Enfoque

PRIMÓRDIOS DO VENTURE CAPITAL & PRIVATE EQUITY NO BRASIL

A decisão de criar uma empresa de “venture capital” em 1981 foi fortemente estimulada por duas vertentes básicas: a primeira foi minha disposição de iniciar uma “atividade pioneira”. Depois da DELTEC e do BIB (posteriormente com a conglomerização virou Unibanco e a experiência de criar a CVM), estava muito motivado a fazer algo diferente. Cogitei de participar do lado real da economia assumindo a vice-presidência de um grande grupo industrial. Tive também convite para voltar ao sistema financeiro em outro grande conglomerado financeiro. No entanto, fui seduzido por um outro projeto pioneiro.

A ideia de iniciar uma “venture capital” pareceu-me sedutora, pois reuniria meu “background” financeiro e a tomada de participações na área industrial em empresas inovadoras. De certa maneira, reunia o lado real da economia com uma vertente financeira. O incentivo do IFC International Finance Corporation (David Gill que havia conhecido e me apoiou na construção da CVM), foi fator indutor para a criação da Brasilpar como uma empresa de capital de risco. (na época não tinha essa denominação) e o estímulo de Walther Moreira Salles.

No início dos anos 80, o IFC havia participado de uma venture capital na Europa, a SOFINOVA na Espanha. O David achava que o Brasil reunia todas as condições para ser pioneiro nessa atividade na América Latina e fomos conhecer seu “modus operandi”. A partir daí, tomamos a decisão de ir em frente, tendo o Unibanco, Paribas e IFC como ancoras do projeto e a participação de relevantes grupos empresariais brasileiros como Villares, João Fortes Engenharia, Mendes Jr, Brasmotor, entre outros.

Como toda atividade pioneira, aprendemos pelo ineditismo. A começar, ao invés de iniciarmos uma empresa, com uma estrutura “zero quilômetro”, aproveitamos uma empresa já existente que reunia o Unibanco e o Paribas, num chamado “Banque d’Affairs” que tinha uma carteira de participações. Esse portfólio que herdamos na largada, mostrou-se um fardo que acabou tendo consequências perversas na alocação dos recursos e na concentração de nosso tempo.


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