Governança & Sustentabilidade

NATURA: INOVAÇÃO EM GOVERNANÇA & SUSTENTABILIDADE

Uma das 10 empresas mais inovadoras do mundo e a maior companhia brasileira do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no segmento de venda direta, a Natura foi a vencedora do IR Magazine Awards Brazil 2014 na categoria: “Melhores Práticas de Sustentabilidade”, quesito em que vem sendo premiada ininterruptamente desde 2006. No período, a empresa destacou-se por uma evolução constante na adoção de práticas sustentáveis, que a levou a uma nova visão de Sustentabilidade, na qual agrega a geração de impactos positivos a sua atuação socioambiental. Este ano, a Natura também foi a vencedora na categoria de Melhor Governança Corporativa, prêmio que já recebeu cinco vezes, desde a primeira edição da premiação em 2005.

A nova visão de Sustentabilidade da Natura está totalmente alinhada a sua estratégia de negócio, contemplando ambições a serem alcançadas até 2020. De acordo com o gerente de RI da empresa, Fabio Cefaly, os principais desafios na geração de impactos positivos serão a medição de todas as suas externalidades (conseqüências para terceiros da atuação da empresa) e, sobretudo, o de atuar na disseminação do consumo consciente. “Vamos falar com o consumidor, perguntando o que ele precisa e o que não precisa”, ressalta o gerente de RI. O primeiro passo no caminho para um diálogo com os consumidores em prol do consumo consciente foi dado com a linha ‘SOU’. Lançada em julho de 2013, os produtos desse segmento são fabricados com a emissão de 60% menos de carbono na atmosfera, com embalagem inovadora, processo produtivo mais eficiente e com um apelo para deixar de lado os excessos e ficar com o essencial, observou Cefaly.

Dentro da visão de Sustentabilidade, Cefaly também destaca a inauguração do Ecoparque, novo complexo industrial inaugurado no município de Benevides, localizado a 35 quilômetros de Belém, capital do Pará, no inicio de 2014. Com investimentos de R$ 178 milhões, o Ecoparque vai abrigar a nova fábrica da Natura, que deve representar 8% do faturamento total da empresa, com a produção de 200 milhões de barras de sabonete e cerca de 400 toneladas de óleos fixos, gerando 250 empregos diretos e outros 250 indiretos.

Segundo o Relatório Anual da Natura de 2013, a visão de Sustentabilidade abrange seus três pilares de atuação: marcas e produtos, rede de relações e gestão e organização. No pilar marcas e produtos sua ambição para até 2020 é que suas marcas, Sou e Ekos, estimulem novos valores e comportamentos necessários à construção de um mundo mais sustentável. Com a marca Ekos, que completou 10 anos este ano, a Natura foi à natureza buscar ativos da biodiversidade brasileira e aprendeu como unir seu uso tradicional com o conhecimento científico, transformando-os em produtos inovadores, que respeitam o meio ambiente.

Em “Gestão e Organização”, prevê uma incorporação ainda maior do Triple Bottom Line (conceito que incorpora a Sustentabilidade em todas as decisões da empresa) na sua cultura organizacional, estimulando a empresa na geração de práticas empresariais de vanguarda. Já em rede de relações, a ambição da empresa é dar uma contribuição positiva para o desenvolvimento dos públicos com os quais se relaciona, fomentando ações de empreendedorismo por meio de plataformas colaborativas.

No seu relacionamento com o mercado, a Natura tem sido bem avaliada. Segundo Luiz Cesta, analista do Banco Votorantim, a Natura tem um ótimo relacionamento com os participantes do mercado e é destaque entre as companhias de consumo e varejo que têm cobertura do banco. A empresa tem grandes oportunidades de crescimento, principalmente no mercado internacional e sua marca continua sendo um dos melhores ativos da companhia, aliada ao exército de consultoras no Brasil, afirma o analista.

Para Cefaly, a AGO (Assembléia Geral Ordinária), realizada anualmente na sede da Natura no município de Cajamar, em São Paulo, é um diferencial no relacionamento com seus stakeholders. A empresa convida para o evento seus acionistas, analistas e colaboradores, que podem ficar frente a frente com sua diretoria executiva e com os membros do Conselho de Administração, que se colocam à disposição para ouvir questionamentos e responder perguntas dos participantes. O evento tem contado com a participação de cerca de 400 pessoas, ressalta.

Entre suas principais ambições a serem atingidas até 2020 estão: ter produtos com até 30% do valor dos insumos consumidos provenientes da região pan-amazônica; utilizar, no mínimo, 75% de material reciclável na massa total das embalagens (56% em 2013); utilizar no mínimo 10% de material reciclado pós-consumo na massa total de embalagens (1,43% em 2013); reduzir em 33% a emissão relativa de carbono e implementar um sistema de logística reversa que permita coletar 50% da quantidade de resíduos gerados pelas embalagens. E ainda, alcançar 10 mil famílias nas cadeias produtivas da Pan-amazônia (2.188 famílias em 2013) e movimentar R$ 1 bilhão em volume de negócios na Amazônia.

Evolução em Governança

Entre as boas práticas de governança corporativa, agentes do mercado destacam a de reportar informações nos prazos da CVM e sempre após o fechamento do pregão. Para Cefaly, um exemplo importante de evolução em governança foi a eleição, em abril do ano passado, de Plínio Villares Musetti para a presidência do Conselho de Administração da empresa.

“A eleição encerrou um modelo de co-presidência, exercido historicamente pelos acionistas controladores. A mudança foi mais um passo rumo à profissionalização e à institucionalização da companhia e reforçou seu compromisso histórico, iniciado há 16 anos, quando a Natura instituiu voluntariamente um conselho de administração, seis anos antes de abrir capital.” O IPO (oferta pública inicial de ações) da Natura foi realizado em 2004.

O ciclo de evoluções da governança corporativa da empresa teve início em meados dos anos 1990, quando novos executivos foram incorporados em posições estratégicas, privilegiando a gestão profissional. Em 1998, os fundadores chamaram profissionais do mercado para formar o primeiro Conselho de Administração e, posteriormente, em 2005, nomearam Alessandro Carlucci como primeiro presidente da Natura fora do grupo de acionistas controladores. Em 2007, o Conselho foi ampliado de cinco para sete membros. Em 2011, houve a primeira substituição de parte dos membros externos do conselho e, em 2012, nova ampliação do número de integrantes, para nove pessoas.

O programa de remuneração também é exemplo da sua evolução em boas práticas de governança. A Natura conta com um sistema de remuneração fixa e variável de forma a evitar distorções no empenho da empresa. Conforme analistas, o plano equilibra ganhos de curto, médio e longo prazo, estimulando o engajamento dos executivos com o crescimento e a valorização da empresa.

Pelo programa de remuneração variável é oferecida à alta gestão outorga de opção de compra ou subscrição de ações. O sistema está vinculado à decisão do executivo de investir, no mínimo, 50% do valor líquido recebido como participação nos lucros da empresa na aquisição de ações da Natura.

Lucro e Concorrência

No primeiro semestre deste ano, a companhia reportou lucro líquido consolidado de R$ 175,8 milhões. O resultado representou uma queda de 19,7%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Nos primeiros seis meses do ano, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 636,0 milhões, queda de 5,4%, com margem de 18,9% ante 21,9% no mesmo intervalo do ano passado. A receita líquida consolidada no semestre, atingiu R$ 3,358 bilhões, expansão de 9,5%, na comparação com o mesmo período de 2013.

De acordo com Cefaly, a queda de resultados da empresa deveu-se ao aumento da concorrência e as perdas de margens. Segundo ele, não fosse a imagem positiva decorrente de suas boas práticas de Sustentabilidade e de Governança, a situação da empresa seria ainda mais difícil. Luiz Cesta cita o forte ambiente competitivo no Brasil como um dos fatores que afetam os resultados da empresa.


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