AMEC | Opinião | Educação Financeira | Em Foco | Em Pauta |
Enfoque | Entrevista | Espaço Apimec | Fórum Abrasca |
IBGC Comunica | IBRI Notícias | Opinião | Orquestra Societária |
Ponto de Vista |
A troca de governo trouxe a perspectiva de que, daqui para frente, as decisões serão tomadas de forma diferente, revertendo as expectativas de empresários, consumidores e investidores. Sabe-se que o cenário econômico - tanto interno quanto externo - será complexo, mas os indícios dados pelo novo governo, que pretende adotar uma agenda de medidas liberais, trazem alívio àqueles que se desiludiram com a política econômica petista. A agenda de Temer, que conseguiu aprovar as reformas trabalhistas e a PEC dos Gastos, deu início às mudanças necessárias para recuperação fiscal da economia brasileira, mas sem a aprovação popular, não conseguiu ir mais longe.
Resta agora aos técnicos de Bolsonaro aprovarem o restante das reformas para garantir a solvência do governo e, ao mesmo tempo, impedir que o país caia na armadilha da dominância fiscal. A força dada pelas urnas é a grande aliada neste sentido.
As expectativas otimistas quanto ao novo governo por parte de empresários, consumidores e investidores, por si só, já são uma mola impulsionadora para a economia e dão força para a retomada do crescimento em 2019. A estimativa dos economistas é de que haja um incremento do PIB de 2,5% no próximo ano (Boletim Focus - 23/11/2018) contra 1,36% em 2018. “Anteriormente à eleição, ninguém queria saber de economia, só de política. Foi uma disputa bastante polarizada e radicalizada no sentido muito mais emocional do que técnico. Agora estamos em um limbo político. Este é um período de preparação e as expectativas estão indo melhor do que eu esperava”, afirma o professor e coordenador do Centro Macro-Brasil da FGV-EESP, Marcelo Kfoury.
O otimismo da população para o governo Bolsonaro está elevado. Segundo pesquisa da XP Investimentos em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), o presidente eleito tem 57% de aprovação e 20% de reprovação esperadas. O levantamento, realizado entre 21 e 23 de novembro, ouviu 1.000 pessoas e demonstra que, enquanto o governo atual (Temer) sai com uma avaliação negativa - 64% vêem como ruim ou péssimo – as esperanças estão depositadas em 2019. “É difícil criticar a equipe econômica, pois todos os indicados para postos relevantes têm uma visão liberal. Chicago está na moda”, brinca o ex-diretor do Banco Central e atual CEO da gestora de recursos Mauá Capital, Luiz Fernando Figueiredo.
No caso dos consumidores, a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias, realizada pela CNC, mostrou que os brasileiros estão mais propensos a comprar. O índice de novembro ficou 1,1% acima do de outubro. Na comparação com novembro de 2017, o aumento foi de 9,2%. Para a FGV, a confiança do consumidor avançou 7,1 pontos em novembro em relação à outubro, na série com ajuste sazonal. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) passou de 86,1 pontos em outubro para 93,2 pontos em novembro e atingiu no mês o maior nível desde julho de 2014.
Os últimos levantamentos de confiança dos empresários vêm na mesma linha. No caso do índice da micro e da pequena empresa, a confiança avançou 15% em novembro em relação a outubro, segundo a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e SPC Brasil. O indicador atingiu 61,8 pontos, o maior valor da sua série histórica, iniciada em 2015. Para 76% dos empresários, haverá melhora na economia nos próximos meses.
Já a Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) demonstra que 70% dos empresários do setor estão propensos a contratar mais funcionários nos próximos meses, este é o maior porcentual para essa época do ano desde 2014. Na indústria, a euforia também toma conta. “A mudança do patamar de confiança em apenas um mês foi muito forte. O ambiente de elevado radicalismo ficou para trás e as coisas estão indo para a normalidade. A atividade mobiliária, por exemplo, deu um salto. Estamos diante de uma percepção de que as coisas podem mudar”, avalia Figueiredo.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) calculado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) alcançou 63,2 pontos em novembro, 9,5 pontos a mais do que o registrado no mês anterior. A confiança da indústria está acima da média histórica (de 54,2 pontos) e é o maior índice desde setembro de 2010. “Há um aumento de confiança porque o “bode” da incerteza eleitoral saiu da sala. Então se pode desovar projetos de investimentos e as pessoas podem ter um pouco mais de confiança para fazer compras mais vultuosas e o crédito também pode melhorar. Nos primeiros trimestres de 2019, devemos ter uma surpresa positiva e um PIB crescendo um pouco mais que 2,5%”, avalia Kfoury.
Este otimismo começa a destravar os investimentos das empresas que só não serão mais robustos por conta da elevada ociosidade. O levantamento “Agenda 2019”, realizado pela Deloitte logo após o término do ciclo eleitoral, demonstra um claro otimismo do empresariado para o próximo ano. A pesquisa aplicada junto a representantes de 826 organizações de 32 segmentos econômicos, cuja soma das receitas totalizou R$ 2,8 trilhões no último ano (corresponde a 43% do PIB nacional), demonstra que quase a totalidade dos entrevistados (97%) indicou a pretensão de realizar investimentos ou implementar ações que desenvolvam os seus negócios em 2019. Além disso, a maioria dos participantes (69%) acredita que as vendas vão aumentar. Já 46% dos entrevistados devem investir mais em equipamentos (outros 42% manterão os investimentos nos níveis atuais); 53% vão ampliar os treinamentos e investimentos em qualificação e 49% vão investir mais em pesquisa e desenvolvimento.
Captação
A busca de recursos para se capitalizar em 2019 deve ser uma realidade para 70% das empresas representadas na pesquisa da Deloitte. Entre as formas de captação mais mencionadas pelos entrevistados, destacam-se os aportes dos próprios proprietários ou acionistas, os empréstimos originados de bancos de fomento (como o BNDES) e de bancos de varejo (todas essas alternativas assinaladas por 24% dos entrevistados). Receber aportes dos controladores da empresa, ou mesmo de fundos de investimento, é a expectativa de 20% e 11%, respectivamente. Emissão de títulos de dívida é uma possibilidade indicada por 6%. A abertura de capital (IPOs) está na pauta de representantes de dez empresas participantes do levantamento (cerca de 1% do total dos entrevistados).
A estimativa do mercado é de que ocorram cerca de 30 ofertas iniciais de ações entre o final deste ano e 2019, um valor ao redor de R$ 55 bilhões. Já as 15 ofertas subsequentes devem arrecadar aproximadamente R$ 70 bilhões. O CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, afirmou durante evento com investidores organizado pelo banco, que o pipeline de operações da instituição financeira está robusto e o número de operações deverá ser maior do que foi nos últimos anos. “As empresas têm projetos engavetados e vão precisar de capital”, declarou.
No ano de 2018, muitas empresas pretendiam ir à mercado. Entretanto, a instabilidade com a corrida eleitoral inviabilizou as operações, que foram adiadas. Para 2019, o otimismo do mercado deve se manter, viabilizando as captações e a valorização do mercado acionário. Mas para isso, é preciso que a Reforma da Previdência seja aprovada logo no início. “Ao colocar a Previdência como sua prioridade, o governo mostra que tem o diagnóstico correto. O primeiro momento é crucial e, se isso passar, não estamos apenas diante de uma mudança cíclica, mas estrutural também. Só temos indícios, mas eles, até agora são muito bons. Os mercados ainda não refletem isso, pois muita gente saiu machucada este ano. Então correr mais risco agora é pouco provável entre os agentes, mas vai haver uma mudança muito grande no portfólio em 2019, principalmente na proporção ativos com risco versus ativos sem risco”, ressalta Figueiredo.
Movimento cíclico ou estrutural
Existem alguns riscos que podem diferenciar se o crescimento de 2019 será apenas cíclico ou se manterá. “Para não ser cíclico, há algumas condições: recuperar a produtividade da economia, desregulamentar, fazer abertura comercial e privatizações. Esta é meio que uma receita de bolo para haver um crescimento um pouco mais continuado. É preciso mudar o padrão de crescimento. Não estamos mais em 2015 ou 2016, em que o PIB estava caindo mais de 3%, mas em 2017 e 2018 e a economia está crescendo acima de 1%, o que é uma boa estimativa agora do PIB potencial. Queremos que pule para algo mais próximo de 3%”, afirma Kfoury.
Neste sentido, o principal fator que levará a economia a entrar em um ciclo virtuoso é a continuidade das reformas propostas por Temer. “As condições para uma retomada do crescimento econômico estão dadas. Temos inflação baixa, elevada taxa de desemprego, o que é bom nesse momento porque a recuperação da economia pode ocorrer sem restrições no mercado de trabalho”, diz Margarida Gutierrez, doutora em economia pelo Instituto de Economia da UFRJ e professora adjunta do Coppead/UFRJ. Ela observa ainda que há ociosidade na indústria, o que significa que a produção pode crescer sem requerer investimentos prévios. Além disso, a taxa de juros encontra-se em patamar historicamente baixo e a equipe econômica anunciada demonstra estar comprometida com o ajuste fiscal e com o regime de Metas de Inflação. “Isso mostra que o panorama macro doméstico está preservado”, explica.
Como principal desafio para o próximo governo, Margarida observa que a Reforma da Previdência, pode ser comprometida pela postura do Congresso. “A ala mais contrária ao governo prometeu botar pra quebrar e - botar para quebrar - significa prejudicar a economia brasileira, porque sem as reformas não há como o país voltar a crescer. Se a reforma não sair, o país vai pro precipício”, afirma. Segundo a economista, sem a mudança o resultado será a explosão da dívida pública e uma paralisia do estado. “É um cenário catastrófico”.
Além dos riscos da oposição conseguir vetar a Reforma, há uma forte renovação no Congresso e a forma de fazer política mudou. “Precisamos ver qual o poder de compor as coligações dentro do Congresso. O governo está propondo um estilo menos fisiológico de fazer política. Ao invés de fazer acordo com as bancadas, está negociando com os blocos temáticos. Ainda não vimos como isso funciona”, complementa Kfoury.
Ao todo, 88 deputados federais eleitos nunca tiveram ligação com a política e nunca concorreram a nenhuma eleição. A questão agora é se essa renovação veio para melhorar. “O momento político atual é de estupefação e incerteza. O resultado das eleições foi inusitado e absolutamente inesperado. O que caiu não foi a presidência, mas toda a estrutura dos sistemas partidários. Este movimento não pode ser minimizado. Perdemos a previsibilidade. Como estes novatos vão se comportar?”, questiona o cientista político e professor da FGV EESP, Fernando Limongi.
Para ele o grau de renovação e novidade prejudica as previsões de como a política brasileira irá funcionar. A incerteza quanto ao futuro do país é demonstrada inclusive na escolha dos ministérios. “O nível de liderança é fator de preocupação. Não há segurança do que este governo pretende realmente fazer. Há anos acompanho a política e nunca vi a composição dos ministérios ser seguida desta forma. É preciso pensar que a política não é só a economia. Há o ministério da Saúde, da Educação, da Agricultura, Ciência e Tecnologia e por aí vai. Existem todas estas políticas a serem tocadas e que exigem conhecimento de causa”, afirma o cientista político.
O especialista acrescenta que se entrou num momento em que prevalece a cultura anti-políticos tradicionais e também anti-competências estabelecidas. “A despeito de o presidente falar que vai indicar todo mundo segundo a competência, este critério é absolutamente subjetivo e depende do seu ciclo de relações. Sabemos qual é o horizonte do presidente. Ele é, no mínimo, militar”, complementa.
Para o economista do IBRE/FGV Samuel Pessoa, a renovação gera alerta. “Quando olhei o resultado eleitoral e vi a composição do novo Congresso fiquei preocupado. Há uma enorme renovação. Eu não gostei e não queria nem que houvesse renovação. Desejava que os deputados fossem reeleitos, porque eles sabem do problema e já estavam catequizados. Na renovação entrou uma bancada que eu chamo bancada da Lava-jato. Essencialmente, é composta de gente que acha que o problema fiscal é corrupção. E que o combate a corrupção fará com que apareça R$ 200 bilhões a 300 bilhões nos cofres públicos. Isso é uma balela. A corrupção tem outros efeitos. Ela reduz eficiência, crescimento leva a má alocação. Mas o fato é de que a corrupção não produz grandes perdas no Tesouro Nacional. Nosso problema fiscal é estrutural”, resume.
Greve política
Do lado econômico, a crise política que assolou o Brasil nos últimos anos não só fez ascender a direita ao poder, mas também deixa como legado o conflito distributivo. Nos próximos anos, será preciso encontrar 4% do PIB brasileiro, cerca de R$ 300 bilhões, para fechar as contas públicas e sair do déficit para o superávit. “A dúvida que eu tenho é se a gente vai conseguir gerir os conflitos distributivos. Se o governo Bolsonaro não fizer o que tem que fazer, ele coloca a economia brasileira em uma trajetória de reinflação e chegará muito mal na campanha eleitoral de 2022. Se ele fizer o que precisa ser feito, estará reeleito e liderará o ciclo mais longo de um governo de direita no país”, ressalta Pessoa.
Na avaliação do economista, a crise política dramática vivida pelo país desde meados de 2014/2015, gerou uma espécie de greve dos políticos. “Desde 2015, não enfrentamos o problema do conflito distributivo. Portanto a dívida pública cresce como uma bola de neve. Se esse problema não for enfrentado em dois ou três anos, a inflação vai voltar e... bem vindos aos anos 80. É um atraso institucional de quase três décadas. Me dá medo imaginar que vou acordar em um país que nem a Argentina, com 45% de inflação anual. Este risco é real”, alerta.
Segundo Pessoa, a teoria econômica é silenciosa quanto ao que é melhor para resolver o conflito: aumentar carga tributária ou reduzir gastos. “Não há uma função de bem-estar social que avalie qual pacote de política pública é melhor. Só quem pode fazer isso é a Política, com “P” maiúsculo”, diz. O movimento de retorno da inflação, entretanto, é minimizado por alguns fatores. O principal é o tamanho das reservas internacionais, que faz com que o processo de desvalorização do câmbio melhore a situação patrimonial do setor público e, portanto, produz um amortecimento nos desarranjos da rejeição de ajustar apolítica fiscal.
“Estamos numa sociedade que desenhou um setor público e que estabeleceu bases tributárias para financiá-lo, mas uma coisa não conversa com a outra. Tem que mudar um lado ou outro ou um pouquinho de cada. Senão fizermos isso, vamos para a inflação. O motivo que eu tenho para ser mais otimista é que há estímulos para que o governo Bolsonaro faça todas as maldades imediatamente. Se ele fizer, coloca a economia para crescer”, explica Samuel Pessoa.
Caso isso ocorra, há a possibilidade de reeditar com o Bolsonaro, o cenário que aconteceu no Brasil no ano de 2003. “Você arruma a casa e colhe um monte de coisas boas que foram feitas pelo governo anterior. No caso, a arrumação da casa começou no segundo ano do segundo mandato da presidente Dilma e continuou com mais intensidade nos outros dois anos do Temer. Tem muita reforma e muita coisa boa para ser colhida que ainda não colhemos porque não resolvemos nosso impacto político mais intenso. Se Bolsonaro fizer o que vai doer no bolso de todos vai colocar a economia para crescer e inicia um ciclo mais longo de uma certa hegemonia de direita no país, o que eu acho interessante”, conclui.
Ameaça externa
Um dos grandes riscos para a retomada do crescimento de longo prazo do Brasil é o cenário externo. Haverá uma falta de sincronização do crescimento da economia brasileira com relação à do resto do mundo nos próximos dois anos. Enquanto o Brasil entra num ciclo de recuperação, a economia mundial tende a desacelerar depois de um grande ciclo de crescimento, em especial, EUA, China e Europa. “O mundo está com velocidade diferente”, diz Pessoa.
O PIB dos EUA cresceu 4,2% no segundo trimestre e 3,5% neste terceiro trimestre. “Isso é muito forte e está acima do PIB potencial americano. Se olharmos para o indicador de crescimento dos EUA, medido pelo spread entre os juros de dez anos e de dois anos, pode-se perceber que estava elevado ao longo dos últimos anos e agora se aproxima de zero”, observa Kfoury. Nas últimas cinco vezes que este spread foi negativo, a economia americana entrou em recessão logo em seguida. “Se fizermos uma conta de padeiro, esse spread está projetando um crescimento de 1,9% para o PIB americano ao final de 2019. É uma baita desaceleração”, acrescenta.
Segundo ele, a política fiscal adotada por Trump reduz a bala na agulha para evitar a desaceleração futura. “Temos visto uma “Dilmanização” da economia. O Trump parece a Dilma. Na hora que a economia está em pleno emprego, coloca mais incentivo fiscal. Ele está superaquecendo uma economia e gastando munição na hora que não precisa. Então se ocorrer uma desaceleração, o que é muito provável nos próximos dois anos, a política monetária não terá tanto espaço de cortar os juros e a política fiscal já está usando parte deste espaço na hora que não precisa”, explica.
No momento, todos os indicadores quantitativos da economia americana indicam que a taxa de desemprego está abaixo da taxa natural. “A pergunta é se esse processo de ancoragem das economias vai gerar algum erro de política econômica que leve a uma desaceleração mais forte. Um dado que favorece o cenário mais otimista é que a economia americana está numa situação de pleno emprego, crescendo acima de seu potencial, mas a inflação está muito estável devido à enorme ancoragem das expectativas”, observa Pessoa.
Para Figueiredo, o mundo está entrando na normalidade. “O mundo foi muito exuberante por muito tempo e estamos vivendo um fenômeno de ir para uma normalidade. A situação de que a economia americana anda acima do PIB potencial é temporária. Não há indício de que existe uma chance maior do que o normal de entrar num processo recessivo. Este ciclo está acabando. Por outro lado, as evidências mostram que não é mais hora de brincar de ser expansionista, principalmente do caso americano em que a economia está sobreaquecida”, avalia.
Mesmo com o fim dos efeitos da expansão fiscal, na margem, a economia estará crescendo acima do seu PIB potencial ainda e os juros americanos devem subir novamente, conforme as indicações do FED. Uma das consequências é a mudança nos preços dos ativos. “Uma coisa é fazer o valuation de uma ativo real com juros “zero”, outra coisa é fazer com a 3% ao ano. Os ativos precisarão ter outro preço. É natural que sejam reprecificados, mas não parece que há uma bolha que nos levará a uma grande crise”, defende Figueiredo. Para Margarida, há sim um cenário de bolha no mercado acionário americano. “Haverá uma redução suave ou estouro da bolha? O Fed está tentando evitar o estouro. Tanto que sobe juros de forma devagar e anunciando todos os passos seguintes da política monetária”, diz.
A economista afirma que a grande questão não é o lado fiscal americano, mas as mudanças de políticas econômicas ao redor do mundo, que está entrando numa onda protecionista. “O contexto do mundo é muito diferente e tem a dúvida se esta disputa entre EUA e China pode ir para algo muito além da guerra comercial. É uma disputa por hegemonia que não vai acabar por aí”, observa.
Figueiredo concorda. “É claro que a má política sempre traz coisas ruins e o mundo está flertando nesta direção, vide a quantidade de bobagens que a administração Trump tem feito na política econômica. Isso vai ter impacto de longo prazo. Tenho menos preocupação no curto prazo, mas as políticas econômicas equivocadas que vão cobrar seu preço”.