Educação Financeira | Em Pauta | Entrevista | Espaço Apimec |
Fintechs | Fórum Abrasca | IBGC Comunica | IBRI Notícias |
Opinião | Orquestra Societária | Ponto de Vista | Registro |
Tecnologia |
A Confederação Nacional da Indústria publicou no mês passado pesquisa mostrando que um a cada três empresários acredita que a indústria brasileira precisará dar um salto de inovação nos próximos cinco anos, para garantir a sustentabilidade dos negócios a curto e longo prazos. Os dados da pesquisa acendem um alerta: ou investimos em novas tecnologias ou as nossas indústrias em um breve espaço de tempo, não terão grandes chances de se manterem competitivas.
É preciso ficar atento. Estamos vivendo um processo de grandes transformações que alguns especialistas estão chamando de “Nova Revolução Industrial”. Clusters de inovações combinadas e sinérgicas estão emergindo com força e produzindo um efeito disruptivo nas estruturas de mercado, no modo de produzir e fazer negócios.
Hoje, é praticamente impossível imaginar uma empresa moderna fora do contexto digital. Tecnologia de Informação (TI) para uma empresa se tornou tão fundamental como energia elétrica: sem ela nada funciona. Neste processo, as pequenas e médias empresas têm mais vantagens para se adaptar às mudanças que uma grande empresa, por ter agilidade e poucas amarras para travar a inovação.
Um exemplo desta adaptação é o sistema de plataformas em nuvem. As pequenas e médias empresas já adotam os sistemas de armazenamento de dados, pois a maioria já nasce on cloud, o que facilita a adoção de uma infraestrutura de TI mínima e ainda assim muito mais avançada do que era possível há uma década.
Mudanças tecnológicas
Algumas tecnologias já estão mudando e ampliando a produtividade dos negócios de muitas empresas, processo que deve se ampliar nos próximos anos.
Os chatbots, ou agentes digitais, por exemplo, já são usados por um grande número de companhias. Estas interfaces mudam significativamente a forma como as pessoas e computadores interagem, e de certa forma dispensam pessoas para a obtenção de informações de suporte mais simples ou corriqueiras. No Brasil existe uma grande aderência à ideia do chatbot para fazer algum tipo de transação como emissão de nota fiscal eletrônica integrada a serviços de mensagem como o Messenger, do Facebook.
As grandes empresas de varejo, segurança e atendimento aos clientes, além do setor financeiro, já têm apostado nos bots como forma de ganhar mais eficiência no atendimento aos clientes.
Outra tecnologia extremamente relevante é a Inteligência Artificial. Segundo pesquisa realizada pela Salesforce, 83% das empresas que usam alguma forma de Inteligência Artificial nas vendas conseguiram manter seus clientes e 74% conseguiram aumentar a velocidade das vendas.
Mais uma oportunidade é a Internet das Coisas (IoT). Segundo os especialistas, há um potencial enorme em se conectar todas as coisas que nos rodeiam como máquinas, carros, casas e celulares. Esses itens conectados gerarão uma montanha de dados. No entanto, há ainda desafios de infraestrutura, de tecnologia e de viabilidade para extrair valor de tantos dados coletados. Este sistema, portanto, deve abrir, nos próximos anos, um leque de grandes oportunidades.
É recomendável ficar atento para o sistema blockchain, uma tecnologia com ponderável potencial de uso entre empresas. Nos próximos anos ela deve impactar os negócios ao dispensar intermediários como bancos ou autoridades na hora de fazer transações ou assinar contratos. Famoso por servir de base para a moeda virtual bitcoin, o blockchain ainda tem muito a caminhar no Brasil, uma vez que o valor mais expressivo que ele entrega é o incremento exponencial da segurança dos processos e transações digitais.
Processo disruptivo
O que estamos assistindo é um grande processo disruptivo. Soluções que combinam e potencializam inovações intensivas em conhecimento estão sendo introduzidas e difundidas para criar mercados e novos modelos de negócio, acarretando significativos impactos econômicos.
Isso mostra a necessidade de criar estratégias tecnológicas, como alguns países estão fazendo. Nos Estados Unidos os gastos público e empresarial para P&D em 2018 foram da ordem de US$ 533 bilhões (2,7% PIB). A China gastou US$ 279 bilhões (2,3% do PIB) e a Alemanha US$ 105 bilhões (2,8% do PIB).
O Brasil não tem tempo a perder: a poderosa onda de inovações tecnológicas em curso descortina riscos de retrocessos, mas abre grandes oportunidades. Se ficar paralisada, a indústria brasileira perderá substância, capacidade de gerar valor, ou seja, salários, lucros, impostos, novos serviços e empregos.
CINC da Abrasca direciona oportunidades em inovação
Diante de todo esse processo, a Abrasca criou no ano passado a Comissão de Inovação Corporativa (CINC), com objetivo de discutir e analisar as oportunidades e riscos dos movimentos de inovação para as companhias abertas. A proposta da CINC é aproximar de nossas associadas ideias e empresas inovadoras, por meio de debates com especialistas sobre temas específicos.
A Comissão também promove a apresentação de estudos de casos sobre aumento de eficiência e redução de custos a partir da integração de startups nos processos produtivos. Além disso, a CINC vem fazendo matchmaking, o encontro entre especialistas, empreendedores e executivos das nossas associadas.
A CINC conduz três Grupos de Trabalho específicos para tratar de demandas identificadas junto às Companhias Emissoras:
1) GT da Lei Geral de Proteção de Dados - para debater o impacto da Lei nos negócios e criar consenso, entre as associadas, sobre a interpretação de tópicos específicos da lei;
2) GT de uso estratégico de dados legais - para debater o potencial para os negócios de tornar a prestação de serviços de advocacia orientados por dados (Data Driven); e
3) GT de Educação, para debater os impactos da Inovação e Tecnologia nos negócios de educação e, principalmente, na educação corporativa.
As inovações combinadas e sinérgicas oferecem janelas de oportunidade para a indústria brasileira fortalecer capacitações competitivas sustentáveis e desenvolver novas especializações. A livre iniciativa e a liberdade de empreender são os pilares fundamentais para potencializar as oportunidades. O terceiro pilar é simplicidade: temos que inovar inclusive na vocação histórica do país de criar formulários e burocracias para atrapalhar o empresário.
Não há nada que impeça a captura de oportunidades, salvo os limites da nossa própria capacidade de empreender estratégias adequadas ao estágio de avanço das empresas, tendo como referências as tendências tecnológicas e as melhores práticas competitivas.
Inovar é preciso, navegar... também!
Alfried Plöger
é presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA)
abrasca@abrasca.org.br