Relações com Investidores

RELAÇÕES COM INVESTIDORES & A PEQUENA E MÉDIA EMPRESA

Pequenas e médias empresas devem incorporar a cultura de pres­tação de contas, antes mesmo da tomada de decisão por uma capitalização por meio do mercado de capitais. Isso, inclusive, se bem planejado e executado, só contri­buirá com uma eventual ida ao mercado.

A depender do tamanho da empresa, o custo de montar uma área de relações com investidores pode ser superado em um primeiro momento por um grupo de profissionais que atue de forma integrada nesse sentido. O uso de uma comissão específica para tal fim pode ser um caminho. Sendo uma área específica ou grupo de trabalho, deve haver um conjunto de com­petências reunidas, como em comunicação, contabilidade, finanças, controladoria, direito, marketing e assessoria de imprensa.

Um programa de RI pode começar pelo estabelecimento do fluxo de informação e interação entre as diversas áreas da empresa. Selecionar e capacitar os profissionais que serão as vozes da empresa é fundamental. Um orçamento para a área de RI é importante, pois dis­ciplina as atividades necessárias e garante a sua continuidade. Também é fundamental o aspecto de retroalimentação do diálogo entre a empresa e o mercado, no qual os responsáveis por essa comunica­ção sejam profundos conhecedores da companhia e do setor de atuação.

Conforme o estudo “Relações com Investidores: da pequena em­presa ao mercado de capitais”, publicado em conjunto pelo Ibri e pela CVM, entre os itens de despesas estão a realização de reuniões públi­cas com analistas e investidores, elaboração e manutenção do website, teleconferências e elaboração e publicação de relatórios. Gastos com publicidade legal, traduções, pesquisas e serviços jurídicos devem ser considerados. Utilizar-se de tecnologias, como Customer Relationship Management (CRM), sistemas integrados de gestão e ferramentas modernas de comunicação é imprescindível.

A criação de uma política de divulgação, aprovada pelo conselho consultivo (ou de administração), deve ser uma das primeiras tarefas. Ela disciplinará todas as atividades, considerando inclusive os momen­tos de crise em que a comunicação é primordial para a manutenção da confiança dos agentes do mercado. Evitar informações imprecisas e desconexas, e garantir a simetria nos mais diversos canais de comu­nicação, clareza no tratamento de informações confidenciais e controle gerencial são práticas a serem abordadas na política de divulgação.

A atividade de relações com investidores é requi­sito obrigatório para empresas abertas, porém as preocupações e os fundamentos servem para todas. Isso melhora a gestão empresarial e o relacionamento com potenciais provedores de recursos. Todos esses aspectos serão revertidos em ganhos, uma vez que, ao se colocar para o mercado, a empresa estará mais bem pre­parada e consciente de seus desafios internos. Tudo o que é convertido para a realidade da pequena e média empre­sa cria um ambiente positivo de transformação pelo simples fato de promover o equilíbrio combinando recursos próprios e de terceiros.

A agenda do RI, ou grupo de trabalho, deve acompanhar as trans­formações ocorridas na empresa, incorporando cada vez mais uma agenda evolutiva, seja quanto aos aspectos do dia a dia da comissão, seja em relação à estruturação de uma área específica, que garanta o pleno atendimento ao estado da arte dessa atividade. A BM&FBOVESPA disponibiliza uma ferramenta de fácil uti­lização para identificar o estágio em que as empresas estão. Por meio de perguntas, a ferramenta visa mapear as competências, sugerindo um plano de ação. Acesse: http://vemprabolsa.com.br/diagnostico

O mercado financeiro e de capitais assume importân­cia direta, uma vez que mobiliza e direciona, de maneira eficiente, os recursos da poupança popular para projetos de investimento. Ao final da década de 1960, divulgou-se que a revolução industrial teve de esperar o surgimento do mercado de capitais, pois somente ele viabilizaria os projetos de longa maturação, capital intensivo e nível de liquidez adequado. Outros tantos estudos confirmam a relação entre desenvolvimento econômico e social e o mercado financeiro e de capitais. Ele se carac­teriza como fator preponderante para a sociedade, uma vez que viabi­liza diversas operações comerciais, de financiamento e investimento.

Em relação à pequena e média empresa existem os instrumentos de renda fixa como securitização de recebíveis (FIDC, CRIs e CRAs) e as debêntures com esforços restritos. Já no que diz respeito a equity existem os fundos de venture capital e private equity e o Bovespa Mais. Boa governança e gestão garantem previsibilidade e conhecimento sobre as reais necessidades de capital.

Como crescer com o Mercado de Capitais?

Diante de um cenário em que a mortalidade das empresas é alta, como criar um ambiente favorável ao desenvolvimento econômico e social de longo prazo? A incorporação de boas práticas de governança e gestão é um caminho seguro para que as PME trilhem o seu cresci­mento. Diversas são as dificuldades que o ambiente oferece a elas. Mes­mo assim o segmento de pequenas e médias empresas neste país é responsável por boa parte da geração de riqueza e se apresenta como importância fundamental para a nossa economia. Sendo assim, o livro de Rafael S. Mingone: “Capitalização de pequenas e médias empresas: Como crescer com o mercado de capitais” (Trevisan Editora), propõe três caminhos de desenvolvimento a partir da incorporação de boas práticas de governança e gestão, ao mesmo tempo em que sugere o mercado de capitais como alternativa de capitalização no longo prazo.


Rafael S. Mingone
é sócio-diretor da RMG Capital, professor da Trevisan Escola de Negócios e coordenador do curso de graduação em administração, do MBA em mercado de capitais e dos programas de capacitação para conselheiros de administração. Também é professor do Instituto Educacional BM&FBOVESPA.
rafael@rmgcapital.com.br


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