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Qualquer processo formal de avaliação de desempenho no âmbito dos administradores (conselho de administração e diretoria executiva) deve contemplar aspectos de contribuição individual e coletiva, tendo periodicidade anual. O bom funcionamento do processo de tomada de decisão pressupõe um correto entendimento das necessidades individuais e do grupo, seguido de um plano de ação consistente que garantirá a melhoria nos resultados. O objetivo deve ser o bom funcionamento da governança.
Para isso, as dimensões devem ser trabalhadas em entrevistas e questionários com avaliação individual, dos pares e do grupo como um todo. É recomendável que esse processo seja conduzido por um agente externo e que os resultados sejam apresentados de maneira consolidada e tratados individualmente, se for o caso.
Do ponto de vista do conselho de administração, a postura dificultadora levanta questões não pertinentes aos temas tratados, manifesta-se sem contribuir, polemiza em pontos que já entraram em consenso e tende a ser procrastinadora, diminuindo a eficácia das reuniões. A postura passiva limita-se a pauta das reuniões, não propondo questões, raramente se manifesta, dificilmente apresenta discordância em relação aos assuntos, não externaliza e justifica suas decisões em assuntos polêmicos. A postura construtiva há a manifestação com regularidade, se externaliza e justifica em decisões polêmicas, mesmo sem entendimento pleno do assunto expõe opinião com relativo bom senso e contribui com proposições que impactam positivamente os negócios. Por fim, a postura empreendedora vai além da postura construtiva, envolvendo-se fortemente com questões estratégicas, atuando como agente alavancador em busca de oportunidades de negócio.
Dentro do processo de autoavaliação deve-se buscar aproximar todos os membros, respeitando as limitações individuais, da postura construtiva ou até empreendedora. As competências individuais de um conselheiro devem estar ligadas à capacidade de ler, entender e interpretar relatórios financeiros e gerenciais; ausência de conflitos de interesse; alinhamento com os valores da empresa; conhecimento das melhores práticas de governança corporativa; visão estratégica; disponibilidade de tempo; integridade, motivação e trabalho em equipe; e compreensão profunda sobre o setor de atuação e negócios da empresa.
Já no colegiado podem existir os conselhos passivos, certificadores, envolvidos, interventores e operadores. Em relação à diretoria executiva o alinhamento com o plano de negócio e planejamento estratégico, postura ética e esforço para melhoria dos controles e fluxo de informação entres os órgãos da administração são alguns dos critérios.
As dimensões de avaliação podem ser agrupadas em aspectos legais, societários e institucionais; estratégia; transações; operações; recursos humanos e organização; gestão financeira; gestão de riscos; relações externas; eficácia do presidente e governança.
Em um processo estruturado de autoavaliação dos administradores podem surgir pontos de melhoria ligados a bom uso do calendário de reuniões, maior ênfase para as discussões estratégicas, revisão de procedimentos e regimentos internos, implantação formal de uma cultura e política de gestão de riscos, melhorias no processo de indicação e eleição de novos membros para o conselho, maior clareza nas responsabilidades do CA e diretoria executiva, uso de ferramentas eletrônicas para gestão da informação do conselho, reforço de competências específicas, existência de comitês, critérios de diversidade etc.
É importante dentro de um processo amplo de avaliação e aprimoramento de toda governança incluir o escopo e trabalho dos comitês. Alguns questionamentos podem ser feitos em relação a todo os agentes:
O foco de qualquer processo de autoavaliação dos administradores deve ser a melhoria do processo de tomada de decisão, se concentrando no conselho de administração, comitês e diretoria executiva. Um processo formal, periódico e propositivo em termos de melhoria costuma agregar valor. Recomenda-se, ainda, divulgar o resultado de forma consolidada nas assembleias, inclusive demonstrando as melhorias de um período para o outro.
Rafael S. Mingone
é sócio-diretor da RMG Capital, professor da Trevisan Escola de Negócios e coordenador dos cursos de MBA em mercado de capitais e empreendedorismo e gestão.
rafael@rmgcapital.com.br