Desde que foi testado pela primeira vez, em 2004, o rodízio de auditores é alvo de controvérsias. Muitas empresas argumentam que a rotação aumenta os custos e prejudica a qualidade do processo de fiscalização, pois é preciso mais esforço das firmas de auditoria e contabilidade para se adaptar aos novos clientes. Já os defensores do rodízio obrigatório alegam que relações de longa data entre auditor e empresa acabam criando um ambiente de relaxamento que não favorece o trabalho de fiscalização.
Ao longo dos anos, reguladores de todo o mundo têm entendido que o rodízio de firmas de auditoria representa uma abordagem possível para considerar independência e outros aspectos relativos à qualidade da auditoria. Alguns também o têm usado para tentar promover mudanças na estrutura da profissão.
O tema foi amplamente discutido e debatido nos mercados economicamente mais desenvolvidos por anos. “No caso dos Estados Unidos, a questão foi várias vezes colocada em pauta e descartada, inclusive recentemente, por não ser considerada uma medida que agregue mais qualidade ao processo de auditoria. Já na União Europeia o assunto está em plena ebulição, como uma reação à crise financeira iniciada em 2008”, afirma Edison Arisa, sócio da consultoria PwC.
No caso das companhias abertas brasileiras, reguladas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o rodízio mandatório de firmas foi instituído pelo regulador em 2000 com prazo de 5 anos e vem se mantendo até os dias atuais. Somente uma modificação mais relevante aconteceu em 2012, onde após um novo processo análise, decidiu-se pelo alongamento do prazo de 5 para 10 anos, condicionado às companhias instituírem um Comitê de Auditoria Estatutário, mesmo assim com o requerimento que o auditor anterior fosse substituído.
Os proponentes sugerem que o rodízio reforça a independência dos auditores, aumenta o ceticismo profissional, evita um relacionamento muito estreito entre o auditor e a auditada e limita a dependência econômica das firmas em relação às empresas. Também acreditam que o rodízio pode ajudar a reduzir a concentração no mercado, criando oportunidades para as firmas de menor porte.