Bons contratos societários incluem, já no início do negócio, alternativas para o caso de ele não dar certo e para uma possível saída de um dos sócios. Seria sinal de negatividade? “Não”, pode responder o leitor. “É extremamente plausível prevenir-se para tais situações”. Pois bem, usamos a razão quando se trata de nossas vidas profissionais. Mas e na vida pessoal? Costumamos também avaliar possibilidades e nos precaver? A resposta é: raramente.
Assim como uma empresa embrionária, o casamento é uma união entre pessoas com objetivos em comum, com muitos sonhos e expectativas. Um momento que em geral envolve dois jovens apaixonados, com os cérebros inundados por ocitocina. Ao decidir se casar, eles acreditam que viverão felizes para sempre, até que a morte os separe. Pensar em dividir um patrimônio, que na maioria das vezes ainda não foi formado, é o último item na lista para a grande festa – até porque eles estão certos que o casamento vai mesmo durar para sempre.
Infelizmente, o sentimento que prevalece no emocional dos jovens noivos não sobrevive a uma análise mais racional. As estatísticas mostram que cada vez menos casamentos duram “até que a morte os separe”. Segundo pesquisa do IBGE, na última década o tempo de duração média dos casamentos caiu de 17 para 15 anos.
Casamentos que nunca terminam
A melhor forma de conduzir uma separação é pensar sobre ela antes do casamento. Um casamento com separação total de bens permite que, enquanto ainda se tratam por “meu bem”, os cônjuges discutam uma possível dissolução dos bens. Tanto aqueles que já existem quanto os que porventura venham existir. Mas a paixão e a empolgação costumam cegar para esta possibilidade.
Quando ocorre um divórcio, o casal que manteve entre si canais abertos de diálogo, empatia e racionalidade tem chances elevadas de estabelecer um acordo que preserve os patrimônios construídos ao longo dos anos de convivência. E, principalmente, estabelece condições para uma convivência mútua em um novo patamar – até porque, sempre é bom lembrar, um casamento que gera filhos jamais termina completamente.
Uma separação envolve, portanto, muito mais que dinheiro. Prejudicar o patrimônio de uma das partes pode ter reflexo na vida dos filhos, que acabam sendo as grandes vítimas do processo. Afastar um pouco a emoção na hora de discutir essa importante questão sempre ajuda.