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A despeito do pessimismo que ronda a economia brasileira, os investidores estrangeiros continuam considerando o País na hora de diversificar seus investimentos. E a BM&FBovespa continua atraindo esses olhares mais atentos. Recentemente estive em reuniões com investidores na Inglaterra e nos Estados Unidos, promovidas por grandes bancos de investimento, e ficou muito claro que o interesse pelo Brasil é crescente, embora haja dúvidas sobre os rumos de nossa economia.
Durante essas reuniões, o grande desafio para os profissionais de RI atualmente é, de fato, explicar o Brasil. Mais do que os fundamentos das empresas em si, o interesse é focado em entender o ambiente dos negócios, as dificuldades setoriais, a política, os subsídios e o que está mudando em relação à poupança e ao crédito. Há grandes diferenças entre a visão dos europeus e dos norte-americanos sobre o País e, consequentemente, no que poderá atraí-los para cá.
Os europeus têm uma dose de crença no Brasil fundamentada no longo prazo. Eles entendem melhor o fato de que muitas de nossas instituições ainda estão sendo construídas e acham que os problemas pelos quais passamos, como a grande volatilidade cambial, não são apenas brasileiros. Para eles, estamos conectados a um universo globalizado e acabamos afetados. Com essa visão conservadora, também buscam companhias para investir no longo prazo, pois acreditam que o câmbio continuará oscilando, mas trará resultados positivos e estáveis à frente.
Já nos EUA existe a crença de que nossa taxa de câmbio em relação ao dólar ficará vinculada à elevação das taxas de juros que o FED pode fazer a médio e longo prazo, causando grandes movimentos em todo o mundo. Com a esperada elevação dos juros nos EUA e a consequente valorização do dólar, o custo de bens e serviços no mundo inteiro se tornará mais barato, estimulando ainda mais o consumo. Em algum ponto, a “roda da fortuna” voltará a girar, beneficiando também os países emergentes e exportadores de commodities, como nós. Na comparação com os europeus, porém, os americanos enxergam mais entraves para investir aqui. Embora o Brasil represente uma das maiores economias do mundo, eles consideram que as regras de negócios são extremamente burocráticas e difíceis de compreender.
Há um ponto comum, no entanto, na visão de americanos e europeus: dentre as economias emergentes somos a mais equacionada do ponto de vista social e político, especialmente se compararmos com Índia e China. Isso demonstra grandes oportunidades de desenvolvimento: o país é enorme, o mercado consumidor é espetacular e a renda, embora pequena, tem tendência ao crescimento. Além disso, não há entrave ao fluxo de capital. O investidor estrangeiro entende que é fácil o envio de dinheiro ao país e não há problemas com retirada de recursos.
Olhando a nossa base de acionistas, percebo que, pela primeira vez desde a crise de 2008, estamos tendo um aumento substancial de investidores estrangeiros em relação ao local. O apetite existe por um fator simples: mesmo com um ambiente de negócios tão difícil, em poucos lugares do mundo podem-se encontrar empresas com taxas de crescimento tão elevadas e retorno sobre o patrimônio líquido tão expressivo. Ao longo dos últimos sete anos, por exemplo, a EZTEC teve ROE de 24%, algo que é espantoso para um investidor estrangeiro, mesmo em real estate.
Neste cenário, espera-se grande pró-atividade das áreas de RI. Um processo ativo de comunicação sobre o Brasil, o mercado e os fundamentos da Companhia. É fundamental comunicar para os investidores, principalmente os estrangeiros, o que estamos fazendo, ou seja, desenvolvendo um país por meio de exemplos de governança e transparência. Só assim eles podem acreditar que onde pretendemos chegar é um avanço em relação ao que conquistamos até aqui.
Emilio Fugazza
é Diretor Financeiro e de Relações com Investidores da EZTEC.
emilio.fugazza@eztec.com.br