Em Pauta

MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO EM CRISE

O mercado de capitais brasileiro saiu do radar das empresas e dos investidores - e o principal motivo, unânime entre analistas, administradores de recursos, conselheiros e consultores, está na política econômica do governo Dilma Rousseff, que resultou em fraco desempenho do PIB (Produto Interno Bruto), cujo crescimento foi de apenas 2,3% em 2013, além de mudanças em marcos regulatórios como o de concessões do setor elétrico e de exploração do petróleo, que resultaram em perdas expressivas para as empresas desses setores, jogando o principal índice de preço de ações no país, o Ibovespa, para a lanterna dos ganhos em bolsas de valores. Em 2013, o Ibovespa caiu 15,5%, o pior resultado entre bolsas de 48 países.

Segundo Thomas Tosta de Sá, superintendente do IBMEC (Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais), as perdas da Petrobras são superiores a mais de 10 anos de bolsa família. O Brasil tem condições de obter um volume gigantesco de capital estrangeiro, via mercado de capitais, se houver mudança na política atual, observa ele. Em 2013, a Petrobras teve um lucro de R$ 23,6 bilhões, elevação de 11% em relação ao ano anterior, mas mesmo assim o segundo menor dos últimos seis anos. Em 2012, o lucro caiu 36% em relação á 2011.

De acordo com o economista Antonio Madeira, da LCA Consultoria, depois da nova política de exploração de petróleo as ações da Petrobras despencaram. Na oferta pública de novas ações ordinárias realizada em 2010, operação com a qual a empresa obteve US$ 70 bilhões para investimento, os papéis foram vendidos a R$ 30,10. Fecharam 2013 a R$ 16,00, ou seja perderam 46,8% do seu valor. “A lógica da precificação é a expectativa de lucros e crescimento da economia o que não está ocorrendo na gestão Dilma afetando a rentabilidade da empresa.”

O trabalhador que investiu dinheiro do FGTS para comprar ações da Petrobras na oferta de 2010 agora está recebendo uma rentabilidade inferior a do próprio FGTS (TR mais 3% ao ano). Na nova política de exploração, a Petrobras teve que participar de todo o pré-sal o que gera carga de investimento muito alto para a companhia. Além disso, a empresa foi obrigada a subsidiar os preços ao consumidor da gasolina e do diesel, vendendo combustíveis a preços inferiores ao de importação o que também resultou em prejuízos para a companhia.

Bolívar Lamounier, diretor da Augurium Consultoria, diz que a bolsa de valores brasileira está passando por uma nova crise e o problema é o governo Dilma. “No tocante à infra-estrutura, por exemplo, nada aconteceu de relevante, por incompetência gerencial e incapacidade de encaminhar a questão do financiamento. Sobre as chamadas reformas estruturais, nada mais se falou, foram engavetadas, pura e simplesmente”.

Lamounier ressalta ainda que o governo não fez a sua parte. “Fica só culpando a crise mundial. E o resultado é um tremendo desgaste e um crescimento decepcionante. O crédito de confiança que Dilma e sua equipe receberam em 2010 se esgotou. Isto se percebe claramente entre potenciais investidores externos e aqui dentro também, entre os empresários brasileiros. Há muitas explicações, mas a mais importante talvez seja a falta de confiança no marco jurídico, ou seja, na estabilidade das regras do jogo. Como esperar confiança da parte dos agentes econômicos, se você se reserva o direito de intervir na economia a todo momento?”


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