Pesquisa realizada pela Bravo Research ouviu executivos brasileiros para traçar a visão e tendências de investimento em um movimento global que hoje vale mais de US$ 30 trilhões.
O impacto causado pelos desdobramentos da pandemia da Covid-19 acelerou o debate dos temas relacionados ao ESG (Ecoambiental, Social e Governança) dentro das altas cúpulas empresariais e no empreendedorismo brasileiro. Essa é a conclusão de uma pesquisa inédita realizada pela Bravo Research, braço de Insights e Inteligência da Bravo GRC, consultoria em tecnologia especializada em Governança, Riscos, Compliance e ESG. O levantamento, que ouviu 139 executivos, a maioria C-level, de grandes e médias empresas de diferentes setores da economia, também mapeou os principais desafios que as organizações enfrentarão para aprofundar estratégias e iniciativas nesses campos.
“A necessidade de implementação e adoção dos aspectos ESG é cada vez maior. Com a conclusão da COP26, muitos dos temas que levarão à transformação do nosso futuro passam pelas práticas e estratégias adotadas pelas empresas, organizações e sociedade. Não há caminho fácil, mas ele tem de ser perseguido nas pequenas atitudes frequentes, pois assim alcançaremos resultados melhores e contínuos. A pesquisa traz luz sobre como tais medidas poderão ocorrer, especialmente nas corporações”, afirma Claudinei Elias, CEO da Bravo GRC.
Intitulada "Visão do Mercado Brasileiro sobre os Aspectos ESG", a pesquisa revela que 93% dos entrevistados afirmam que a temática e as boas práticas ESG, se devidamente exploradas, podem proporcionar ganhos reais e contribuir para a relevância de temáticas como a valorização da marca, fortalecimento de cultura, proximidade e conexão com clientes, consumidores, colaboradores e investidores.
“Pela relevância e necessidade do desdobramentos das frentes em ESG, a criação de uma área que teria a função de coordenação e integração dos projetos surge como uma tendência para as empresas. As corporações precisam emergir os dados e ações que refletem os valores e retornos em ESG” afirma Suelen Silva, Head de Research da Bravo GRC.
Apesar do entendimento da relevância e da tendência de investimentos no tema, 54% dos executivos revelam não possuir ainda uma área dedicada para tratar essa questão. Como resolver essa deficiência? Mais de 65% deles afirmam que o objetivo é a criação de uma divisão exclusiva e integral para tratar dos assuntos relacionados ao ESG e Sustentabilidade nos próximos dois anos.
Empresas que ainda não possuem área
ESG e pretendem criar nos próximos 2 anos
Outro indício de valorização da área é que dentre as empresas que já possuem uma divisão dedicada, 61% delas pretendem investir na contratação de fornecedores, parceiros, consultoria, treinamento ou tecnologia no curto prazo para alavancar as iniciativas ESG.
Range de Investimento médio anual previsto na contratação
de parceiro para implementação de soluções em ESG
As métricas financeiras já não são suficientes para medir os verdadeiros resultados e impactos das empresas, pois não levam em consideração os impactos na proteção do meio ambiente e na garantia do progresso social, não somente da própria empresa como de toda a cadeia de abastecimento e dos seus stakeholders. “Ainda que o ESG comece pela Governança, guardiã da imagem da empresa perante stakeholders, ele também impacta os riscos da organização, monitorados pelas áreas de riscos e pela Auditoria Interna, por isso é importante que todos tenham pleno conhecimento das responsabilidades que esse futuro trará”, observa Hugo Bethlem, CPO da Bravo GRC.
Sobre o papel das Relações com Investidores (RI) nesse campo, recentemente, o Instituto de Auditores Internos emitiu um relatório com os princípios básicos que devem fazer parte das responsabilidades da área de RI:
1) Avaliar a acurácia dos dados;
2) Consistência com os dados financeiros;
3) Trabalhos oficiais de ESG (internos e externos);
4) Recomendar métricas (fundamental para o acompanhamento e atingir os objetivos);
5) Determinar uma estrutura de controle para suportar ESG (atualmente usando a instrução COSO 2013).
O estágio das empresas e do investimento
A pesquisa aponta ainda diversos desafios com relação aos investimentos, mesmo dentro das organizações que já possuem uma área dedicada à Sustentabilidade. Por exemplo: 64% delas não souberam responder sobre uma possível faixa de valores e investimento em recursos. “Temos, de um lado, empresas bem encaminhadas nesse sentido, mas que não definiram um orçamento. Outras que ainda nem começaram ou carecem de maior maturidade no estabelecimento de áreas. Como alavancar projetos relacionados a temática ESG sem orçamento e organização é uma lacuna dentro das empresas”, explica Suelen Silva, que liderou a pesquisa sobre os aspectos ESG.
Ainda segundo a executiva, fica evidente a importância de um embasamento para se construir uma cultura forte e disseminada por todas as camadas da organização, atendendo anseios e deliberações de todos os stakeholders.
O primeiro passo para uma jornada Socioambiental e de Governança é assegurar que o alto escalão fale abertamente sobre o tema, demonstrando estar bem informado sobre as questões de ESG. Enquanto para 41% dos respondentes a alta direção já aborde o assunto, outros 66% indicam que o estágio atual ainda não é suficiente para que sintam reflexos práticos. Entre os desafios está a dificuldade da mensuração de resultados advindos das ações (64% declararam ter dificuldade no acompanhamento, inclusive tendo a tecnologia como carro-chefe dessas questões).
Ressalta-se que os aspectos qualitativos possuem maior peso do que os quantitativos, principalmente no início de uma jornada ESG. Por isso, questões de reposicionamento cultural, fortalecimento do propósito da organização, reestruturação e criação de novas áreas precisam estar bem estabelecidas. Neste ponto, consultorias com expertise não somente socioambiental, mas principalmente em Governança, têm papel crucial para auxiliar as escolhas e metodologias.
“Estamos todos interligados, interconectados, por isso é preciso estarmos muito atentos a como as companhias e negócios impactarão o futuro da sociedade e do planeta. É urgente tratarmos do tema e transformarmos a realidade para que possamos garantir a nossa própria existência no futuro”, conclui Claudinei Elias.