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A gestão territorial sustentável na Amazônia demanda o fomento de um novo ecossistema de negócios, que concilie a conservação ambiental com um desenvolvimento socioeconômico inclusivo, de baixo carbono, que respeite a cultura local, valorize os saberes tradicionais e as vocações territoriais.
O engajamento dos agentes de governança corporativa em oportunidades de negócios sustentáveis na Amazônia requer a compreensão sobre a dinâmica do desenvolvimento territorial e das relações entre atores públicos e privados. Conhecer localmente a realidade amazônica deveria ser premissa de negócio para quaisquer lideranças executivas e conselheiros de empresas que atuam na região.
São várias ‘amazônias’ no bioma mais biodiverso do mundo, que abrange cerca de 59% do território brasileiro, incluindo os seguintes estados na Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Cada território com suas peculiaridades e desafios relacionados ao ordenamento fundiário, crime organizado e segurança, infraestrutura, logística multimodal, cultura e povos tradicionais, além da imensidão de riqueza natural e suas cadeias produtivas da sociobiodiversidade.
Empresas do Brasil todo podem contribuir com o desenvolvimento territorial sustentável na Amazônia. Segundo Denis Minev, amazônida e CEO da Bemol, há três frentes prioritárias: 1) capacitação técnica da população local; 2) investimento em pesquisa, desenvolvimento, tecnologia e inovação, e 3) desenvolvimento de sistemas agroflorestais com foco no aumento da produtividade em áreas degradadas, restauração florestal e soluções baseadas na natureza.
Todas essas atividades apresentam um potencial significativo na geração de prosperidade para as pessoas e negócios da região, baseados na expansão do conhecimento, geração de emprego e renda, aumento de produtividade, conservação e manutenção dos serviços ambientais. O desenvolvimento do capital humano é fator de competitividade para as empresas que operam ou estão avaliando novos negócios nos estados da Amazônia.
Iniciativas de conservação em escala e restauração de áreas degradas garantem os serviços ecossistêmicos prestados para a população local e para o país, em especial no equilíbrio do regime de chuvas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Regulação do clima, influência no ciclo hidrológico, biodiversidade que mantém os ecossistemas, qualidade do ar através da fotossíntese das árvores são exemplos de serviços ambientais que todos se beneficiam com a floresta em pé. Além disso, diversos setores no Brasil dependem dos serviços ecossistêmicos da Amazônia para operar, como o agronegócio.
Agentes de governança que atuam prioritariamente no eixo Rio-SP podem utilizar sua experiência e conhecimento para promover o desenvolvimento territorial na Amazônia por meio de negócios sustentáveis, competitivos e inovadores. Novos modelos de negócio precisam ser fomentados na bioeconomia amazônica, considerando os custos e os riscos peculiares do bioma. As deficiências na região devem ser trabalhadas como oportunidades para inovar na operação.
Na lógica do Capitalismo Consciente, negócios conscientes atendem às demandas ambientais e sociais da sociedade e de seus stakeholders, geram prosperidade, além de alavancar o desenvolvimento econômico por meio de estratégias de negócios de longo prazo, baseados em competitividade, inovação e nas melhoras práticas de governança corporativa.
Conselheiros e executivos são determinantes na condução de negócios de impacto positivo por meio de estratégias de valor compartilhado. O modelo de desenvolvimento socioeconômico da Amazônia precisa ser repensado e repactuado com a sociedade e setor privado. As empresas são fundamentais na construção dessa agenda de negócios no presente, com olhar para as oportunidades no futuro. E o potencial da bioeconomia amazônica mal começou a ser fomentado na agenda de negócios.
Nota: Esse artigo integra o a iniciativa “Conselheiros pela Amazônia” do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que nasceu da necessidade da construção de diálogos e debates sobre desenvolvimento sustentável e conservação da Amazônia. Amparado em mesas de discussões temáticas, o IBGC tem como propósito atuar como agente articulador do tema, convidando conselheiros de administração e executivos para a ação em prol da governança climática. O texto é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC.
Vanessa Pinsky
é conselheira consultiva e membro externo da comissão de sustentabilidade do IBGC e especialista em sustentabilidade.
pinskyvanessa@gmail.com
Camila Silva
é conselheira consultiva e gerente acadêmica no IBGC e especialista em governança corporativa e gestão de riscos.
camiscristina.silva@gmail.com