Em janeiro de 2021, a M. Dias Branco, empresa na qual trabalho como diretor de Relações com Investidores e Novos Negócios, passou a integrar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, ao lado de outras 38 companhias abertas. Integrar o ISE não foi uma linha de chegada, mas a reafirmação de um compromisso de sustentabilidade ambiental, governança corporativa e responsabilidade social que, ao longo dos anos, tem mudado a cultura da empresa.
Nossa jornada foi iniciada oficialmente em 2014, quando estruturamos uma agenda de sustentabilidade e criamos oito grupos de trabalho comprometidos com as mudanças almejadas. Naquele mesmo ano, apresentamos ao mercado o primeiro relatório de sustentabilidade no padrão GRI (Global Reporting Initiative). Esta metodologia ajudou a companhia a trilhar um caminho muito claro em relação às mudanças relacionadas às questões na esfera ambiental, social e da governança corporativa e a mensurar os impactos de todas as ações.
Também utilizamos o ISE e outros instrumentos disponíveis para criar um conjunto de referências que ajudou a alimentar o trabalho. Ter metas claras de onde se deve chegar é fundamental. A agenda de mudanças climáticas já estava em nossas preocupações, mas com as métricas propostas pelo ISE passamos a fazer inventário de gases de efeito estufa e a envolver os colaboradores da M. Dias Branco. E trouxemos especialistas de mercado para dialogar com os nossos colaboradores.
Desde o início, os controladores da companhia patrocinaram a causa e apoiaram essa jornada, trazendo a visão do que é relevante para a empresa e a sociedade e buscando o equilíbrio entre a agenda de sustentabilidade e os resultados financeiros. E é importante que seja assim.
Nessa jornada, tomamos decisões bastante ousadas, mas que rapidamente foram absorvidas pelos investidores. Um bom exemplo é o fato de uma companhia que consome anualmente milhares de toneladas de ovos na produção de massas alimentícias ter decidido assinar, em maio de 2019, o compromisso pelo bem-estar animal cage-free. Nos comprometemos a utilizar em todos os nossos produtos apenas ovos de galinhas 100% livres de gaiolas, completando a transição até 2025. Sabemos que a produção brasileira de ovos de galinhas livres ainda é marginal, não suprindo nem de longe a demanda da indústria. Mas, como líderes brasileiros em massas e biscoitos, entendemos que é nosso papel patrocinar esta mudança, trabalhando em parceria com os fornecedores.
Outro ponto que olhamos com muita atenção desde a abertura de capital, em 2006, é a governança. É claro que as companhias com governança robusta e transparente não apenas atraem os investidores, como engajam colaboradores e parceiros. Como reconhecimento, recebemos em 2020, pelo quarto ano consecutivo, o Troféu Transparência concedido pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Por fim, procuramos fazer ações sociais no dia a dia, não nos restringindo a doação de recursos financeiros e alimentos a dezenas de entidades sociais próximas às 15 unidades industriais da companhia espalhadas pelas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Um projeto do qual nos orgulhamos imensamente é o Projeto Escola, que reflete muitas das crenças do fundador da companhia, Sr. Ivens Dias Branco, e que já trouxe milhares de crianças à sede da M. Dias Branco, em Fortaleza. Neste programa, as crianças passam um dia divertido e educativo na fábrica e têm a oportunidade de entender o processo de produção de massas, biscoitos e torradas e participar de ações educativas sobre meio ambiente e cidadania. Para muitas delas, isto se torna uma inspiração para o futuro profissional.
Integrar o ISE da B3 não é apenas uma conta de chegada. Hoje o trabalho de sustentabilidade que vem sendo feito diariamente está no DNA da empresa. Tanto que, também em 2020, aderimos aos dez princípios do Pacto Global da Organização das Nações Unidas. Acreditamos que a régua vai subir continuamente no Brasil e no mundo e já ficou clara a correlação entre a sustentabilidade empresarial e a avaliação de risco das companhias. Investidores estrangeiros e brasileiros olham com atenção para a agenda ambiental brasileira e já são capazes de separar o joio do trigo, buscando, por exemplo, aquelas capazes de neutralizar o carbono que produzem, que respeitam seus colaboradores e consumidores, que abrem suas portas para a diversidade e tomam decisões em prol da sociedade, olhando sempre para o longo prazo.
É importante ressaltar que a entrada no ISE faz com que nossos colaboradores fiquem ainda mais confiantes de que estamos no caminho certo e devemos seguir nessa jornada.
Fabio Cefaly
é diretor de Relações com Investidores e Novos Negócios da M. Dias Branco.
fabio.cefaly@mdiasbranco.com.br