UMA EMPREENDEDORA NATA
Carol Paiffer, 35 anos, é cofundadora e CEO da Atom S/A, uma empresa de capital aberto na Bolsa de Valores - a maior mesa de trader e publicadora de conteúdos educacionais sobre educação financeira, mercado financeiro e empreendedorismo da América Latina. A empresária que atua no mercado financeiro desde 2005 é uma arrojada investidora no programa Shark Tank Brasil. Como empresária participante das edições de 2021, 2022 e agora 2023, já investiu em mais de 60 empresas dos mais diferentes segmentos. É também sócia do Instituto Êxito de Empreendedorismo (única mulher em meio a 33 homens) e fundadora do Êxito Ladies, braço feminino do projeto para incentivar outras mulheres a aprender sobre empreendedorismo e acelerar seus projetos.
Acompanhe a seguir, a ampla entrevista com a inspiradora Carol Paiffer - que, com formação em Administração de Empresas e mestrado em Educação e Tecnologia, é uma verdadeira empreendedora e educadora nata.
RI: Como CEO da Atom (B3: ATOM3), a maior empresa de traders da América Latina e investidora do Shark Tank Brasil, reality-show pioneiro de empreendedorismo do Sony Channel, qual é o seu propósito?
Carol Paiffer: Meu principal propósito é ajudar a transformar a educação financeira no nosso país. E por que eu falo ajudar a mudar? Porque acredito que ninguém faz nada sozinho. Tenho esse propósito muito claro dentro de mim por meio dos conteúdos que geramos na Atom e também pela minha participação no Shark Tank Brasil, porque ali a gente está falando sobre empreendedorismo, permitindo que as pessoas participem do programa e saiam com investimento, com seus sonhos sendo construídos junto com o Shark, mas no final também estamos falando sobre dinheiro. Ou seja, sobre educação financeira. Afinal, não existe educação financeira sem empreendedorismo. Então, fico muito feliz, de poder - por meio da minha empresa e das minhas atividades - levar essa mensagem.
RI: Você foi destaque da revista Money Times por conta do crescimento da Atom S/A e, em 2022, foi reconhecida pela Bloomberg Linea como uma das pessoas mais influentes da América Latina. Se pudesse recomeçar sua carreira hoje o que faria diferente?
Carol Paiffer: Os vários reconhecimentos e prêmios que recebi na minha carreira mostram que estou no caminho certo, que algo está sendo bem-feito. No caso da Bloomberg e do IBest, foram gratas surpresas. Se pudesse recomeçar a carreira, acho que não faria nada diferente, justamente por entender que encontrei um bom caminho. Creio que cada etapa da minha vida foi importante para o aprendizado e para me trazer até onde cheguei hoje. Tomei decisões e fiz movimentos que precisavam ser feitos ao longo desses 18 anos que atuo no mercado financeiro.
RI: Em agosto último, a B3 divulgou a 3ª edição do estudo “Mulheres em Ações” a partir de informações prestadas pelas companhias abertas, com o objetivo de mapear a evolução da diversidade no mercado brasileiro. O mapeamento foi feito com os dados de 343 empresas listadas que entregaram seus Formulários de Referência até o último dia 20 de junho. O retrato apresentado é o seguinte: 55% não têm mulheres entre seus diretores estatutários (em 2022, esse percentual era de 61%); 36% não têm mulheres no conselho de administração (em 2022 era de 37%); 29% têm apenas uma mulher na diretoria estatutária (eram 26% em 2022); 39% têm uma mulher entre os conselheiros de administração (em 2022 era de 38%); 7% têm três ou mais mulheres entre os diretores estatutários (eram 6% em 2022); e 7% têm três ou mais mulheres como conselheiras de administração (em 2022 eram 8%). Os números indicam uma evolução na participação feminina em diretoria estatutária, mas o quadro geral ainda é distante do ideal. Você faz história por ser a mulher mais nova a assumir a presidência de uma companhia aberta no país. Como você avalia esse cenário? Quem inspira você?
Carol Paiffer: Acho que esse é um caminho natural, porque cada vez mais as mulheres estão entrando em outras profissões e ocupando outros cargos. Também é muito importante dizer que muitas mulheres não se viam nessa posição e ainda não se veem na presidência. Em alguns momentos, eu até questionei algumas amigas minhas que têm todas as características e habilidades, mas não demonstram interesse de estar na linha de frente. Elas preferiam estar em cargos com menos exposição. Então, aos poucos, a mulher está ganhando mais confiança e assumindo papeis de liderança. Eu acabo me inspirando em grandes nomes do empreendedorismo, mas acho que vale reforçar que me inspiro em pessoas dentro da minha própria casa. Eu tive também exemplos de grandes mulheres, como as minhas avós, a minha mãe, que sempre foi uma grande empreendedora, e também a minha irmã, que é mais velha. Também tenho as figuras do meu pai e do meu irmão como grandes inspirações. Estou falando de inspirações não só no sentido de empreendedorismo e de negócios, mas de família, de se preocupar com as pessoas. Estar na liderança de uma empresa não é só se preocupar com o lucro, que é importantíssimo, mas também se preocupar com o perfil das pessoas que trabalham com você, considerando se elas de fato estão fazendo o que gostariam e se estão ocupando posições que gostariam.
RI: Segundo dados recentes da B3, o Brasil possui aproximadamente 5 milhões de investidores em ações o que representa apenas 2% da população nacional (ainda bem distante dos 57% do mesmo dado relacionado à população americana), tendo o país 84% da população bancarizada e R$ 999 bilhões alocados em poupança. Como a educação financeira na infância e na juventude pode impactar as gerações futuras, especialmente no nosso país?
Carol Paiffer: Esses são dados que eu adoro abordar nas minhas palestras. E é importante dizer que a gente já chegou ao ponto de ter mais gente na cadeia do que na bolsa de valores. Quando eu falo isso, pode até parecer uma piada, mas é uma verdade que espanta. E por que tudo isso? Primeiro, temos que reforçar que a educação financeira do brasileiro nunca ocorreu e que ele tem muito receio de falar sobre dinheiro. Temos muitas crenças sobre dinheiro, muitos traumas a respeito disso, como se o dinheiro fosse algo ruim. Gosto de enfatizar que dinheiro não é bom nem ruim, ele é só consequência do seu potencial bem aplicado. Onde você coloca potencial, você acaba trazendo resultado financeiro também. Agora, é óbvio que a educação financeira dentro das escolas colabora para que a mudemos esses traumas, mas eu acredito que não pode ser só dentro das escolas. Estamos vendo esse movimento agora de educação financeira obrigatória dentro das escolas. Eu estou colaborando por meio de um desenho animado: Clube do Téo Tourinho, que foi criado para entrar de graça nas escolas públicas. Então, não é para vender para o Governo, mas para entrar de graça nas escolas públicas, colaborando com o processo, levando o tema de uma forma leve, porque também não adianta falar sobre educação falando de matemática, “economês” e “financês” e ninguém entender nada ou achar chato. É importante dizer que tem que ter o envolvimento dos professores, que infelizmente também não tiveram educação financeira e que muitas vezes estão desmotivados e endividados. É importante também levar em conta os pais: porque de nada adianta implementar a cultura da educação financeira e a criança ou adolescente chegar em casa e não ter o exemplo. A relação com o dinheiro não é só técnica, ela também segue exemplos. Ou seja, eu posso falar tudo o que você deveria fazer, mas você fazer é outro estágio - e só vai acontecer quando se tem esse exemplo dentro de casa, quando convive com pessoas que têm o hábito de gerir bem o dinheiro e de falar sobre educação financeira. Então, é muito importante que a gente comece a falar sobre educação financeira dentro das escolas, para as crianças e jovens, mas também que eduque os adultos sobre isso e os coloque como responsáveis pela educação. A educação não é só dentro da sala de aula, todos nós somos educadores e temos a responsabilidade de colaborar para a disseminação do conhecimento.
RI: Como já mencionou, um dos dados mais emblemáticos de suas palestras é quando alerta o público que “até poucos anos, a população carcerária brasileira era maior que a quantidade de investidores em bolsa”. A B3 começou o ano de 2023 registrando recordes de investidores pessoas físicas, almejando alcançar em breve a marca de 6 milhões de CPFs cadastrados. Quais os principais cursos você recomenda para quem planeja conhecer e investir no mercado de capitais?
Carol Paiffer: É exatamente isso. A gente tem um número assustadoramente pequeno de pessoas investindo e também um número que mais me assusta que é o número de pessoas que apostam ou que já caíram em golpes de pirâmides. E é maior do que o número de investidores. Por quê? Não é que o brasileiro não tenha dinheiro, mas o que ele busca infelizmente é aquele resultado rápido - e não tem atalho para a educação financeira, não tem atalho para a construção de patrimônio: precisa primeiro ter conhecimento. Por meio do conhecimento, podemos tomar decisões melhores e não “cair numa furada” ou numa pirâmide financeira. O primeiro passo é se conscientizar da importância da educação e buscar conteúdos de profissionais do mercado. Também, infelizmente, com a internet, com o avanço do marketing digital, vemos cada vez mais surgir os famosos, entre aspas, “gurus”. São pessoas que não têm conhecimento, mas que querem vender um tipo de conhecimento, um tipo de treinamento, porque entendem que o público pode se interessar. Quando o assunto é dinheiro, acaba tendo obviamente muito mais adesão, muito mais procura. Repito: o primeiro passo é se especializar, buscar conhecimento, mas buscar com pessoas sérias, pessoas que têm um histórico no mercado financeiro e, principalmente, que já mostraram resultado, que de fato vivem o mercado e que buscam traduzir de uma forma didática, simples e objetiva. Também é importante as pessoas entenderem em qual perfil de investidor se encaixam, o que ela está buscando no mercado financeiro. Reforço que todas as pessoas serão investidoras a longo prazo. Todos querem construir patrimônio e ter uma tranquilidade, seja para a aposentadoria ou para a faculdade dos filhos. Então, esse tipo de investimento é unânime. No caso da Atom, é no que a gente mais se especializou e isso ocorreu pela necessidade de encontrar profissionais que entendiam de mercado financeiro para trabalhar com a gente. Nós não encontrávamos esses profissionais. Por isso, resolvemos montar o nosso programa educacional. Percebemos que encontrar esses profissionais não era uma necessidade só nossa, mas de todas as corretoras e bancos. A gente ensina as pessoas a aprenderem do zero, sem conhecimento anterior de mercado financeiro. É um mercado meritocrático: ele só depende da dedicação das próprias pessoas e essa é a maior magia do mercado financeiro. Então, quanto mais se estuda, maior é a possibilidade de ter bons resultados e de ganhar dinheiro. Então, de fato, tem que ser um mercado estudado por todos.
RI: No programa “Grana, Money e Bufunfa”, exibido ao vivo no canal Atom Vida de Trader, no YouTube você ensina diversas possibilidades de obter lucros no mercado financeiro, responde perguntas dos participantes feitas via chat e compartilha seus conhecimentos sobre empreendedorismo. Quais as principais competências técnicas e habilidades comportamentais que um trader deve possuir?
Carol Paiffer: Eu me divirto muito fazendo conteúdos sobre educação financeira, porque vejo o quanto isso colabora para que as pessoas literalmente saiam dessa bolha e entendam que o mercado é para todos e que elas têm inúmeras possibilidades dentro do mercado. O primeiro ponto é que a competência técnica pode ser ensinada. Então, por meio dos nossos treinamentos, ensinamos toda a parte técnica do negócio, que é tanto analisar uma companhia, entender os dados das empresas, entender o que é uma ação, o que é uma empresa de capital aberto, o que é a bolsa de valores e o que é uma corretora. Daí vem o grande desafio, que são as habilidades comportamentais. A parte técnica é simples e deve ser estudada. Já a parte comportamental é a que exige do trader um pouco mais de atenção. Por isso, na Atom, nos nossos treinamentos, temos uma psicóloga, uma performance coach, que ajuda as pessoas a entenderem essas questões mentais. Porque, como eu falei, temos muitas crenças que carregamos a respeito de dinheiro e de investimentos, como que “não é para mim” e que “é muito difícil”. Então, é importante entender essas crenças para resolvê-las e eliminar os autossabotadores. Também é relevante dizer que o mercado acaba mostrando muito das características das pessoas no dia a dia. Por exemplo, ansiedade e falta de disciplina. Hoje, para investir, temos ferramentas como o stop gain e o stop loss, que limitam as perdas: as pessoas podem então determinar previamente as estratégias. Muitas vezes, o investidor não utiliza as ferramentas por uma questão de não querer mostrar que está errado, que o mercado foi do lado contrário ao que ele esperava. Além de falta de disciplina, também tem o ego. Eu costumo dizer que uma das habilidades essenciais é a humildade. Assim como tudo na vida, o mercado não aceita arrogância. Quanto mais humilde você for, maior a sua chance de ter resultados em qualquer área da vida.
RI: Você afirmou, no AtomCast, que vê “a tecnologia como agente impulsionador do empreendedorismo”. Quais são as oportunidades de uma educação cada vez mais potencializada pela tecnologia?
Carol Paiffer: A tecnologia está presente na nossa vida há um bom tempo. Ela impulsiona não só a questão do empreendedorismo, mas otimiza a vida do ser humano. Eu gosto muito de um livro sobre o mercado que é “Mentes brilhantes, rombos bilionários”, do Scott Patterson, que fala muito sobre a crise de 2008. Esse livro tem uma frase que adoro: “A máquina é melhor do que o homem, mas o homem com uma máquina é melhor do que a máquina”. Quando a gente entende que nós criamos as máquinas, nós criamos a tecnologia e nós precisamos usar a tecnologia para otimizar o nosso tempo, para viver melhor, de uma forma mais produtiva, acabamos fazendo as pazes com a tecnologia. A tecnologia também traz muitas oportunidades para o aprendizado. Ela permite que a gente aprenda de uma forma mais intuitiva, mais didática. Uma tecnologia simples que existe faz tempo são os games, que são intuitivos. Você não precisa ensinar alguém a jogar videogame, pois se aprende de forma intuitiva. Quero dizer que, por meio do game, do desenho animado e de algumas ferramentas, é possível acelerar o processo de aprendizado. Também vale entender que as ferramentas nos ajudam a tomar decisões. Em caso de dúvida sobre uma estratégia, basta fazer o backtest. É possível reviver essa estratégia em outros ambientes e em outros momentos do mercado e ver se ela daria certo em outras condições. Então, não necessariamente é preciso fazer uma estratégia e testar no mercado e só depois descobrir se ela vai dar certo ou não. A tecnologia, portanto, auxilia na obtenção de resultados e de produtividade. O marketing digital é um bom exemplo. Por meio dele, é possível saber o que as pessoas querem ler, quais são os interesses delas, o que é adequado abordar nas nossas redes sociais e que tipos de conteúdo têm maior engajamento. Ou seja, por meio da análise do marketing digital, evita-se perda de tempo abordando assuntos ou informações que não despertam interesse. Assim, eu abordo o que interessa às pessoas, o que é importante para elas. Me aprofundei nesse tipo de tema com um mestrado em Educação e Tecnologia para entender como que a tecnologia e a educação andam juntas e como posso trabalhar para popularizar cada vez mais o tema da educação financeira, do dinheiro e do empreendedorismo em nosso país.
RI: Em recente entrevista para a revista Exame, você afirma “todo mundo nasce trader”. Quais os principais conselhos que você pode dar para quem deseja liberdade financeira?
Carol Paiffer: Eu venho falando que todo mundo nasce trader faz um certo tempo. Por quê? O que é um trader? Um trader é um negociante, e todo mundo negocia. A gente negocia com o pai e com o chefe. A gente negocia o preço do que queremos comprar. A gente negocia para ter um desconto, para comprar algo mais barato e vender mais caro depois. No mercado financeiro não é diferente. Então, todos nós nascemos negociantes. Óbvio que é possível desenvolver essa habilidade, principalmente por meio de dedicação e de estudo. E também é preciso reforçar que ninguém vive de permuta. Então, se todo mundo vive de dinheiro, todo mundo precisa aprender a lidar com o dinheiro e colocar o dinheiro para trabalhar, que é a coisa mais inteligente a se fazer. É isso que eu desejo para as pessoas. Eu gostaria que elas entendessem o tamanho do mercado, porque esse mercado mudou a minha vida, ele já mudou a vida de milhares... de milhões de pessoas. Tenho certeza que pode mudar ainda mais quando as pessoas tiverem acesso ao conhecimento, por que, de novo, o mercado é meritocrático. A liberdade financeira que as pessoas desejam delas próprias. Quando se tem liberdade financeira, automaticamente todas as outras liberdades vêm junto.
RI: Conciliar vida pessoal e profissional é, sem dúvida, um grande desafio e você não abre mão de uma disciplina também esportiva: correu 3 maratonas pelo mundo (Miami, Mendoza e Florença) e pratica hipismo, ciclismo e futsal. O que o esporte representa na sua vida e qual a importância dele para sua vida pessoal e profissional?
Carol Paiffer: Realmente sou apaixonada por esportes. Esporte é vida. Por quê? Porque o esporte faz a gente se movimentar, libera endorfina, ensina sobre disciplina, ensina sobre time, sobre equipe, sobre lidar com situações adversas. Eu acredito que cada vez mais as pessoas precisam encontrar o esporte que mais gostam, que sentem prazer em fazer. Movimentar o corpo é essencial. Afinal, nosso bem mais precioso chama-se vida. Para ter uma vida saudável precisa cuidar da “máquina”, do corpo, do físico que alimenta o mental. Existem exemplos de grandes empresários e empreendedores focados, disciplinados e altamente produtivos e que são relacionados a esportes, que gostam de esporte. São pessoas que têm o esporte na sua rotina e acabam se tornando mais produtivas. No meu caso, gosto de acordar cedo e treinar. Não gosto de deixar o treino para o final do dia. Isso já faz com que eu desperte, que eu me torne mais produtiva, que eu já chegue ao escritório ou em uma reunião com a minha primeira meta do dia cumprida. É um cuidado que devemos ter conosco e que ninguém pode fazer pela gente.
RI: Você Já deu palestras para mais de 10 mil pessoas e possui mais de 2 milhões de alunos inscritos. Quais foram os principais resultados alcançados? O que você ainda deseja conquistar na sua carreira profissional?
Carol Paiffer: Eu acho que já dei palestra para 10 mil pessoas em um único evento. Na verdade, já perdi essa conta. Já estive em eventos bem grandes. Na minha agenda mensal recente, não me lembro de passar uma semana sem realizar ao menos uma palestra. Isso é muito gratificante. No início da minha carreira, quando eu quis começar no mercado financeiro, eu percebia que as pessoas não tinham conhecimento sobre o mercado. Comecei a dar palestra em tudo que é canto, mais de uma por semana, porque eu dava palestras em cafés, em escolas, em empresas, enfim, em todo lugar que eu fosse convidada, eu ministrava palestras. Eu entendia que era importante primeiro poder oferecer conteúdo para as pessoas investirem porque elas entendem, e de fato acreditam, que aquilo é importante para elas e não porque elas foram convencidas ou porque alguém falou que é legal. Não porque ela copiou alguém e sim porque ela entendeu como funciona o mercado. Eu sempre gostei de criar conteúdo. E ainda tenho grandes sonhos. O principal deles hoje é popularizar a educação financeira. Por isso, estou muito animada com o projeto do Clube do Téo Tourinho, de desenho animado, por entrar nas escolas públicas. Porém, desde que comecei a falar com as escolas sobre educação financeira, percebi que tem outros temas que precisam ser levados para a rede pública, como empreendedorismo e saúde mental. Eu acredito que as empresas vão cada vez mais abraçar a escola pública. É algo que a gente precisa pensar no nosso país. Por quê? Primeiro, porque todo mundo ganha com isso. Se as pessoas aprenderem mais sobre dinheiro, ganharem mais dinheiro, a gente faz com que a economia continue girando – e essas pessoas vão consumir mais, vão empreender, vão contratar pessoas e vão pagá-las melhor. Então, é muito importante fazer com que todo mundo ganhe dinheiro. Em segundo lugar, porque empresas precisam contratar profissionais melhores e não encontram. Há vagas abertas em todas as áreas e há dificuldade de contratação de bons profissionais. Então, cada vez mais, eu vejo a necessidade de levar essa mensagem de fazer com que outros empresários façam parte desse movimento, para que a gente possa abraçar a educação no nosso país, avançar e virar uma potência ainda maior do que somos. Com certeza, vou passar por essa vida e não verei essa questão literalmente resolvida. Mas verei avanços. Espero que as pessoas entendam essa necessidade e façam parte desse movimento.
RI: Neste mês de outubro, estreia a 8ª temporada do “Shark Tank Brasil”. Ao longo das oito edições do programa, o Sony Channel já exibiu mais de 100 episódios inéditos e mais de 400 pitches foram apresentados aos sharks. O canal do Shark Tank Brasil no YouTube superou em julho de 2023 mais de 1 milhão de inscritos, consolidando-se como o segundo maior canal da franquia na plataforma em todo o mundo. Mais que investir em sonhos e apostar em startups promissoras, o que o Shark Tank Brasil representa na sua vida?
Carol Paiffer: Os episódios da oitava temporada já estão sendo exibidos no canal de YouTube do programa e irão ao ar no Sony Channel a partir do dia 03/10. Participar do Shark Tank Brasil é a realização de um grande sonho. O programa é uma referência no mundo todo. Antes dele chegar ao Brasil, eu tinha uns vinte e poucos anos e estava gravando no meu escritório um vídeo sobre dinheiro, investimento e educação financeira. O produtor desse vídeo me perguntou se eu conhecia o Shark Tank, e que eu deveria participar e que tinha o perfil para esse tipo de programa. Com o programa já no Brasil, fui convidada para a quinta temporada, então, já são quatro temporadas comigo no ar no programa. Fico lisonjeada. É um programa muito sério e que leva a sério o sonho dos empreendedores. Confesso que foi um dos maiores desafios que eu já passei na vida. Muitos acham que investir na bolsa de valores é difícil. Mas investir em um empreendedor que você nunca viu na vida, em um reality show, é bem mais difícil. Então, é um grande desafio, dá um baita de um trabalho, porque hoje já são mais de 60 investimentos que eu fiz no Shark Tank. Também vale dizer que não são startups propriamente ditas que vão ao programa. São poucas startups. São muito mais PMEs, as pequenas e médias empresas, e isso me faz ficar ainda mais motivada com o programa. Porque eu gosto muito de PME. Eu gosto muito de ajudar aquela pessoa que teve um sonho, que montou um negócio que deu certo e que agora ele merece expandir. Então, o papel do programa é expandir uma ideia, um projeto, um sonho que começou com alguém lá atrás. É muito prazeroso participar disso. Eu tive que montar uma outra empresa para cuidar dos investimentos que faço no programa. Tenho uma aceleradora e tem um “CSC” (Centro de Serviço Compartilhado), para conseguir acolher e diminuir custos de todos esses negócios. Então é muito interessante, pois tive que montar toda uma estrutura para acolher da melhor forma. Também percebi que muitas vezes o investidor, o parceiro do negócio, atua de uma forma passiva. Então eu quis ter um perfil mais ativo, de participar mais do dia a dia dos negócios. Para essas empresas em que investi, dou mentoria todos os sábados, temos um grupo no WhatsApp, fiz uma imersão para poder treiná-los junto a outros mentores. Me dedico bastante para fazer com que todos esses negócios evoluam. A gente pode até pivotar um negócio, mas ele vai dar certo se for cuidado com carinho, com atenção ao caixa e aos números.
RI: Sempre você ressalta a importância do seu irmão e sócio Joaquim Paiffer na sua vida. Incentivada por ele você entrou de cabeça no mercado financeiro, ministrando palestras e cursos no Brasil e no exterior. Houve a presença de um mentor que também tenha exercido influência decisiva para o seu futuro profissional?
Carol Paiffer: O Kim, que é como eu, os alunos dele e o mercado o conhece, é o “culpado” de eu ter seguido esse caminho. Afinal, eu pensava em fazer faculdade de Moda, mas fui fazer Administração de Empresas, porque eu queria ter uma empresa de moda. Eu não queria que minha empresa fosse à falência e acabei indo estudar Administração de Empresas primeiro. Na mesma época, o Kim começou a cursar Economia e um professor dele, chamado Gentil Canton, eu brinco que fez a gentileza de apresentar o mercado financeiro. Por meio do meu irmão, acabei aprendendo sobre a bolsa de valores e entendendo que não era um bicho de sete cabeças como todos falavam. Porque a primeira vez que eu vi um monte de gráficos, assim como todo mundo, fiquei espantada. Mas eu tive grandes mentores. O primeiro lugar em que eu e meu irmão estagiamos, eu com 17 anos e o Kim com 19, antes de montar nosso escritório de agentes autônomos em Sorocaba (SP), foi a corretora Gradual. O Agostinho Renoldi Junior, já falecido, foi sócio-fundador da Gradual. A gente sempre teve uma admiração grande por ele. Eu poderia listar inúmeras pessoas que passaram pelo meu dia a dia e que são extremamente importantes, além obviamente dos meus pais. Quando o assunto é Economia, meu pai é um grande mentor: uma pessoa que eu sempre busquei na hora de tomar uma decisão importante na minha vida, como a entrada no Shark Tank e como assumir a presidência de uma de uma empresa de capital aberto. Durante a minha jornada, fui tendo outros mentores. A Zilla Patricia Bendit faz parte do conselho de administração da Atom. Ela, que foi minha professora na faculdade, foi uma das primeiras pessoas a ver meus vídeos e dizer que eu devia fazer mestrado e dar aula. Ela reforçava que sou uma educadora nata e tê-la ao meu lado hoje em dia é motivador. No conselho, ela é rígida e muitas vezes discorda de mim. Acho que esse é o papel do mentor: te provocar. No Instituto Êxito de Empreendedorismo, também tive a oportunidade de ter grandes mentores, como o Antônio Carbonari Netto, um exemplo sobre transformar a educação brasileira, e o Janguiê Diniz, da Ser Educacional. Tem ainda o Daniel Castanho. São pessoas que me ajudaram também na questão da educação, de pensar e de repensar o melhor modelo da gente popularizar a educação financeira. Ainda menciono o Jefferson Pugsley, que foi diretor da Sony; Marcelo Magalhães, que virou meu sócio; Thiago Oliveira, que é sócio na Bossanova Investimentos; Bruno Pinheiro, da área de marketing de inovação; Vitor Roma, que me levou para o ambiente do futebol; Márcio Alencar, de tecnologia e inovação. Então, tenho muitos mentores, de várias áreas, pessoas do BTG, da Exame. As pessoas que mencionei não fazem questão de estar nos holofotes. Elas são importantes para mim porque elas também mostraram como é importante o resultado e não o “barulho”.
RI: Entre outras obras, você é autora do livro “4traders”, a história de 4 mulheres traders que aprendem a investir na bolsa de valores em Nova Iorque, e do e-book “Sacada de trader”, guia prático com dicas rumo ao sucesso em operações na bolsa de valores. O que você gostaria de ter ouvido no início da carreira que poderia ter feito a diferença?
Carol Paiffer: O livro 4Traders é uma apostila disfarçada de romance. Ele está na primeira edição, mas vão ter outras. É a história de Sofia, que ensina sobre o mercado financeiro de uma forma leve. Quando eu tive esse insight de escrever o livro - tanto o e-book e outros conteúdos que escrevo -, sempre foi com a preocupação de deixar mais didático, porque é isso que eu gostaria de ter encontrado quando comecei no mundo dos investimentos. Materiais mais didáticos, mais fáceis e mais gostosos de ler. Infelizmente, a gente falava muito “economês”, mas hoje em dia temos acesso a uma forma muito mais leve de conteúdo. Então, esses materiais foram criados pensando nisso. Na minha carreira, no começo, eu gostaria só de ter escutado mais. Eu acho que a grande “cereja do bolo” na nossa carreira é escolher as pessoas certas para estar ao lado. Eu tive o privilégio de ter grandes pessoas comigo, me ajudando, colaborando. Assim, consegui formar um time de verdade, de peso. Então, eu acho que tive a oportunidade de escutar bastante. Nem sempre coloquei em prática, infelizmente, e daí tive que aprender à duras penas, mas escutei muita coisa boa e grandes conselhos.
RI: Você costuma afirmar que: “sucesso é ter uma vida de que se orgulha”. O que lhe dá orgulho na sua vida pessoal e profissional? Quando se deu o turning point mais significativo de sua carreira?
Carol Paiffer: Gosto muito de responder isso quando me perguntam sobre o sucesso, quando dizem que sou uma pessoa muito bem-sucedida. A primeira pergunta a ser feita é: O que é sucesso para você? Sucesso, para mim é ter uma vida da qual eu me orgulho. Então, sucesso não é só sucesso financeiro. O financeiro é consequência de um trabalho que você realizou, mas não adianta ter sucesso financeiro e não conseguir ter convívio com outras pessoas, não gostar da vida que está levando. Me orgulho de poder fazer minhas escolhas. Na vida pessoal e na profissional, eu sempre me importo com o impacto que tenho na vida de outras pessoas. Muita gente pode pensar que se tiver uma rede social com milhares de pessoas vai impactá-las. Se eu tiver contato só com uma pessoa durante o meu dia e - de forma positiva - tirar um sorriso dela, já serei muito feliz. Não é métrica de quantidade de pessoas, mas sim da qualidade das pessoas. Eu fico muito feliz com meus amigos e amigas de infância. Tenho um grupo no WhatsApp com essas amigas e a gente se fala o tempo todo. Vou dar uma palestra em Campo Grande e aproveitar a oportunidade para ver uma das minhas melhores amigas, que mora lá. Me importo, e sempre arranjo tempo para as pessoas que eu amo e para a minha família. Meus pais gostam muito de se reunir em casa. Reclamam um pouquinho quando nos finais de semana eu dou palestras ou quando saio. Quando o ritmo acelera um pouco, eles sentem minha falta e eu a deles. Mas sempre mantenho contato com os meus sobrinhos, meus irmãos, meus tios, minha avó. Já na minha vida profissional, me orgulho muito do contato com meus alunos e com os colaboradores. Gosto de ouvir pessoas dizendo que estão mudando de vida por minha causa. É isso que de fato faz a diferença: ter conteúdo não só da porta para fora. É gratificante ver o resultado na vida das pessoas e receber esse tipo de retorno. Eu recebo depoimentos nas minhas redes sociais até de pessoas que emagreceram por causa de mim e de pessoas que saíram da depressão. É muito importante de dizer: “tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas”. E isso eu levo muito a ferro e fogo. Tenho orgulho disso. Eu tive na vida experiências significativas, como quando comecei a ganhar dinheiro, quando me tornei presidente de uma empresa de capital aberto e na participação no Shark Tank Brasil. Me tornei uma pessoa pública. Isso é uma baita de uma exposição. É preciso ter muita seriedade. Em vários momentos, ao longo da minha trajetória, eu fui entendendo a importância do que eu fazia e do impacto disso.
RI: Além de CEO de uma companhia aberta, você é uma das maiores “investidoras-anjo” do país. Como você analisa a importância do profissional de Relações com Investidores (RI) em companhias listadas em bolsa, como em empresas de pequeno e médio porte interessadas em captar recursos? Considerando tanto empresas de capital aberto como fechado, quais os desafios e as oportunidades na carreira de um profissional de RI?
Carol Paiffer: O profissional de RI é essencial para qualquer empresa, não só para as de capital aberto, mas para empresas que tenham investidores e sócios preocupados com transparência de uma forma didática, para apresentar os resultados da companhia e como ela está se desenvolvendo. Quando a gente decidiu ter capital aberto na Atom, definimos que precisávamos criar um relatório que fosse mais amigável para os investidores, mais didático. A gente se preocupou muito em sempre mostrar os números. Por muito tempo, fiz lives para mostrar o dia a dia e o que a empresa fazia. Acho que existe um movimento natural que está ocorrendo no mercado brasileiro: a comunicação mais fácil e didática no relacionamento com o investidor. É preciso cada vez mais dar maior visibilidade para quais são as empresas que esses investidores podem se tornar sócios, então eu acho essencial o trabalho de RI. Há grandes oportunidades para as pessoas se desenvolverem na área de RI e, principalmente, inovar, utilizar comunicação mais leve e aumentar o número de investidores na bolsa. A área de RI expõe números, dados e informações não só para quem é sócio ou acionista, mas para todo o mercado em geral. Então, cada vez mais há uma aproximação da fala da população, da sociedade no geral. Isso vai gerar crescimento no número de investidores no mercado e, claro, todo mundo se beneficia com isso. Então, eu vejo muita oportunidade para quem quer criar carreira, para quem quer se desenvolver nessa área e se aperfeiçoar. No caso das empresas que eu invisto, faço questão que elas mostrem seus dados, seus números e para onde estão indo.
RI: Segundo o Formulário de Referência da Atom S/A, listada na B3 desde 2005, "visando o planejamento estratégico para 2022, a Companhia almeja a expansão do time de profissionais, crescimento do setor e ampliação de novas frentes de negócios, com isso investiu durante o ano de 2021 em uma nova estrutura para sua sede em Sorocaba/SP representando uma mudança de patamar da empresa". Quais competências técnicas e habilidades comportamentais você prioriza ao contratar um profissional para sua equipe? E ao demitir um profissional da sua equipe?
Carol Paiffer: Eu gosto muito mais de contratar do que de demitir. Sempre achei demitir um peso. Mas acho que todo empresário, todo empreendedor, passa por isso. Tem que fazer as pazes com isso, porque também ao deixar uma pessoa que não tem habilidades, que não combina com a empresa, continuar naquele departamento, naquela empresa, isso está atrasando não só o processo da empresa, mas também do time em geral e, muitas vezes, da pessoa, que pode não combinar com determinado perfil de empresa e poderia estar em busca de algo diferente. Então, fazer as pazes com esse processo é importantíssimo. A Atom foi se profissionalizando. Era uma empresa muito pequena, enxuta. Fomos crescendo sempre com a preocupação de garantir ambientes mais acolhedores, com boa estrutura e bons equipamentos. Nos preocupamos muito também em desenvolver o nosso processo de educação, trazendo mais pedagogos, mais time. Assim, a gente desenvolve materiais melhores, em estúdios cada vez mais profissionais, que permitem que a experiência do nosso aluno seja mais interessante. Então, todos os nossos materiais, inclusive os desenvolvidos para o YouTube, sempre têm uma preocupação muito grande com a qualidade dos vídeos, do áudio. Assim, a Atom se coloca melhor no mercado e mostra o profissionalismo e a seriedade que temos em relação à educação. A Atom é uma empresa de educação, uma publicadora de conteúdo, preocupada com a excelência. Entre as características que valorizamos estão a proatividade, a valorização das pessoas e o sistema de meritocracia, em que o colaborador tem a chance de crescer junto com a gente. Aqui entra o intraempreendedorismo, que precisa ser enaltecido. Se fala muito sobre montar CNPJ, mas a gente precisa enaltecer as pessoas que trabalham dentro dos times. São pessoas que intraempreendem e muitas vezes elas não se veem como empreendedoras. Mas elas são. Quando você trabalha para o sucesso de uma empresa, melhorando o processos, reduzindo custos, aumentando o faturamento, você está empreendendo sim, empreendendo dentro do CNPJ do outro, que é uma das coisas mais inteligentes que um profissional pode fazer. O que eu busco é justamente essa proatividade: pessoas com habilidades certas para as vagas, para o departamento. A gente faz um teste que eu acho essencial: se chama ADV. É um teste norte-americano que gera 78 páginas sobre a pessoa. Ele mostra quais são as habilidades naturais, se é uma pessoa influenciadora, se se adapta às vagas. Então, muitas vezes as pessoas estão em vagas erradas, em cargos errados, porque elas estão se adaptando. Não adianta estar em uma ocupação porque ela dá dinheiro ou porque falaram que é uma boa profissão. Esse teste ajuda as pessoas a entenderem o que elas de fato fazem com mais facilidade e onde elas deveriam focar no plano de carreira. Também é importante dizer que as pessoas precisam entender o nosso porquê. Eu gosto de um livro do Simon Sinek: “Comece pelo porquê”. É uma reflexão sobre porque a gente faz determinadas coisas diariamente. Quando a gente entende o porquê, temos mais chances de ter sucesso. Então, as pessoas que entram no nosso time têm que entender por que a Atom existe. Ela existe porque acredita na transformação de vidas por meio da educação. A gente não mede esforços para compartilhar conhecimento. Além das habilidades técnicas, também é preciso entender o nosso porquê.
RI: Você é sócia fundadora do Instituto Êxito, criado em 2019 para incentivar o empreendedorismo, a livre iniciativa e a ética nos negócios; assumiu, em 2023, a presidência do Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (MACS), instituição que completará 20 anos e possui mais 750 obras no acervo entre artistas brasileiros e estrangeiros; lançou, em 2022, o "Clube do Teo Tourinho" para fomentar histórias educativas ao público infanto-juvenil; e há uma expectativa da sociedade civil quanto à criação do Instituto Atom, que deve se tornar uma força motriz para educação financeira, especialmente em escolas públicas. Nas suas múltiplas iniciativas, qual a importância de investimentos com impacto social com destaque para aqueles relacionados à companhia aberta, Atom S/A?
Carol Paiffer: O museu é um bom exemplo. Ele fica em Sorocaba, região onde eu e a Atom somos originárias. Fui voluntária do museu e aprendi muito sobre o mundo da arte. Sou muito grata de ter assumido a presidência do museu, do qual também sou patrocinadora. Acredito que a gente precisa colaborar com a sociedade. No caso do Clube do Téo Tourinho não é diferente. Fiquei por muito tempo pensando como eu poderia levar essa mensagem que muita gente acha chata (sobre dinheiro, empreendedorismo e educação financeira) de uma forma mais leve, mais didática. Acredito que cada vez mais as empresas vão assumir o papel da educação no Brasil: vão acolher a educação pública e vão acolher o papel de acelerar a sociedade. Hoje, muitas empresas atuam com ESG, mas muitas fazem por fazer. Creio que os investidores, os clientes, os fornecedores e os colaboradores vão se conectar cada vez mais com empresas que se importam genuinamente com a sociedade e com o meio ambiente. Afinal, sem isso não existe nada. Temos de ter a visão de futuro sobre essas questões, mas temos de atuar agora, hoje... Também que não adianta da porta para fora ter um movimento como esse e da porta para dentro não fazer a mesma provocação, o mesmo movimento.
RI: Para finalizar, como uma das investidoras mais bem-sucedidas do país na atualidade e CEO de companhia aberta, quais conselhos você pode compartilhar com os executivos de Relações com Investidores interessados na ascensão de sua carreira profissional?
Carol Paiffer: Muito obrigada pelo elogio. Fico muito feliz com isso. O que eu gostaria de compartilhar e contribuir com os profissionais da área de RI é: procurem conectar mais as empresas com o mercado e com a sociedade, apoiando projetos como por exemplo o Clube do Teo Tourinho, de incentivo à educação financeira. Fica então a sugestão para os profissionais de RI se movimentarem, fazerem pequenos movimentos que sejam de popularizar assuntos como a educação financeira. É importante se preocupar em ter uma comunicação que atraia o interesse da população. Se todo mundo fizer um pouquinho, com tantas centenas de empresas de capital aberto, buscando uma comunicação mais didática, mais acolhedora, rapidamente a gente muda a história do nosso país. Todos nós temos esse papel, essa responsabilidade, de levar conteúdo, de levar informação. Recomendo então aos profissionais de RI que querem, de fato, colaborar para o aumento do número de investidores: pensem em como traduzir a educação financeira e em iniciativas para trazer para perto do mundo dos investimentos as pessoas do dia a dia. Vou deixar aqui a provocação: revitalizar eventos com os profissionais de RI. E, já fica meu convite: quero criar um programa de entrevistas só com os profissionais de RI para a gente enfatizar as grandes companhias que temos abertas na bolsa de valores. É por meio da comunicação que a gente vai aumentar o número de investidores. Finalizando, gostaria de agradecer por essa oportunidade. É uma honra dar essa entrevista para a Revista RI, que eu admiro tanto. Sempre admirei o profissional de RI, porque é um trabalho árduo de conversar com tantos investidores e, depois que abrimos capital, percebi ainda mais a importância desses profissionais para a manutenção e a melhoria da relação com os investidores. Aproveito para convidar à todos os leitores da RI me acompanharem - e também acompanharem a Atom - nas redes sociais: @capaiffer e @vidadetrader.
Nota: As informações abordadas nesta entrevista, comunicadas de maneira verbal ou escrita, são de iniciativa única e exclusiva da entrevistada. Elas não representam, necessariamente, as opiniões, a estratégia e o posicionamento da Atom Empreendimentos e Participações S/A sobre os assuntos aqui tratados.
André Vasconcellos
é CFO e DRI da Rio Securitização e Diretor-Adjunto RJ do IBRI.
andrevasconcellos@ccpar.com.br