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A GOVERNANÇA CORPORATIVA QUE INSPIRA, INCLUI E TRANSFORMA por Pedro Melo

Há 25 anos, quando o IBGC era fundado, poucos conheciam o significado do termo governança corporativa e sua importância para a sociedade. O instituto nasceu com a ideia de fortalecer a atuação dos conselhos de administração - órgão estratégico de orientação, supervisão e controle nas empresas - visando diminuir eventuais questões que podem surgir na relação entre gestores e acionistas. Com o passar do tempo, as preocupações da governança se ampliaram. Passaram a envolver questões como as de propriedade, partes interessadas e questões ambientais e sociais, dentre outras.

A evolução segue em marcha. Vimos, ao longo dos anos, como alguns desastres empresariais acabaram por impulsionar aperfeiçoamentos. A cada percalço, mais a cultura da governança amadureceu, mais aperfeiçoamentos regulatórios e autorregulatórios tivemos.

O momento pelo qual passamos, desafiador em escala global, indica que podemos dar mais um salto. A crise agravada pela pandemia de Covid-19 evidenciou que não se preocupar com governança é um risco para todas as organizações.

Hoje, podemos dizer que a governança deve conciliar resultados financeiros com princípios éticos e atuação socialmente responsável. As empresas devem ser utilizadas para promover o bem-estar da sociedade – cada vez mais atenta e exigente. Até alguns anos atrás, vale lembrar, o cenário era outro. Trabalhávamos norteados pela ideia de que a função da empresa era a de gerar riqueza para os sócios. Isso nos fez deixar em segundo plano o bem-estar das pessoas e menosprezar a utilização de recursos naturais.

Nos últimos meses ficou claro que as empresas que estavam mais bem estruturadas quanto às boas práticas de governança saíram em vantagem na maneira como lidaram com as adversidades. Estamos falando de organizações com conselhos bem formados e capazes de ajudar a diretoria e demais lideranças a tomarem decisões rápidas e eficientes visando não apenas o negócio, mas também a preservação das pessoas e do seu entorno. Não à toa, a pauta ASG, que engloba os aspectos ambiental, social e de governança emergiu com mais força do que nunca.

Por conta desses e de outros aprendizados, o IBGC comemora seus 25 anos neste mês de novembro celebrando o legado dos 36 precursores que fundaram o instituto e inúmeros colaboradores que nos trouxeram até aqui. A história do IBGC se confunde com a própria história da governança corporativa no Brasil. Vamos celebrar o passado, mas de olho no que temos pela frente. Os desafios são muitos.

As profundas mudanças pelas quais as empresas passaram em 2020 – por motivações econômicas, sociais e políticas – reforçam a necessidade da adoção de princípios e melhores práticas de governança corporativa. Me parece claro, portanto, que alguns temas estejam não apenas no radar de conselheiros de administração e diretores, além de outros agentes de governança, mas também sejam alvo de ações concretas.

O que podemos fazer quando o assunto é ética e integridade? Como estamos promovendo a diversidade e a inclusão e tratando das questões ambientais e sociais? Qual é o papel da inovação? Precisamos valorizar o diálogo aberto e construtivo sobre estas e outras questões para influenciar positivamente a sociedade.

O IBGC une sua voz àquelas que entendem que as empresas têm papel protagonista na resposta às aspirações humanas que vão além dos resultados econômicos e financeiros. Este é o nosso propósito: construir uma sociedade melhor com a disseminação de melhores práticas de governança corporativa.

Pedro Melo
é diretor geral do IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
comunicacao@ibgc.org.br