Opinião

EMPRESAS SÃO ESSENCIAIS NO ALCANCE DE SOCIEDADES EXITOSAS por Claudio Andrade

Empresas organizadas, limpas (no sentido lato) e participativas são peças-chave no quebra-cabeças de uma sociedade exitosa. Independentemente do porte, ou setor em que atuam, podem contribuir de forma decisiva com as metas do desenvolvimento sustentável, abrangendo o combate à pobreza, a promoção da saúde, da educação, equilíbrio no processo de mudanças climáticas e na atuação propositiva para se evitar a degradação ambiental.

Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) podem facilitar a conexão de estratégias de negócios, redirecionando investimentos, identificando desafios comuns e oportunidades com prioridades globais.

Portanto, a crise planetária porque passamos pode ser transformada em oportunidade, especialmente para as organizações limpas – moral, econômica e ambientalmente, reitero – que miram a sustentabilidade como alvo. Áreas de Relações com Investidores estão cada vez mais atentas aos ODS, uma vez que o investidor precifica (melhor) as companhias mais alinhadas, por óbvio que pareça.

Estudados e plenamente adaptados às realidades das companhias e países onde atuam, os ODS podem ser ótima referência para se moldar, conduzir, comunicar e relatar a forma que a empresa vem gerenciando seus processos e a entrega socioeconômica. Ao inserir na pauta de gestão, é possível definir mercados em potencial e mudanças transformadoras.

Fortalecem as relações com os stakeholders ao mesmo tempo em que possibilitam o direcionamento de políticas públicas, ajustando o investimento do capital em recursos de forma mais eficientes e sustentáveis.

De acordo com as diretrizes para implementação dos ODS na estratégia dos negócios, “as empresas que alinham as suas prioridades (com os ODS) podem fortalecer o compromisso dos clientes, funcionários e de outras partes interessadas, e aquelas que não o fazem estarão expostas aos riscos crescentes legais e de reputação.”

A mensagem explícita é que os negócios não terão sucesso em uma sociedade que fracassa. Por esse motivo, insisto, destaco a importância do alcance dos ODS e sua aplicação como um dos pilares de sustentação de sucesso dos negócios, incluindo regulamentações de mercado, a prestação de contas do dinheiro investido e a transparência nos processos administrativos. Traduzindo, a implementação dos ODS pode ser “compliance na veia”.
 
Não é demais lembrar que, desenvolvido pela GRI, pelo Pacto Global das Nações Unidas e pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), o SDG Compass incorpora o feedback recebido durante três períodos de pesquisa realizada junto a órgãos governamentais, instituições acadêmicas e organizações da sociedade civil mundialmente e apresenta os cinco passos para estabelecer ou alinhar o caminho para inserir os ODS na sua empresa.

O primeiro passo é conhecer os 17 Objetivos e suas 169 metas. Na sequência, e ainda nessa fase, multiplicar as informações de forma a gerar reflexão no grupo de governança da empresa; no segundo e terceiro passos as prioridades deverão ser definidas com base na avaliação dos impactos, riscos e oportunidades de cada negócio e, desta forma, as metas serão estabelecidas; no quarto e quinto passos é a vez de buscar contribuir para soluções sistêmicas em parceria com sua cadeia de valor e, por último, relatar o avanço em relação ao desenvolvimento sustentável incorporando sua comunicação e relatórios de gestão.

Sobre cada empresa e negócio a alta administração é soberana, todavia as decisões devem ser tomadas sob o princípio do “máximo bem possível para o máximo possível de pessoas”.

É a partir desta premissa de utilitarismos que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável podem contribuir, de forma efetiva, para empresas sadias e sociedades prósperas.

 Claudio Andrade
é professor universitário, analista de sustentabilidade e políticas públicas e CEO da Ratio Inteligência em Sutentabilidade.
candrade@ratiois.com.br