Economia Azul

AGRO SEA: O FUTURO VERDE VEM DO MAR AZUL

A principal preocupação dos investidores é avaliar riscos e determinar o prêmio de risco que estão dispostos a pagar. A tecnologia e a inovação para melhorar o retorno sobre o investimento (ROI) envolvem um componente de risco, assim como a adoção das melhores práticas de gestão socioambiental. Justificar essas decisões à luz da sustentabilidade econômica é a proposta do AGRO SEA.

Faltam apenas nove meses para a COP 30. As ações do governo americano para, pelo menos, conter seu déficit público e o crônico desequilíbrio em seu balanço comercial vêm impactando governos ao redor do mundo. A inflação americana tem sido monitorada pelo FED, com foco no crescimento econômico, no seguro-desemprego e na taxa básica de juros. Pode-se questionar o estilo, mas não o plano de ação. Aliás, é exatamente isso o que cobramos do governo brasileiro, sem sucesso.

O desafio do governo brasileiro é tornar a COP 30 um evento tão memorável quanto a ECO 92 (ou Rio-92), que celebrou os 20 anos da Conferência de Estocolmo, reunindo representantes de 176 países, 1.400 ONGs e mais de 30 mil participantes.

O governo começou bem, com a nomeação do embaixador André Corrêa do Lago como presidente e de Ana Toni, economista e doutora em ciências políticas, como secretária executiva. O próximo passo foi dado pelo nosso negociador: estamos vivendo um período de transição energética, ou seja, as energias fósseis e renováveis ainda coexistirão por vários anos. Agora, é hora de debater os "quatro cavaleiros do Apocalipse contemporâneos" na visão de Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV, embaixador vitalício do Brasil na FAO para o cooperativismo e curador do AGRO SEA: segurança alimentar, segurança energética, mudanças climáticas e desigualdade social. Em Belém do Pará, buscaremos apresentar soluções.

O AGRO SEA foi idealizado com o saudoso Alysson Paulinelli e Roberto Rodrigues, a partir do princípio de que não faz sentido analisar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) sem considerar os oceanos, que cobrem 71% da superfície terrestre. Também assumimos que não há solução socioambiental sem investimento de capital. Potencializar as vantagens edafoclimáticas dos países tropicais em relação aos países de clima temperado nos torna mais competitivos internacionalmente. Ao utilizar minerais e nutrientes da flora marinha, a vanguarda brasileira no agronegócio, já reconhecida globalmente, pode nos levar a uma liderança inovadora.

Os debates do Fórum AGRO SEA começaram em São Paulo, no escritório de Alcides Tápias, também curador da nossa iniciativa, em junho passado. Outros eventos ocorrerão no Rio de Janeiro e em Brasília, enquanto realizamos, no campo, provas de conceito com gramíneas, oleaginosas e outras culturas, com o olhar voltado à recuperação de terras degradadas e agricultura regenerativa. O objetivo é demonstrar como as algas marinhas podem impactar a produção agrícola, reduzindo o uso de fertilizantes e defensivos químicos ao mesmo tempo em que se reduzem os custos de produção. Isso tornará o agronegócio brasileiro mais eficiente e competitivo, com produtos de melhor qualidade.

Ao chegar em Belém do Pará, em novembro próximo, entregaremos à audiência global da COP 30 os relatórios qualitativos dos debates entre empresários, investidores, pesquisadores e acadêmicos, além dos relatórios quantitativos, que trarão os resultados das provas de conceito.

O Brasil possui a melhor matriz energética do mundo e é um dos maiores produtores de alimentos. No entanto, ainda somos um dos países mais desiguais. Selecionamos três variedades de algas para trazer aos debates: Lithothamnium, Asparagopsis alvarezii e Kappaphycus taxiformis. Com palestrantes especializados, discutiremos o sequestro de carbono (CO2), a redução das emissões de metano (CH4) e o ODS 2 - Fome Zero. Em 2025, declarado pela ONU o Ano das Cooperativas, apresentaremos um modelo de política pública que transforma o agricultor de subsistência em agricultor familiar e cooperado, gerador de renda. A extensão rural é a chave para emancipar famílias humildes por meio da educação e do trabalho.

O AGRO SEA acredita que o futuro verde vem do mar azul e que o capitalismo consciente deve buscar o ROI exponencial (ROI x Social ROI). Apoiamos as Leis elaboradas recentemente pelo Congresso Nacional e sancionadas pelo Presidente da República, o Combustível do Futuro e o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), promovendo a descarbonização do meio ambiente.

A visão do AGRO SEA, segundo o embaixador Corrêa do Lago, pode ser conferida em vídeo gravado para a abertura dos debates do fórum realizado em São Paulo. Mais informações sobre fomento à pesquisa e patrocínios dos debates estão disponíveis no site: www.agro-sea.com.


Wilson Nigri
é curador da Agro Sea. Formado em Engenharia pela Universidade Mackenzie, foi diretor do Unibanco, CEO da Brasilpar e do Club Med. É emppreendedor nas áreas de Educação e do Agronegócio. Irrigação e algas marinhas o motivaram como empreendedor e o espírito público se desenvolveu como contratado do BNDES para trabalhar no MDIC.
nigri@agro-sea.com


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