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Investidores, credores e órgãos reguladores têm exigido cada vez mais das empresas uma abordagem estratégica e abrangente para lidar com os desafios ambientais, sociais e climáticos. Apesar desse movimento crescente, a governança focada em questões climáticas ainda não é uma prioridade para a maioria dos Conselhos de Administração no Brasil. E alguns dados mostram isso.
De acordo com a 2ª edição da pesquisa “Board scorecard: a atuação dos conselhos frente aos impactos climáticos e à estratégia net zero” lançada em 2023 pelo IBGC e por sua iniciativa Chapter Zero Brazil, apenas 39,3% dos respondentes sinalizaram ser uma prática pautar a questão climática pelo menos quatro vezes ao ano na agenda do conselho.
Enquanto isso, a definição de metas e métricas e a transparência em relação ao tema parecem ser alguns dos maiores desafios das organizações, como mostrou o estudo “Mudanças Climáticas – Avaliação do Nível de Preparo no Tema”, realizado pelas mesmas organizações.
Com isso, o que se nota, é que a ausência de informações relacionadas à sustentabilidade, e seus pilares social e ambiental nos relatórios de demonstrações financeiras impede uma gestão eficaz dos riscos e oportunidades nessas áreas essenciais. Como contribuir para, então, mudar este cenário?
Para começar, compreender que as organizações atuam em uma relação de interdependência com os ecossistemas social, econômico e ambiental, já é um importante primeiro passo para conselho e gestão. Depois, somar esforços com os seus stakeholders, que possuem real comprometimento com a pauta ambiental é um próximo caminho.
Recentemente, as normas IFRS S1 e S2, emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), traduzidas e adaptadas para o nosso país pelo Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade, foram concebidas para atender às expectativas dos investidores por informações mais transparentes, comparáveis e conectadas com as demonstrações financeiras e que sejam estritamente materiais do ponto de vista financeiro.
O IBGC e Chapter Zero Brazil elaboraram em conjunto o “Guia para conselheiros: normas de sustentabilidade IFRS S1 e S2”, lançado em agosto. O guia chega ao público, após a resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliário (CVM) determinar que, a partir de 1º de janeiro 2026, as companhias abertas registradas na -CVM nas categorias A e B deverão adotar as novas normas, demonstrando seu compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade socioambiental.
O que dizem as normas?
Enquanto a norma IFRS S1 diz respeito à divulgação de riscos e oportunidades de sustentabilidade -, a IFRS S2 -contempla as informações financeiras relacionadas sobre os riscos climáticos físicos e de transição, e oportunidades climáticas do negócio- que podem afetar o fluxo de caixa, o acesso ao financiamento ou o custo de capital, além do desempenho no curto médio e longo prazos. E ambas endereçam os tópicos que tangem a governança, estratégia, administração de risco, métricas e metas.
Alguns exemplos de riscos de sustentabilidade que podem impactar os negócios são: os climáticos, de governança, de compliance, perdas de recursos e os geopolíticos. Especificamente com relação à governança: a falta de transparência, de letramento dos conselheiros nos riscos ESG e de accountability.
Por outro lado, as oportunidades de sustentabilidade possivelmente materiais são: inovação, eficiência, governança, recursos e resiliência. No que se refere à governança: melhoria da transparência perante os stakeholders na divulgação de informações e accountability.
A relação custo-benefício de identificar e divulgar riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade é positiva, além de necessária. Essa transparência ampliada pode até mesmo resultar em uma reavaliação do valor dos ativos das empresas, relacionados à sustentabilidade. Os esforços é que ainda precisam ir além para aumentar a confiança do mercado e de todos os stakeholders, ao mesmo tempo que abrem caminho para a adoção de práticas empresariais responsáveis e que geram impactos socioambientais positivos e sustentáveis.
Sandra Morales
é gerente de Impacto Socioambiental do IBGC.
comunicacao@ibgc.org.br