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Nos últimos 500 e poucos anos a liderança mundial foi exercida por apenas 3 nações: Espanha, Grã-Bretanha e Estados Unidos.
No século XVI, a era dos descobrimentos, a Espanha com seus navegantes exerceu o controle mundial obtendo de suas colônias os recursos que permitiram sua liderança mundial até o final do século XVII. Portugal ,vizinho da península Ibérica, depois dominada pela Espanha, fruto das ligações familiares das duas coroas, também teve uma participação importante na era do domínio colonial.
As guerras na Europa pela liderança mundial colocaram a Grã-Bretanha contra a França - com forte presença da Holanda - na fase do domínio mercantilista. As disputas entre Franca e Inglaterra levaram a Europa viver um período de guerras que culminaram,em junho de 1815 com o fim das Guerras Napoleônicas, com a vitória da Inglaterra e seus aliados.
Principal protagonista da revolução industrial - que culminou com o fim do mercantilismo - a Inglaterra, que já havia se beneficiado da era dos descobrimentos do final do século XV inicio do século XVI, com acesso as riquezas de suas colônias, assumiu o domínio da economia mundial.
A revolução industrial, que teve enorme impacto no aumento da produtividade industrial dos fatores de produção permitiu que a Inglaterra liderasse a economia mundial até o final do século XIX começo do século XX.
Da mesma forma que a Espanha perdeu a liderança da economia mundial, num período de guerras que atingiu grande parte da Europa, a Inglaterra assistiria o início de uma nova era liderada pelos Estados Unidos, que já se apresentava como um candidato à liderança da economia mundial desde fins do século XIX, de forma definitiva após a primeira guerra.
A tentativa da Alemanha de dominar a Europa e a economia mundial, resultou na Segunda Guerra Mundial de 1939 à 1945 que - com a vitória dos aliados - fortaleceu ainda mais a dominação dos Estados Unidos.
A União Soviética que fez parte do grupo aliado passou a disputar com os Estados Unidos a liderança mundial.
Do ponto de vista econômico eram dois modelos totalmente distintos - um socialista e outro capitalista - da mesma forma que do ponto de vista político: um ditatorial e outro democrático. A disputa entre esses dois modelos teve enorme influência sobre os países em desenvolvimento resultando inclusive na formação de blocos políticos econômicos.
Os fantásticos gastos militares da União Soviética e Estados Unidos além da disputa pela liderança espacial manteve o mundo apreensivo sobre o perigo de uma Terceira Guerra Mundial.
O reconhecimento da União Soviética do fracasso de seu modelo econômico e a impossibilidade de dar continuidade a guerra armamentista fez com que, sob a liderança de Gorbachev, a União Soviética tentasse uma abertura do seu modelo político para posteriormente fazer uma abertura de seu modelo econômico.
A queda do muro de Berlim em 1989 deixou claro o erro de Gorbachev de fazer uma abertura política antes da abertura econômica resultando no fim da União Soviética liderada pela Rússia.
A China, após o fracasso do modelo de Mao Tse Tung, iniciou com Deng Xiaoping uma transição para uma economia mais aberta estimulando a migração da população da zona rural.
Ao promover a migração para a zona urbana a China atingiu dois objetivos: o aumento da produtividade do capital humano de sua população rural, com grandes investimentos em educação, e o aumento do poder de consumo interno com a melhora dos salários dessa mão de obra mais educada e mais produtiva.
Não preciso indicar aqui a evolução numérica dos ganhos da economia chinesa nas ultimas três décadas.
O fato é que a China é detentora das maiores reservas internacionais, com volume de investimentos em infraestrutura jamais vistos nos últimos tempos e com um volume de comércio internacional que assusta o atual presidente americano.
O resultado é que estamos vendo o início de uma nova Guerra Mundial, dessa vez comercial, iniciada por Donald Trump, para tentar defender a posição americana de liderança de mais de 100 anos no mundo.
O resultado será o inicio de uma nova era com o eixo de dominação do continente europeu por 400 anos, depois do continente americano por pouco mais de cem anos - agora se transferindo para o continente asiático liderados por China e Índia, que em algumas décadas irá disputar com a China esse papel na Ásia.
Thomás Tosta de Sá
é presidente do CODEMEC - Comitê para o Desenvolvimento do Mercado de Capitais.
tsa1939@gmail.com