Empresa Familiar

QUANTOS CONSELHOS PRECISAMOS EM UMA EMPRESA FAMILIAR?

A constituição de um Conselho na empresa é uma grande decisão a ser tomada pela família empresária. Representa um importante passo para o processo de profissionalização da gestão e a construção de uma importante baliza da governança corporativa da sociedade. Além disso, um Conselho integrado pelos sócios pode solidificar a união dos membros da família em torno de seu maior bem patrimonial: a empresa.

O Conselho também pode ser o primeiro patamar de ingresso na empresa dos futuros herdeiros. Nele, os jovens vivenciarão pela primeira vez o pulsar estratégico e tático dos negócios e a discussão em torno dos desafios e problemas que se apresentam. Também, no Conselho, os jovens poderão ser observados em relação à sua personalidade, seu interesse e vocação em relação aos negócios.

Muitos terão perfil para trabalhar na empresa da família e outros seguirão outros rumos profissionais, mas todos os herdeiros serão sócios no futuro e deverão acompanhar de uma ou outra forma os rumos que as atividades tomarão. Podemos concluir que a formação de um Conselho pela família empresária é algo muito sensato e positivo, não importando o tamanho do negócio.

Não existe um momento exato para se formar um Conselho. Ele deverá ser constituído quando os principais sócios sentirem a necessidade de dar este passo. E isto acontece em momentos diversos da fase de vida dos membros da família empresária. Por vezes os filhos já são adultos e atuam profissionalmente na empresa. Por vezes ainda são menores e assim por diante. Alguns já podem ter uma participação na sociedade e outros não. Cada caso é um caso.

Trabalhando com as famílias, surge inúmeras vezes a pergunta: devemos além do Conselho formar também um Conselho de família? Pessoalmente acho muito interessante que as famílias formem um grêmio para discutir apenas seus assuntos. A pauta pode ser extensa, de discussões sobre formação acadêmica, carreira profissional, evolução do patrimônio familiar, visão estratégica dos negócios, crenças e valores e assim por diante. No caso de termos empresas onde algumas famílias são sócias, cada núcleo familiar deveria ter o seu Conselho. Para que os encontros aconteçam de tempos em tempos uma certa disciplina é necessário. Algumas famílias contratam uma pessoa de fora para coordenar, acompanhar e secretariar as reuniões.

A vantagem deste modelo é que assuntos de interesse da família são debatidos em seu âmbito e não nas reuniões de Conselho da empresa, onde somente assuntos empresariais deveriam ser tratados. Dependendo do nível de atribuições do Conselho de família, este poderá ser gradativamente transformado no “escritório da família“ ou Family Office como é conhecido. Mas é claro que o escritório nunca irá substituir as reuniões entre os membros da família empresária.

Por fim, existe um caso onde apenas um Conselho é suficiente. É quando todos os membros da família estão na gestão dos negócios e reuniões de diretoria e Conselho se sobrepõem ou a figura de um conselheiro independente ou externo ainda não faz parte do conselho.

A partir do momento em que uma pessoa de fora participa do Conselho é recomendado que dois conselhos façam parte do organograma, ou seja: um Conselho da empresa e um Conselho da família. 

Thomas Lanz
é fundador da Thomas Lanz Consultores Associados, empresa especializada em governança corporativa, gestão de empresas médias e grandes no Brasil.
tlanzconsultores@gmail.com 


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