Comecei este artigo pelo título, pensando em falar sobre dividendos, carteira de yield e estratégia defensiva para um mercado que não “decola”. Mas toda vez que olhava aquele “D” estampado, o que vinha à mente era outra coisa, que nada tinha a ver com meu intuito mas tudo com as causas que trouxeram o mercado de ações à essa situação em que eu recomendaria prudência.
Afinal, não é de hoje que o mercado não anda. Dilma assumiu com o Ibovespa já em queda e próximo a 70.000 pontos (69.962 no primeiro pregão de 2011) e hoje (24/06/2014) entrega-nos um mercado “animado” com 54.281 pontos, depois de 22,4% de perda nominal num período de alta inflacionária. Mas é claro que não se pode atribuir somente a ela toda a responsabilidade pela baixa performance de um mercado que é globalizado. Ela é apenas presidente, e governa com um congresso de ilustres representantes que formam sua base política. Trabalha para o País e não para o mercado. E sei, também, que o mercado não esperaria outra coisa.
Para os inocentes otimistas que viam este um ano de retomada de IPOs, que enxergaram oportunidades no middle-market e nele investiram recursos e energia para trazer boas companhias para o mercado, 2014 certamente está sendo uma decepção.
Excluindo o carry-over de IPOs que acabou saindo por “decurso de prazo”, nada quantitativamente relevante foi feito, simplesmente porque o mercado não anda. Nem mesmo a generosidade “desinteressada” do Ministro Mantega, com suas medidas de desoneração tributária para incentivar o investidor, está sendo capaz de reduzir a constante gravitacional do mercado.
Nasci ouvindo dizer que o Brasil é o “país do futuro”, mas isso já era coisa lá do tempo de Stefan Zweig (dito em 1941), ao contrapor Jorge Amado que disse (em 1930) que o Brasil é o “país do carnaval”. Até agora, ambos continuam certos. Só que já é mais do que tempo de sermos o “país do presente”, de encararmos com seriedade as coisas, sem precisarmos perder nossa alegria.
A Europa está economicamente idosa e, mesmo sendo primeiro mundo, vive de aposentadoria, a Ásia mais velha ainda, embora temporariamente revitalizada e comandando o mundo com as maravilhas do “viagra” econômico, enquanto a América obsoletou-se após 2001 com o desgaste de seu desvirtuado sonho democrático. Restamos nós e mais ninguém, até que a África vire uma nação “independente”.