Conselhos

CONSELHOS CONSCIENTES

Como os Conselhos Conscientes estão liderando uma revolução nos negócios, priorizando ética, sustentabilidade e o bem-estar de todos os envolvidos.

O Capitalismo Consciente, movimento originado nos EUA por pensadores como John Mackey e Raj Sisodia, vai além de uma metodologia de negócios. Ele reformula práticas empresariais enfatizando não só o lucro, mas o bem-estar dos stakeholders. Destaca-se por práticas que incluem propósito maior, liderança consciente, orientação aos stakeholders e cultura ética.

No Brasil, Hugo Bethlem institucionalizou essa filosofia ao cofundar o Instituto Capitalismo Consciente Brasil em 2013. O instituto visa disseminar princípios, certificar lideranças e educar empresas sobre essas práticas, transformando a forma de fazer investimentos e negócios no país. As associações são revertidas em Investimentos em recursos para engajar e educar a comunidade empresarial, como podcasts, séries, blogs, revistas digitais e guias, além de um app exclusivo.

Os benefícios de adotar o Capitalismo Consciente são palpáveis. Empresas comprometidas com esses princípios frequentemente observam melhorias no engajamento dos funcionários, aumento da lealdade dos clientes e melhores resultados financeiros a longo prazo. Esse sucesso é atribuído a um modelo que prioriza o bem-estar de todos os envolvidos, diferente das práticas tradicionais focadas apenas nos acionistas.

Governança Corporativa no Contexto do Capitalismo Consciente
A integração entre governança corporativa e Capitalismo Consciente oferece nova dimensão para empresas buscando excelência financeira e socioambiental. A governança moderna, com transparência e responsabilidade ética, fornece bases para incorporar princípios do Capitalismo Consciente, como propósito maior e cuidado com stakeholders.

Neste contexto, os conselhos têm papel fundamental. Eles instigam e mantêm diretrizes do Capitalismo Consciente, alinhando práticas com interesses de acionistas e demais stakeholders. Além disso, devem promover cultura de liderança priorizando decisões conscientes e éticas, reconhecendo que gestão focada apenas em resultados financeiros é insustentável a longo prazo. Devem liderar pelo exemplo, adotando estratégias que reflitam compromisso com bem-estar coletivo e sustentabilidade.

A governança no Capitalismo Consciente vai além de conformidade e fiscalização. Representa liderança ativa na promoção de modelo de negócios inclusivo, ético e sustentável, alinhando sucesso econômico com progresso socioambiental.

Capitalismo de Stakeholders e a Ética nas Organizações
O Capitalismo Consciente está ligado ao Capitalismo de Stakeholders, que propõe uma gestão onde os interesses de todos os stakeholders são considerados e equilibrados, diferindo do Capitalismo de Shareholders, que prioriza a maximização do retorno financeiro aos acionistas.

No Capitalismo Consciente, a ética é um pilar fundamental que sustenta todas as atividades e decisões empresariais, impulsionando a empresa a operar de maneira justa e transparente, promovendo confiança mútua entre a empresa e seus públicos.

A implementação desses princípios envolve políticas de responsabilidade socioambiental, boa governança e transparência nas operações, fortalecendo a reputação e contribuindo para a sustentabilidade do negócio, atraindo e retendo talentos, fidelizando clientes e garantindo melhor posição no mercado.

Além disso, uma postura ética e orientada para stakeholders permite às empresas responderem melhor às exigências de um mercado global cada vez mais consciente e exigente.

O Capitalismo de Stakeholders, apoiado por uma forte ética organizacional, complementa os princípios do Capitalismo Consciente e é essencial para o sucesso e resiliência das empresas na economia moderna.

Empoderamento dos Conselhos para o Capitalismo Consciente
Os conselhos de administração desempenham papel crucial no fomento e implementação do Capitalismo Consciente nas organizações. Podem liderar a transformação para práticas conscientes e sustentáveis, alinhando estratégias corporativas com princípios éticos e de responsabilidade socioambiental.

É essencial que os conselhos compreendam profundamente os valores do Capitalismo Consciente, como promoção de propósito maior, valorização de todas as partes interessadas e manutenção de cultura organizacional ética e transparente. Assim, estão mais aptos a orientar a liderança executiva e tomar decisões que reflitam esses valores.

Os conselhos devem garantir que as práticas de Capitalismo Consciente sejam incorporadas em todas as áreas da empresa, estabelecendo políticas claras, definindo metas alinhadas aos princípios e monitorando o progresso.

Outra função importante é a comunicação e engajamento com stakeholders, não apenas informando acionistas sobre práticas conscientes, mas também ouvindo ativamente funcionários, clientes, fornecedores e comunidade para entender suas expectativas e necessidades, é o modelo ganha/ganha/ganha. Esse diálogo contínuo fortalece a confiança e fidelidade dos stakeholders, essenciais para o sucesso sustentável.

Por fim, os conselhos devem liderar pelo exemplo, sabendo que cultura é o que a liderança faz ou tolera, demonstrando compromisso pessoal com os princípios do Capitalismo Consciente por meio de sua governança, práticas operacionais e apoio a iniciativas socioambientais que reforcem o compromisso da empresa com um impacto positivo mais amplo.

Métodos Práticos para Conselheiros Promoverem o Capitalismo Consciente
A implementação efetiva do Capitalismo Consciente requer que os conselheiros adotem abordagens práticas para integrar seus princípios no dia a dia corporativo. Existem estratégias concretas que podem utilizar para assegurar que o Capitalismo Consciente seja mais do que um ideal, tornando-se uma prática viva e eficaz.

Primeiro, é vital promover a educação contínua sobre o Capitalismo Consciente dentro do conselho e em toda a empresa, incluindo workshops, seminários e treinamentos regulares que explorem casos de sucesso e melhores práticas. A educação constante ajuda a manter todos alinhados e engajados com o propósito maior.

Além disso, devem incorporar os princípios do Capitalismo Consciente nos documentos fundamentais da empresa, como propósito, missão, visão e valores, assegurando que as operações estejam alinhadas com esses princípios e que sejam considerados em todas as decisões estratégicas.

A avaliação de desempenho também é uma área crítica onde podem ter um impacto significativo, incentivando a adoção de indicadores que vão além dos resultados financeiros, incluindo métricas relacionadas ao impacto social e ambiental, satisfação do cliente, bem-estar dos empregados e inovação.

Outra prática recomendada é o estabelecimento de canais de comunicação abertos com todos os stakeholders, permitindo que a empresa receba feedback valioso sobre suas práticas e reforçando a transparência e confiança mútua. Os conselheiros podem liderar estabelecendo fóruns regulares de discussão ou até mesmo consultas públicas.

Por fim, é essencial que estejam dispostos a revisar e ajustar as estratégias da empresa com base nos princípios do Capitalismo Consciente, repensando investimentos, reavaliando cadeias de suprimentos e modificando práticas de governança para garantir que a empresa não apenas siga esses princípios, mas também prospere por meio deles. Não é jamais por o resultado da empresa em risco, mas construir com metas e métricas um novo formato que vai garantir um resultado mais sustentável e um retorno no longo prazo maior.

Impacto e Vantagens para as Empresas Adotando o Capitalismo Consciente
A adoção do Capitalismo Consciente traz vantagens significativas para as empresas, com impactos diretos nos resultados financeiros e na sustentabilidade a longo prazo, traduzindo-se em vantagens competitivas no mercado.

Empresas que adotam os princípios do Capitalismo Consciente frequentemente apresentam um desempenho superior, caracterizado por um maior engajamento dos funcionários. Esse engajamento está diretamente ligado a um aumento na produtividade e na inovação. Além disso, funcionários que se sentem parte de uma organização com um propósito mais amplo tendem a ser mais motivados e comprometidos, o que contribui para a redução da rotatividade e dos custos associados.

Estas empresas têm maior capacidade de inovar de maneira sustentável devido ao foco no bem- estar a longo prazo. Oferecem um ambiente vulnerável ao erro, na busca do acerto, o que permite o despertar da criatividade. Sua abordagem equilibrada incentiva uma cultura de inovação orientada para soluções que beneficiem todos os stakeholders.

Outra vantagem é a atração de investimentos. Investidores conscientes dos riscos associados à sustentabilidade estão mais dispostos a investir em empresas que praticam o Capitalismo Consciente, vistas como menos arriscadas e mais preparadas para o futuro.

Por fim, a adoção do Capitalismo Consciente ajuda a mitigar riscos regulatórios e legais. Empresas que proativamente adotam práticas sustentáveis e éticas estão menos sujeitas a litígios e sanções.

O Papel dos Conselhos na Geração de Riqueza Consciente
O Capitalismo Consciente representa uma evolução natural dos negócios, alinhando lucratividade com responsabilidade socioambiental. Com mais empresas adotando esses princípios, espera-se uma economia mais equitativa e sustentável.

Para começar essa jornada, é importante avaliar o alinhamento entre valores, práticas atuais e princípios do Capitalismo Consciente, desenvolvendo estratégias para integrá-los em todas as áreas da operação.

O Capitalismo Consciente continuará evoluindo e se adaptando às novas realidades. As empresas que antecipam e respondem a essas mudanças liderarão o caminho para um mundo onde o sucesso é medido não apenas por retornos financeiros, mas também pelo impacto positivo gerado.

Essa jornada é um desafio e uma oportunidade. Ao abraçar esses princípios, as empresas fortalecem sua resiliência e relevância, contribuindo para uma sociedade global que valoriza integridade, justiça e sustentabilidade.

Os conselhos têm um papel fundamental nessa transformação, instigando e mantendo as diretrizes, promovendo uma cultura ética, engajando-se com stakeholders e liderando pelo exemplo, guiando as empresas para um futuro onde o sucesso beneficia todas as partes interessadas e o planeta.

A adoção do Capitalismo Consciente é uma necessidade imperativa para um mundo que enfrenta desafios socioambientais urgentes. Ao abraçar essa abordagem, as empresas podem prosperar e se tornar agentes de mudança positiva, contribuindo para um futuro mais brilhante e sustentável para todos. 

Marcelo Murilo
é Co-Fundador e VP de Inovação e Tecnologia do Grupo Benner, Palestrante, Mentor, Conselheiro, Embaixador e Membro da Comissão ESG da Board Academy, Embaixador e Membro do Senior Advisory Board do Instituto Capitalismo Consciente Brasil e Especialista do Gerson Lehrman Group e da Coleman Research – Fala sobre Inovação, Governança e ESG.
marcelo.murilo@benner.com.br

Hugo Bethlem
é Co-Fundador e Presidente do Instituto Capitalismo Consciente Brasil e Senior Advisor para Varejo na Alvarez & Marsal.
hugo@ccbrasil.cc


Continua...