Na edição comemorativa dos 16 anos desta conceituada revista, tivemos a oportunidade de inaugurar a nova coluna que introduziu o conceito de orquestra societária. Como então prometido, abordaremos, neste espaço, temas que contribuirão para reflexões interessantes sobre práticas organizacionais e sobre como performar de forma harmoniosa e proveitosa, considerando os diversos públicos envolvidos no sucesso de uma organização.
Neste artigo, defendemos a ideia de que, contrariamente ao axioma matemático de que ordem dos fatores de uma soma ou multiplicação não altera o valor do respectivo produto, na administração organizacional, a lógica é inversa. O alinhamento, palavra-chave fundamentalmente associada ao conceito de orquestra societária, requer lógica e sequência. O que isso significa?
Significa que o alinhamento de uma organização para a qual se pretenda alcançar um determinado status em algum momento futuro requer que isso seja feito por meio de grandes etapas sequenciais, representadas na figura a seguir:
Com respeito à figura 1, observa-se:
1) O sistema organizacional começa a viabilizar-se pelo alinhamento entre os proprietários e os administradores da organização, uma das premissas clássicas de governança. Supõe-se, aqui, que exista alinhamento entre proprietários (o que nem sempre é verdade, conforme abordaremos em futuro artigo).
2) A partir desse alinhamento inicial, emerge a estratégia organizacional. A palavra estratégia constitui um constructo, ou seja, uma categoria que, para ser plenamente compreendida, requer o estudo de diversas teorias. Estratégia pode significar múltiplas visões e o seu pleno estudo requer que se conheçam as principais obras associadas a cada visão (o livro Safari da Estratégia, dos autores Joseph Lampel e Henry Mintzberg, permite navegar por múltiplas visões estratégicas). Para fins do presente artigo, definiremos estratégia como um caminho de sucesso, que permite à organização sair do status 1 (presente) e alcançar o status 2 (futuro).
3) Da definição da estratégia organizacional, derivam os demais elementos que compõem, em conjunto com a própria estratégia, a arquitetura ou desenho da organização (seu projeto, assim como aviões, automóveis ou edificações têm projetos): os processos e a estrutura, as pessoas e o sistema de recompensas organizacional.
4) A estratégia reside, portanto, no epicentro do modelo representado na figura anteriormente apresentada, colocando-se, portanto, entre o presente e o futuro, bem como entre os proprietários e administradores e os processos, a estrutura, as pessoas e o sistema de recompensas.
5) A definição da estratégia não consegue, per se, fazer com que a organização evolua do presente ao futuro. É necessário fazer o link entre esta e os demais elementos da arquitetura organizacional, de maneira que se possa adequar essa arquitetura às necessidades que o futuro impõe. Dessa forma, torna-se necessário criar um modelo de gestão.