Relações com Investidores

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES PARA 2020

A função do RI tem evoluído cada vez mais rápido, seja por mudanças em regulamentação, novas tecnologias ou pela dinâmica de um mercado imprevisível. E estar no controle dessas transformações é fundamental para o sucesso.

Para ajudar você a se manter informado e, talvez, contribuir com o seu planejamento para 2020, elencamos as principais tendências de relações com investidores para 2020:

1. Comunicação com o investidor pessoa física
Diante de um cenário de menores taxas de juros no Brasil, estamos vivenciando a entrada de novos investidores pessoa física na bolsa. As empresas passam a enfrentar o desafio de adequar a comunicação para atender as demandas desse crescente público que em 2019 atingiu 1.7 milhão de pessoas físicas.

Total Investimentos

Se quiser atrair esse novo investidor, o profissional de RI precisa ir além da abordagem tradicional voltada à investidores institucionais, como convites para eventos, acesso ao management e ter um canal de comunicação aberto com a área de RI.

O investidor pessoa física tem um perfil mais dinâmico e busca encontrar os dados operacionais e financeiros de forma digital e direta. Ele aprecia soluções mais interativas, como vídeos, podcast, rede sociais e uso intenso de tecnologia. Além de tecnologia, o RI deve traduzir a informação institucional, técnica e cheia de jargões, para uma linguagem direta e simples para esse novo investidor.

Ou seja, cabe agora ao profissional de RI estabelecer uma abordagem multicanal para garantir que a mensagem da empresa seja bem percebida por todos os investidores.

Emrpesas

2. Métricas para mensurar a efetividade do programa de RI
Mensurar o trabalho de um profissional de RI nunca foi uma tarefa fácil, pois os dados raramente se integram. Ao analisarmos apenas o preço da ação, estamos ignorando questões que vão além do trabalho do RI e comprometem a avaliação. Também, mensurar por número de reuniões ou conferências realizadas no período não medem a efetividade das mesmas. O desafio para esse executivo é conseguir expor ao C-Level e Board todo o esforço da equipe de RI visando:

(i) redução do custo de capital;

(ii) geração de valor por meio do aumento do índice resultante entre upside de preço de ação e múltiplo financeiro (sempre relativamente aos pares);

(iii) gestão de base acionária alinhada à estratégia e tese de investimento atual da Companhia;

(iv) domínio do relacionamento com os analistas para menor dispersão entre as estimativas;

(v) medir a conversão de prospects em acionistas decorrentes de reuniões e conferências, para melhor uso do tempo do management e executivos;

(vi) feedback sobre a percepção do mercado com relação a posicionamento e estratégia da própria companhia, de pares e/ou empresas comparáveis;

(vii) Monitoramento para garantir compliance junto aos órgãos regulatórios;

(viii) Articular a proposição de valor: Ter uma tese de investimento com base em premissas e fatos e que exponha claramente as escolhas estratégicas da empresa e sua agregação afetiva de valor com crescimento consistente e sustentável. 

3. Desafios do MiFID II e impactos nos corporate access
O número de analistas sell-side caiu 8% em 2019, de acordo com a Bloomberg. A previsão é de que os orçamentos de analistas de research possam cair de 20% a 30% em 2020.

O MIFID II traz novos desafios para as equipes de RI, principalmente no acesso aos investidores institucionais gestores de portfólio e analistas de buy-side, feito de forma direta e sem a intermediação da figura do broker/banco de investimento.

Para as empresas que perderam uma cobertura significativa, a abordagem de RI deve ser mais pró-ativa. O valor do website de RI, atrelado ao formato e à qualidade dos materiais de comunicação são mais importantes do que nunca. O profissional de RI também precisa ser capaz de identificar e rastrear os investidores com mais eficiência – entender quem está no seu site e o que está fazendo. O cruzamento de analytics do mailing e webcast com a base acionária e estratégia de targeting passam a ser fundamentais.

Investment

4. Adoção de padrões e reporte de fatores ESG
Investidores esperam cada vez mais que os RIs entendam sobre questões ambientais, sociais e de governança corporativa, incluindo dados sobre esse tema nos releases, site e outros materiais de comunicação. ESG já vem sendo discutido por anos, mas ganha cada vez mais relevância. Algumas empresas já incluem tabelas de ESG conforme os padrões do Sustainability Accounting Standards Board aplicáveis à sua respectiva indústria.

EGS

A revista Forbes estima que 1/4 de todo o AUM do mundo já analisa dados de ESG, o que significa que o profissional de RI deve estar preparado para responder questionamentos em reuniões 1-on-1, aumentar o disclosure no site de RI e entender a fundo como ESG pode mitigar os riscos da companhia.

5. Automação de processo para melhor uso do tempo
O profissional de RI está pressionado para entregar novas informações de ESG, disseminar essas informações de forma diferenciada para incluir o investidor pessoa física, ter um papel ativo na busca de novos investidores com a mudança de legislação do MIFID II e manter uma equipe enxuta e eficiente. Nada disso é possível sem o uso de novas tecnologias, que reduzem o tempo gasto em atividades operacionais e permitem um trabalho muito mais direcionado.

Alguns dos principais recursos utilizados são: plataformas de roadshow virtual, vídeos pré gravados para divulgação de resultados, website de RI com atualização automáticas de arquivos CVM e SEC, sistema de disparo de mailing em 1 clique, CRM abastecido com dados de mercado, ferramentas de inteligência para targeting, tecnologia de geração de relatório com consolidação de base acionária do banco custodiante e integração com demais ferramentas do dia-a-dia.

6. Canal estratégico de comunicação: mercado para a empresa
Embora o papel principal da função de RI seja o de se comunicar com investidores, transformar uma conversa de mão única em um diálogo é onde está seu verdadeiro valor estratégico.

O feedback dos investidores é uma informação valiosa para os gestores da Companhia e fornece uma resposta direta de como a empresa é percebida no mercado. Ao fornecer detalhes sobre as preocupações dos investidores, as equipes de RI podem ajudar a diretoria a ter uma melhor noção de como sua estratégia está sendo percebida (planejamento e execução) – permitindo a correção de rumo para garantir o sucesso no longo prazo, além de manter os investidores satisfeitos no curto prazo.

7. Aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (GDPR)
O Regulamento Global de Proteção de Dados (GDPR) da União Européia entrou em vigor em 25 de maio de 2018 e rege a aquisição, processamento e armazenamento dos dados pessoais dos atuais e anteriores residentes da UE.

 A Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia (CCPA) entrou em vigor em 1º de janeiro de 2020 e rege como as empresas processam os dados de indivíduos que vivem na Califórnia. E no Brasil, a LGPD, sigla para “Lei Geral de Proteção de Dados”, entrará em vigor em 16 de agosto de 2020.

Todos esses regulamentos visam proteger os direitos de membros individuais do público. Para as equipes de RI, isso significa ter conversas abertas com seus provedores de serviços sobre como eles estão processando dados e as condições de armazenamento, principalmente com relação a segurança da informação e confidencialidade dos dados, nas fontes de coleta:

  • Utilização de cookies nos Website de RI;
  • Dados de cadastros em plataformas que demandem login e senha;
  • Dados obtidos no formulário de acesso ao Webcast;
  • Dados obtidos no formulário de cadastro no mailing;
  • Dados obtidos no formulário Fale com o RI;
  • Controle de dados provenientes da base acionária via arquivo do Banco Custodiante.

PH Zabisky
é CEO da MZ Group.
ph@mzgroup.com

Amanda Munhoz
é sócia e executiva de vendas da MZ Group.
amanda.munhoz@mzgroup.com


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