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CRISE FINANCEIRAS: BRASIL E MUNDO (1929-2023)

Apresentar o mais recente livro de Roberto Teixeira da Costa - Crises Financeiras: Brasil e mundo (1929-2023) - é tanto um desafio como um prazer. Roberto é autor profícuo e reputado e um dos mais conhecidos personagens da história do mercado brasileiro de capitais de cujos primórdios participou, desde os anos 1950, como pioneiro na colocação de emissões primárias de ações junto a pequenos aplicadores, como gestor do fundo Crescinco, diretor do BIB do grupo Unibanco e, nos anos 1970, como fundador e presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Há décadas privamos da companhia do Roberto como empresário, especialista em mercados e conselheiro de inúmeras organizações, entre as quais o Itaú Unibanco, desde a gestão de meu saudoso pai, Olavo Egydio Setúbal.

Dois pontos devem ser destacados. O primeiro é o caráter singular deste livro, escrito por Roberto e coordenado editorialmente pelo jornalista Fábio Pahim Jr., que trata em profundidade de algumas das crises mais impactantes dos mercados globais e do mercado brasileiro, passando pelo crash de Nova York em 1929 e o crash local em 1971.

Baseando-se em extensa bibliografia, com o aporte de documentos inéditos, o texto se vale de autores de livros clássicos sobre o mercado, como Charlie Kindleberger e Robert Aliber, Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart e Edward Chancellor. Estes são citados ao lado de Alan Greenspan, Paul Volcker, Eduardo Giannetti, Roberto Campos, Ney Carvalho, Ivan Sant’Anna, Rubens Ricupero, Ary Oswaldo Mattos Filho, Jorge Caldeira Filho, Bolívar Lamounier e José Júlio Senna, entre tantos intérpretes relevantes da vida brasileira.

São saborosas as histórias sobre a Mania das Tulipas, na Holanda, e da Companhia dos Mares do Sul, na Inglaterra. No Brasil, são descritas as crises do chamado Encilhamento, nos tempos de Rui Barbosa, o crash de 1971 e as tentativas de manipulação de preços das ações da Petrobras, da Vale e do grupo Audi. O Relatório Petrobras, até agora inédito, mostra a primeira investigação da CVM sobre a mais negociada das ações brasileiras.

O segundo ponto é o apoio conferido ao trabalho. Com ele, a Itaúsa reafirma suas relações estreitas com o mercado de capitais. Com mais de 900 mil acionistas, a Itaúsa é uma das maiores companhias abertas do país. Além de aplicar 80% de seus recursos no Itaú Unibanco, investe em papéis de Alpargatas, Aegea, XP Inc., Dexco, CCR e Copa Energia — e pretende expandir esse leque de empresas.

O livro Crises financeiras: Brasil e mundo (1929-2023) ajuda a entender os caminhos encontrados para a superação dos obstáculos e para o desenvolvimento sustentado das operações de equity. Ajuda também a explicar como os mercados reconquistaram confiabilidade após as crises.

O objetivo é a capitalização das empresas, mecanismo essencial para permitir o desenvolvimento do país. Assim como se afigura essencial que dessa capitalização participem acionistas de todos os portes, investindo em nome próprio ou como participantes de fundos de renda variável e, em especial, de entidades de previdência privada, seguradoras e outros investidores institucionais.

Para os investidores, a existência de mercados fundados em princípios éticos, que adotam a agenda esg e mostram capacidade de enfrentar crises, é condição para aplicar e preservar recursos captados ou amealhados ao longo da vida deles.

Ficha técnica: Crises financeiras: Brasil e mundo (1929-2023) - Editora: Portfólio-Penguin, 2023 - 280 páginas.

Alfredo Egydio Setúbal
é Diretor Presidente da Itaúsa.
asetubal@itausa.com.br


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