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O ano de 2019 tem sido de recordes para o investidor brasileiro. Neste ano, registramos um milhão de investidores pessoas físicas na Bolsa (B3). Mesmo que embrionário, para nós este crescimento é apenas o começo. O total de contas cadastradas na B3 exemplifica a retomada do interesse dos brasileiros na Bolsa - um em cada cinco aplicadores é pessoa física. Isso demonstra a evolução nos quadros nacionais, já que o Brasil não alcançava tal marca há 8 anos.
Não há como ignorar que os números atingidos possam ter alguma contestação, afinal parte dos CPFs é contabilizada de forma duplicada (um mesmo indivíduo pode ter conta em duas corretoras diferentes) e a saída do estrangeiro da Bolsa favoreceu o aumento percentual de pessoas físicas. Porém, diversos são os catalisadores que justificam e validam os recordes atingidos.
A queda de mais de 50% da taxa Selic nos últimos 3 anos, aliada ao excelente desempenho da Bolsa no mesmo período (saindo de 43.000, em 2016, para os 100.000 pontos atuais), criou o cenário adequado para a migração. Majoritariamente conservador e com investimentos em renda fixa, o brasileiro conseguia, na época da Selic a 14% ao ano, retornos elevados sem correr riscos significativos. Com a taxa em constante queda e chegando aos atuais 6%, alcançar o dogmático 1% ao mês não é mais possível sem aceitar arriscar um pouco mais. Sendo assim, o contexto de juros baixos e os chamativos retornos do Ibovespa contribuíram para o crescimento deste setor no país.
No entanto, o crescente número de CPFs na Bolsa traz algumas questões de importante discussão. Grande parte dos investidores entram no mercado financeiro sem ter um conhecimento base e isso acaba levando, na maioria das vezes, a decisões erradas e expectativas de curto prazo irreais. Considerando que investimentos em renda variável são - como a própria palavra diz - variáveis, investir sem fundamentação teórica pode ser muito arriscado. É importante que os brasileiros, além de fundamentar suas teses de investimento, entrem com uma perspectiva de longo prazo, apostando em empresas e não em momentos.
Outro motivo que beneficia o crescimento dos investimentos no Brasil é a aprovação da Reforma da Previdência. Tal medida ajuda a aumentar a confiança do mercado no país, uma vez que demonstra o interesse e a responsabilidade em manter as contas públicas equilibradas, diminuindo o déficit fiscal enfrentado atualmente e atraindo investidores externos, propiciando um cenário otimista para os próximos anos.
Um dado interessante que ajuda a corroborar este momento da Bolsa brasileira veio na última carta mensal da JGP, uma das maiores gestoras de recursos independentes do país. Segundo eles, o saldo estrangeiro estaria positivo em R$15 bilhões até 31 de julho, se considerarmos a entrada de capital via ofertas de ações (IPO/follow-on), comprovando o ânimo do exterior com o país, apesar do cenário externo complicado.
Dessa forma, vemos que o campo é fértil para o brasileiro na Bolsa de Valores. Há bastante espaço para crescimento nessa área, já que apenas 0,5% da população investe na B3. Contudo, é preciso sempre buscar entender o funcionamento do mercado e alinhar as expectativas com objetivos reais para evitar frustração do investidor e uma ideia equivocada do investimento em ações.
Lucas Prado Marques
é sócio da 3A Investimentos e Head da Renda Variável.
lucas@3ainvestimentos.com.br