AMEC | Opinião | Educação Financeira | Em Pauta | Fórum Abrasca |
Governança & Mercado | IBRI Notícias | Melhores Práticas | Mercado de Ações |
Opinião | Relações com Investidores | Sustentabilidade | Transparência |
Há alguns anos eu estava na sala de um amigo, chefe de departamento na universidade em que trabalho, quando entrou o pai de um aluno para falar com ele. O homem questionava uma suspensão que o filho havia sofrido, por problemas disciplinares. Fiquei surpreso. Era a primeira vez que ouvira falar de um caso de suspensão assim, no ensino superior. Além disso, receber pais na universidade era algo restrito a eventos oficiais, como bancas e formaturas, nunca para debater problemas acadêmicos ou comportamentais dos estudantes.
Eu já estava de saída quando ouvi o pai dizer: “o senhor sabe como é, o menino é impulsivo”. Também por impulso, respondi que não sabia nada sobre o que havia acontecido com o filho dele, mas que conhecia o problema. “Aqui nesta universidade recebemos homens e mulheres. Se o senhor não soube fazer do seu menino um homem, a culpa é sua.”
Saí da sala, um tanto chateado por ter sido tão duro no comentário. Já no corredor, encontrei outro colega com quem fiquei conversando até o momento em que aquele pai saiu da sala do chefe de departamento. Aproveitei o reencontro para pedir desculpas por ter dito algo que poderia ser considerado ofensivo. A reação dele me surpreendeu também.
“Não preciso desculpar, pois o senhor tem mesmo razão,” disse. “Eu, na idade do meu filho, já trabalhava duro para sustentar uma família. E trabalhei a vida inteira para dar a meus filhos tudo que não tive. Embora tenha tido sucesso, hoje passo uma vergonha enorme pelo comportamento do meu filho.”
ESCOLA NÃO EDUCA
Aquele caso isolado de anos atrás tornou-se, infelizmente, cada vez mais comum. Nos últimos anos tenho percebido mais e mais problemas de disciplina entre alunos da universidade. São jovens que acreditam piamente que o mundo foi feito para lhes servir. Acham ser as pessoas mais geniais que já habitaram a Terra e que, portanto, não faz sentido tratar diferente alguém que tenha o dobro de sua idade ou usar pronomes de tratamento, como “senhor” ou “senhora”. Não conseguem sequer considerar uma pessoa que limpa o banheiro que eles usam como alguém igual a eles, que merece ser direcionado com um “bom dia” ou um “muito obrigado”. Muitos dos meus colegas professores têm ficado decepcionados com tais comportamentos. Alguns bons profissionais já desistiram da profissão por contrariedade com a falta de educação de muitos desses jovens.