Conjuntura Econômica

"BBB-": S&P REBAIXA NOTA DE CRÉDITO DO BRASIL

Se o ano de 2014 já se configurava difícil em termos de inflação, baixo crescimento e perspectivas ruins para o setor externo, as dificuldades ficaram agora ainda maiores. No último dia 24 de março, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito soberano do Brasil, que reflete a confiança de investir no país, de "BBB" para "BBB-". A S&P também mudou a perspectiva do rating de negativa para estável.

A nova classificação ainda mantém o país com grau de investimento, o que o recomenda como destino de aplicações, mas é o último degrau para perder esse posto. Em sua justificativa, a Standard & Poor\'s apontou “sinais pouco claros da política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff, que enfrenta um frágil quadro fiscal, e também a desaceleração do crescimento do país”. Em comunicado, a S&P disse que o rebaixamento do rating reflete a combinação de "derrapagem orçamentária" em meio às perspectivas de "crescimento moderado nos próximos anos", baixo volume de investimentos, "capacidade restrita" a ajustar a política antes das eleições presidenciais de outubro e "algum enfraquecimento das contas externas do país".

Segundo Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora, com o rebaixamento, o Brasil será objeto de maior rigor na seletividade por parte dos investidores estrangeiros. “A decisão da S&P coloca o governo brasileiro numa ‘camisa de força’ em relação à gestão, quase que o condicionando ao cumprimento das metas de rigor fiscal e gastos anunciados recentemente, sob risco de no ano que vem ser penalizado com a perda do grau de investimentos se não obter sucesso”, afirma.

De acordo com Alexandre Espirito Santo, economista da Simplific Pavarini e professor do Ibmec-RJ, desde o final do ano passado, o mercado já embutia nos preços dos ativos, na prática, prêmios de um país com nota BBB-. “O que ocorreu, agora, foi uma simples confirmação daquilo que a maioria já havia antecipado. A única surpresa (se houve) foi o timing, pois muitos aguardavam tal decisão para depois das eleições de outubro”, explica.

Em junho de 2013, a S&P havia indicado que poderia cortar a nota de crédito do Brasil quando revisou a perspectiva do rating de "estável" para "negativa". No entanto, o governo desconsiderou os alertas para melhorar a qualidade da sua política macroeconômica. “Não podemos mais nos dar ao desfrute de ignorar os avisos”, recomenda o economista.


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