de mostrar aos investidores o que a empresa é. A empresa é muito mais do que os números propriamente ditos. O investidor quer saber como a empresa vai se portar em determinadas circunstâncias. Há diferença entre o discurso e a prática”, ressalta Alperowitch.

O COVID-19, dado o tamanho dos impactos em todas as esferas da economia mundial, os quais ainda não foram totalmente mensurados, precisa ser abordado de maneira transversal em relação a todos os temas que materialmente afetam a capacidade da organização em criar valor ao longo do tempo.

“Nesse sentido, estamos falando em Governança Corporativa, eficiência operacional, desempenho econômico-financeiro, gestão de riscos, ambiente regulatório, gestão de pessoas e satisfação dos clientes. Há que se fazer um minucioso trabalho de análise para identificar como a pandemia do COVID-19 afeta estes temas e, por consequência, a estratégia da organização para a criação de valor no curto, médio e longo prazo. As companhias, mais do que nunca, precisam focar em ações e compromissos ancorados em sustentabilidade empresarial e ter uma visão holística dos desafios, riscos e oportunidades da organização”, resume Mello.

A Energisa criou a “Governança de Crise” em meados de março deste ano, para deliberações estratégicas envolvendo a alta gestão e criação de 4 frentes de trabalho para operacionalização da contingência, divididos em quatro eixos: Proteção de Colaboradores, Operações e Suprimentos, Clientes e Sociedades, e Estratégico/Financeiros. Todas essas frentes de trabalho são acompanhadas diariamente e orientam as ações da empresa nesse contexto de mudança. “Temos o compromisso em manter nossa postura proativa na gestão dos negócios para manter a saúde financeira da companhia, nossos funcionários seguros, e nossos clientes supridos pelos serviços essenciais que prestamos”, afirma Deborah.

Relatório Anual
Uma das questões debatidas no mercado é se a empresa deve ou não abordar os impactos da COVID-19 já em seu relatório de 2019. Apesar de o período relatado não ter sido afetado pela pandemia, a recomendação dos especialistas é, ao menos, falar sobre a questão na carta do CEO ou em disclaimer. “O relato é de 2019, mas está acontecendo agora. É importante dar transparência e os relatos serão cruciais para refletir sobre esse momento. É a reflexão de um período. Os relatos vão fazer a diferença para refletirmos sobre esse momento”, observa Sônia Favaretto.

Ela afirma que cada empresa deve olhar a sua realidade. “Não há nada de errado em não relatar no relatório encerrado em 2019, pois a COVID-19 é um fato de 2020. Eu faria ao menos um disclaimer de que o documento não traz os impactos. O fato é muito forte para não ser tratado de jeito nenhum. Ao menos na carta do presidente, eu mencionaria algo para não parecer um documento alienígena que sai em um período que mudou a vida de todo mundo”, recomenda.

Para Mello, os Relatos de Sustentabilidade têm participação relevante na tomada de decisão de investidores, principalmente à medida que congregue aspectos ambientais, sociais e de governança. “É muito importante que seja contextualizado o cenário da COVID-19, os potenciais impactos na companhia e, se possível, abordar os impactos já mensurados no momento da publicação, integrando as informações econômico-financeiras com os aspectos ambientais, sociais e de governança. É fundamental incluir informações quanto as medidas adotadas em relação a empregados, público externo, manutenção de serviços essenciais; bem como, descrever as medidas regulatórias que afetam direta ou indiretamente as atividades, correlacionando-as com os temas considerados essenciais no negócio e que possam afetar sua perenidade e a consistência de seus resultados”, afirma. 

Segundo Deborah, em tempos de crise, nossas atitudes devem refletir os valores da empresa e sua missão, que possui a sustentabilidade como um dos focos de suas ações. A pandemia desafia as empresas a se posicionarem de uma forma mais clara e ter noções-chave como transparência, inovação e credibilidade, que são pilares importantes nessa comunicação com os nossos stakeholders, e não seria diferente no relato de nossas atividades e resultados, refletido também em nosso relatório de sustentabilidade.


Continua...