São Paulo, 21 de novembro de 2023 - Dirigimos essa carta a todas as lideranças empresariais, inclusive nós, influenciadores organizacionais. Sim, queremos falar com todos nós, que comandam empresas de todos os portes, tamanhos, setores da economia, nacionais ou multinacionais que geram seus resultados aqui no nosso Brasil.
Estamos há menos de duas semanas que nos separam da COP 28, em Dubai, esse chamado é crucial e urgente.
Face à catástrofe, que estamos vivendo, dos impactos das Mudanças Climáticas em nossos biomas, em especial na Amazônia e Cerrado, não podemos fechar os olhos, ouvidos e bocas e fingirmos que não somos totalmente responsáveis por essa situação catastrófica. O problema não está lá fora, até porque não existe “lá fora” num planeta onde todos somos dependentes. Deixe de lado o conformismo e a indiferença, achando que “alguém” vai resolver. Somos todos responsáveis.
Falar de Mudanças Climáticas vai além de discutir sobre o planeta alguns graus mais quentes. É também falar sobre a nossa segurança alimentar, sobre o impacto dos desastres naturais na vida de mulheres e meninas, sobre a preservação dos direitos dos povos originários e das florestas.
Precisamos de mais regulamentações e fiscalizações efetivas, mas não podemos simplesmente esperar por ações do poder público, pois leis e regulamentações dizem o que você pode fazer, mas valores dizem o que você deve fazer e, tem uma enorme diferença entre fazer o que é permitido e fazer o que é certo.
“É hora de repensar como vivemos, como consumimos, como trabalhamos e como nos preparamos para os eventos extremos que serão cada vez mais frequentes e catastróficos. O ano de 2023 será lembrado pelo marco da chegada de um novo momento da história: a era da adaptação às Mudanças Climáticas. Há décadas, a ciência vem alertando sobre a gravidade do problema e a urgência de medidas para evitar cenários graves. Infelizmente, essas medidas não vêm sendo tomadas na velocidade e na escala apropriadas. Agora, temos que lidar com as consequências disso.” - Virgílio Viana, superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável – FAS
Não podemos continuar dizendo que o ESG não é economicamente viável. Essa visão é míope e egoísta, do acionista e CEO, que consideram apenas a maximização dos seus interesses. Quando é que vamos cuidar e celebrar os impactos positivos na sociedade e no meio ambiente, como celebramos o aumento das vendas e do EBITDA?
Precisamos de uma (r)evolução da consciência, da moral, da ética e da humanidade destas lideranças.
Temos que deixar o egoísmo e apatia de lado, focar no ser humano, na vida na Terra, na garantia de um futuro digno e sustentável para as próximas gerações.
A caminho é olhar para dentro. Entrar em contato com sua própria humanidade e natureza, nutrir sua dimensão espiritual, cuidar de seus traumas e sombras. .
Os maiores responsáveis pelas Mudanças Climáticas são os gases de efeito estufa, emitidos principalmente em decorrência dos COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS e o DESMATAMENTO e USO DA TERRA. É aqui que precisamos de uma ação conjunta da iniciativa privada e do poder público com determinação, coragem e olhar humanizado para o longo prazo, mas temos que agir agora.
Todos sabem o que deve ser feito, por isso não cabe aqui ratificar o básico, como descarbonização de nossas emissões, mudança de nossa matriz energética, reflorestamento, combate às desigualdades sociais, por meio de oportunidades reais às pessoas de baixa renda e baixa escolaridade, inclusão e diversidade, igualdade de gênero, produção e consumo responsáveis e uma transição para uma economia circular, uma governança mais ética, humana e sustentável.
O Capitalismo Consciente Brasil, clama para que as lideranças empresariais, ajam enquanto ainda há tempo, como disse o presidente Barack Obama: “Somos a primeira geração a entender completamente as Mudanças Climáticas e a última que ainda pode dar um jeito nela”. Cabe a nós, líderes, mudarmos o rumo das empresas.
Já não é uma questão da relevância do risco climático, é uma materialização que impacta resultados dos próprios negócios. Além disso, a visão e implementação da governança multi stakeholders, se faz ainda mais necessária e urgente, para que haja um efeito positivo em toda cadeia de valor.
O que a sua organização faz para protagonizar as necessidades do país? Iniciativas sociais, educacionais, ambientais, estruturais, entre outras?
Esse é um chamado para mudarmos nossas atitudes atuais.
“Negócios são uma forma organizada, escalável, gratificante e autossustentável para os seres humanos se desenvolverem e, servirem aos outros, sem causar danos no processo.” - Raj Sisodia, professor emérito e cofundador do Conscious Capitalism Inc.
Hugo Bethlem
é presidente do Instituto Capitalismo Consciente Brasil.
hugo@ccbrasil.cc