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A 16ª edição do Relatório de Riscos Globais trouxe os riscos ambientais no topo da lista dos principais na próxima década, tanto em impacto, quanto em probabilidade de ocorrer. O relatório é divulgado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) e ganhou ainda mais repercussão por, em edições anteriores, ter apontado o risco de uma epidemia global. O cenário, que anos atrás parecia improvável e até apocalíptico, virou realidade. E não são poucos os dados que sinalizem que os riscos ambientais devem entrar de vez no radar da sociedade – não apenas nas rodas de discussão, mas com engajamento e comprometimento em torno de ações que nos levem a mudanças efetivas.
No pacote dos riscos ambientais há um que merece destaque: as mudanças climáticas, a mãe de diversas outras crises. As mudanças climáticas estão diretamente interligadas a riscos atrelados a recursos naturais (como a água), perda de biodiversidade e problemas sociais, como o aumento da desigualdade. A lista é muito maior, mas o fato é que a mudança climática deve estar no radar de todos nós.
O enfrentamento da emergência climática é tão urgente que enseja também a transição acelerada para um novo modelo de negócios. Por isso, o IBGC, em colaboração com o WEF, passa a liderar o Chapter Zero Brazil - uma rede global de organizações independentes que mobiliza conselheiros para abordar o desafio da mudança climática em conselhos de administração. Esse programa já acontece na Itália, Reino Unido, Malásia, Rússia, Suíça, Canadá e França. Em março foi lançado no Brasil e em mais cinco países. Até o final do ano seremos uma rede de 25 países trocando as melhores práticas sobre como transformar os negócios das empresas visando reduzir seus impactos.
O Chapter Zero nasceu em 2019, com apoio do Fórum Econômico Mundial. A iniciativa tem como propósito capacitar líderes para se envolverem efetivamente em um debate estratégico sobre o desafio climático para seus negócios e como eles contribuirão para alcançar a meta de zerar as emissões de carbono até 2050.
Para que isso se torne realidade, é preciso reduzir as emissões causadas pela atividade humana – como as de veículos e fábricas movidas a combustíveis fósseis, por exemplo. Depois disso, quaisquer emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) restantes seriam equilibradas com uma quantidade equivalente de remoção de carbono – por exemplo, restaurando florestas ou por meio da tecnologia de captura e armazenamento direto do ar. O conceito de emissões líquidas zero é semelhante à "neutralidade climática".
O Chapter Zero visa sensibilizar, desenvolver repertório e instrumentalizar conselheiros de administração e agentes de governança (investidores, sócios, conselheiros e executivos) quanto à relevância estratégica e à urgência do tema “mudanças climáticas” na geração de valor e seus impactos na sustentabilidade dos negócios. E, aqui, cabe um adendo. Não haverá negócio imune a esses efeitos.
Temos que começar pela conscientização. Mesmo em pauta há anos, as ações efetivas em relação às mudanças climáticas ainda estão aquém do esperado e os conselheiros de administração têm papel-chave nesse processo de transformação, incluindo o tema no planejamento estratégico e no desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços.
A temática ASG, acrônimo para Ambiental, Social e Governança (ou ESG, na sigla em inglês) invade todas as áreas de negócios da organização, juntamente ao processo de inovação da empresa. É o chamado “innovability” ou sociedade 5.0, conceitos emergentes que visam trazer soluções por meio da inovação, para que as empresas desenvolvam produtos e serviços sem a emissão de gases de efeito estufa, sempre em busca do bem-estar e da longevidade da sociedade como um todo.
É preciso tratar a questão das mudanças climáticas sob o aspecto do risco e da inovação, de forma que esteja inserida transversalmente no planejamento estratégico, com metas e indicadores alinhados para todas as áreas e esteja inserida no programa de reconhecimento e remuneração das organizações.
A agenda ambiental é uma decisão estratégica e é sempre possível dar o primeiro passo.
Nota: Para saber mais sobre o Chapter Zero Brazil | The IBGC Climate Forum, acesse: https://ibgc.org.br/chapterzerobrazil
Valeria Café
é diretora de Vocalização e Influência do IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
comunicacao@ibgc.org.br