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O número de investidores signatários dos Princípios para Investimento Responsável (PRI) cresceu 26% entre abril de 2020 e março de 2021, passando de 2.701 para 3.404. Os dados são do relatório anual 2021 da organização que destaca que os ativos sob gestão desses investidores superou os US$ 120 trilhões, o que aponta para o maior comprometimento dos investidores com o ESG.
Os estudos sobre melhores retornos de portfólios que levam em conta os critérios ESG não são unânimes. Ainda assim, o bom resultado apresentado por carteiras que incluem os critérios socioambientais no processo de tomada de decisão tem feito com que até investidores mais hesitantes ampliem seu olhar para a temática.
A demanda de clientes por oportunidades de investimentos que levam em conta critérios ESG é crescente, bem como a formação de novas casas de investimento com essa abordagem. Avança também a necessidade de capacitação e busca por informações para tomada de decisões sob a ótica socioambiental. E, neste contexto, o rating ESG se tornou uma fonte de extrema relevância para o investidor e gestor que busca analisar a efetividade e o desempenho das práticas socioambientais de uma organização.
No Brasil, a pesquisa de Sustentabilidade ANBIMA realizada com gestoras afirma que a estratégia “best-in-class” é a mais utilizada, representando 47% da amostra. O levantamento global Rate the Raters 2020 da SustainAbility, verifica o uso de ratings ESG no processo de avaliação de ativos. De acordo com o relatório, grande parte dos investidores usam mais de um rating ESG para análise, por conta das diferentes abordagens das diversas casas de análise ESG.
Portanto, na perspectiva da oportunidade, ter uma empresa avaliada por um rating ESG é importante para auxiliar na atração de investidores. O que complica um pouco a equação é que os ratings não são iguais.
As divergências possuem origem nas concepções distintas dos ratings. Segundo a pesquisa do MIT Sloan (Why ESG ratings vary so widely), foi possível determinar que as diferenças na medição explicaram 50,1% das diferenças totais entre os índices de ESG, com divergências no peso dos critérios explicando 13,2% das diferenças, e o escopo de avaliação por 36,7% das diferenças.
Isso ocorre, pois somente nos últimos anos as fronteiras entre avaliação ESG e Impacto vêm sendo diluídas e permeando todas as classes de ativo, isto quer dizer que alguns ratings classificam os efeitos do mundo em seu desempenho (ESG), outros analisam o efeito de seu desempenho no mundo (Impacto). E, por fim, alguns fazem a dupla materialidade, integrando ambos aspectos para a análise de desempenho das organizações.
Isso não significa necessariamente um problema. Dentro desse processo de concepção divergente, ratings ESG orientam sua metodologia de avaliação pela materialidade setorial. Ainda que os pesos dos temas sejam diferentes, as interseções de temas e métricas são significativas e por isso ter uma boa gestão do que é relevante para o negócio é fundamental. Isso significa que qualquer organização que avance de forma estratégica e genuína na agenda ESG terá capacidade de performar razoavelmente bem nos diversos ratings.
Com essa nova perspectiva de análise de investimento um dos maiores desafios para as organizações é a consistência das mensagens. A necessidade de dar transparência às questões mais relevantes são crescentes e com isso as empresas precisam estar cada vez mais preparadas para comunicar de forma consciente e interativa seu modelo de negócio e indicadores chaves para seus investidores.
Felipe Nestrovsky
Head de Consultoria ESG para empresas na SITAWI.
fnestrovsky@sitawi.net
Luise Valentim
Consultora ESG para empresas na SITAWI.
lvalentim@sitawi.net