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Ações concretas para combater o aquecimento global são um desafio premente para a nossa sociedade. E enfrentá-lo com êxito é fator cada vez mais condicionante para o sucesso dos negócios e de geração de impactos positivos para a sociedade. Não é sem razão que a pauta ambiental, social e de governança (da sigla ESG, em inglês) esteja entre as principais preocupações do universo corporativo.
A aderência das organizações às práticas contra as mudanças climáticas começa pelo engajamento de sua liderança: os executivos e os membros dos conselhos de administração. Questão crucial, portanto, é diagnosticar o grau de conhecimento destes líderes e como eles e as empresas que representam estão lidando com o assunto.
Encontramos respostas relevantes na pesquisa Mudanças Climáticas – Avaliação do Nível de Preparo no Tema, lançada pelo IBGC. O relatório traça um panorama sobre a percepção dos administradores, indicando como, na visão deles, o tema é tratado nas organizações em que atuam.
Ao avaliarmos a amostra em geral, sem segmentá-la por setores de atividade e porte dos negócios, alguns resultados se destacam: os respondentes consideram que suas organizações estão “em conformidade” em todos os aspectos avaliados (pegada de carbono, compliance, sentimento, risco e oportunidades). Além disso, em 12 das 17 práticas avaliadas (70,5%), o “estágio meta” almejado é o mesmo no qual a empresa já se encontra (“em conformidade").
Também chama a atenção o fato de que em apenas cinco práticas haja intenção de que as organizações atinjam o estado “proativo” de maturidade (29,5%). São elas: mensuração e identificação da causa da pegada de carbono; desenho de produtos e serviços que minimizem a emissão de gases de efeito estufa; clareza e alinhamento com os sentimentos dos investidores sobre as mudanças climáticas; clareza e alinhamento com os sentimentos dos clientes B2B sobre as mudanças climáticas; e estratégias de longo prazo, planos e recursos para mitigar riscos, garantir resiliência e administrar a transição.
Preocupa também, de modo especial, que as organizações não têm, na média, ambições de serem “líderes” em nenhuma das práticas avaliadas. É fundamental que o universo corporativo seja um dos protagonistas no combate ao aquecimento global, como influenciador e disseminador de boas práticas, e que as empresas estejam preparadas para lidar com os riscos e aproveitar as oportunidades relacionadas ao tema.
Um recorte da pesquisa que, a nosso ver, também merece atenção é que 45,3% dos respondentes não conhecem a pegada de carbono de suas operações e 28,8% informaram estar “em conformidade”. A maioria também tem dificuldade em medir as emissões no contexto da cadeia de fornecedores.
Enquanto isso, quando analisamos em relação ao porte das empresas, as que têm faturamento até R$ 20 milhões e aquelas acima de R$ 1 bilhão encontram-se “em conformidade” com todos os aspectos avaliados. Nas demais faixas, os respondentes consideram que as organizações estão “despreparadas” para lidar com um ou mais dos aspectos analisados: pegada de carbono, compliance, sentimento, risco e oportunidades.
As cooperativas são as menos avançadas, sendo consideradas “despreparadas” em nove das 17 práticas avaliadas, seguidas pelas sociedades limitadas, com seis práticas. As sociedades por ações de capital fechado, as de capital aberto e as organizações do terceiro setor se consideram “em conformidade” em relação a todas as práticas.
O que podemos concluir até aqui? Podemos comemorar importantes conquistas, mas ainda são necessários muitos avanços para que as organizações estejam de fato engajadas no combate e na adaptação em relação às mudanças climáticas. Devemos persegui-los, pois a atividade empresarial tem peso significativo na meta estabelecida no Acordo de Paris: que é manter o aquecimento global abaixo de dois graus Celsius.
Nessa jornada, que é de todos nós, a informação é decisiva. A iniciativa Chapter Zero Brazil, liderada pelo IBGC no país, tem o compromisso de sensibilizar e capacitar os conselheiros de administração e as lideranças empresariais para que identifiquem os riscos e oportunidades que a emergência climática representa. É fundamental que as empresas de todos os setores e portes tenham subsídios consistentes para fazer sua parte nessa agenda prioritária do planeta que não pode mais esperar.
Valeria Café e Luiz Martha
são, respectivamente, diretora de Vocalização e Influência e gerente de Pesquisa e Conteúdo do IBGC.
comunicacao@ibgc.org.br