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PESQUISA IBRI-DELOITTE: IDENTIFICA OS DESAFIOS PARA A ÁREA E PROFISSIONAIS DE RI

“Uma das conclusões da pesquisa é que o RI tem se tornado cada vez mais importante dentro de uma companhia. E seu papel está cada vez mais estratégico, ou seja, influenciando decisões estratégicas da empresa”, salientou Bruce Mescher, sócio-líder da área de Auditoria para Serviços Integrados de Finance Transformation da Deloitte, durante Coletiva de Imprensa para divulgar os resultados da pesquisa “Comunicação com o mercado - Alinhamento estratégico para criação e preservação de valor”, realizado pelo IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) em parceria com a Deloitte. O estudo contou com a participação de 104 executivos ligados à área de RI.

A principal conclusão da pesquisa foi que o profissional de Relações com Investidores (RI) é um agente importante para a gestão equilibrada das expectativas dos diferentes públicos de interesse das empresas, bem como para a geração e preservação de valor junto aos acionistas e ao mercado. “Esse é um diagnóstico que vai melhorar cada vez mais o mercado de capitais nacional”, apontou Geraldo Soares, presidente do Conselho de Administração do IBRI.

De acordo com o resultado do estudo, no entanto, o papel do RI ainda é visto mais como comunicador (46%) do que estrategista (29%), mesmo atuando fortemente junto à liderança e ao Conselho de Administração. O que quer dizer que as novas demandas e realidades das empresas e do mercado estão exigindo cada vez mais um perfil de RI mais estratégico na interlocução com diversos públicos e investidores.

Para Bruce Mescher, a tendência é de consolidação do papel de estrategista, valorizando a função do profissional de RI. “O profissional de RI não deve apenas se preocupar com uma comunicação ágil e periódica com o mercado. Hoje, o RI deve ter uma visão mais integrada e estratégica sobre os objetivos e o potencial da organização, conhecendo profundamente o negócio e seus direcionadores de valor. Ainda mais importante, o RI deve alavancar este conhecimento e o feedback do mercado para influenciar a execução da estratégia e da tomada de decisões das empresas”, exemplifica Mescher.

Na visão de Soares, as atividades de RI são estratégicas para a organização, pois consolidam as informações mais relevantes sobre a empresa e o mercado para o entendimento de seus diferentes públicos de interesse.

Os resultados do estudo também fornecem algumas perspectivas sobre as características do RI altamente estratégicas, que incluem interações de qualidade com a Alta Administração e participação em atividades de planejamento estratégico. Enquanto a interlocução da área de RI e a presidência da empresa (94%) e a sua participação no planejamento estratégico da organização (81%) são uma realidade para a maioria dos participantes da pesquisa, os RIs que se consideram como estrategistas estão mais envolvidos em planejamento estratégico, alcançando 100% de afirmação, e têm interações com a Alta Administração com mais frequência, tipicamente diárias e mensais, em comparação com uma frequência trimestral para os operadores, comunicadores e catalisadores.

A forte interação dessas lideranças com o presidente ou o Conselho de Administração pode ocorrer principalmente pelo fato do executivo realizar outra importante função executiva na organização. O acúmulo de funções é uma realidade para 72% das organizações, sendo que em mais da metade dos casos o profissional é também o diretor financeiro da empresa. “Isso demonstra também a sua atuação mais estratégica estendendo a credibilidade do RI dentro da organização”, afirmou Mescher. Mais uma vez, os estrategistas se destacam como um RI que acumula uma outra função em 92% dos casos, comparado com 75% de operadores e 59% para os catalisadores e comunicadores.

“O desafio de transformar a percepção efetiva, por parte da Alta Administração, do aspecto estratégico da função de RI continua para muitas empresas. O reconhecimento pela Alta Administração das vantagens que as atividades do RI e o uso do seu conhecimento como interlocutor do mercado são a chave para o desenvolvimento sustentável dos negócios e para a geração de valor da empresa”, apontou Mescher.

Geração e preservação de valor

Hoje, mais do que nunca, o papel do RI é fundamental, dados os fatores no ambiente de negócios, que podem afetar o desempenho da empresa e, finalmente, afetar o seu valor. As empresas estão crescendo em tamanho e complexidade e o ambiente econômico atual é caracterizado pela incerteza e volatilidade, com a velocidade da informação cada vez maior devido aos avanços da tecnologia. Os investidores estão exigindo informações mais quantitativas e qualitativas para a tomada de decisão, além de maior atuação dos acionistas.

"O papel estratégico do RI surge como uma resposta para a criação de valor da empresa por meio da comunicação eficaz e gestão de eventuais lacunas na percepção dos mercados. Estudos no exterior apontam que um programa efetivo de RI pode gerar um prêmio médio de 10% de valorização, enquanto um programa ineficaz pode custar uma desvalorização de até 20%”, afirmou Mescher, da Deloitte.

Um número expressivo de respondentes (80%) destacou que a área de RI de sua organização consegue captar facilmente o “valor percebido” do mercado sobre sua empresa. No entanto, 75% dos participantes da pesquisa identificam uma lacuna entre as percepções de valor da empresa pela sua administração e por analistas e investidores, e ainda 25% caracterizam essa lacuna como grande. Em mais de 70% das empresas, os profissionais de RI ou os líderes da empresa são os principais responsáveis, sozinhos ou em conjunto, por gerenciar essa lacuna.

Na visão dos participantes da pesquisa, gerenciar, executar e equilibrar as expectativas das partes interessadas são as principais maneiras pela qual a área de RI cria valor ao seu negócio. Na sequência, estão os aspectos ligados à divulgação de informações, fortalecendo a visão que o profissional de RI tem de si como comunicador.

Enquanto 66% dos profissionais de RI acreditam que, quando comunicados de forma eficaz, os resultados financeiros da empresa têm maior impacto sobre o preço das ações, as divulgações relativas a planos estratégicos aparecem em segundo (39%) e os resultados dos eventos pontuais, como aquisições, em terceiro lugar (38%). Para os estrategistas e catalisadores, a distância relativa entre os resultados financeiros e informações estratégicas é muito menor do que para comunicadores e operadores, refletindo a crescente importância e demanda para essas informações. Notável é o pequeno efeito atribuído para divulgação de guidance, citado por apenas 9% dos respondentes.

“O alinhamento entre a administração e o mercado é um componente crítico do valor de mercado de uma organização. Para diminuir eventuais lacunas que existem entre essas visões, internas e externas, é preciso estruturar um modelo que, além da divulgação de informações, busque o equilíbrio de expectativas e o engajamento das partes interessadas”, afirmou Bruce Mescher.

RI nas pequenas e médias empresas

As organizações de menor porte são as que mais apresentam desafios na estruturação e na percepção estratégica e de valor para a função de RI. Por outro lado, esse grupo apresenta interesse em conhecer melhor o mercado e se preparar com uma estrutura sólida de gestão e governança para receber investimentos ou até mesmo abrir capital.

É quase unânime entre os respondentes a importância de estruturação de uma área de RI para as empresas fechadas. Segundo 61% das organizações, este é um passo importante antes do processo de entrada na Bolsa de Valores. Muitas vão além: estruturar a área de RI para empresas de capital fechado ou que ainda não tenham interesse em abrir capital, é visto como importante para 38% das empresas.

Essa estruturação pode se reverter em vantagens competitivas, uma vez que permitirá às empresas de qualquer porte – e mesmo que não tenham interesse imediato em abrir o capital – mais oportunidades de captar recursos para financiar seu crescimento, na forma de emissão de títulos de dívida, como debêntures, ou injeção por meio de fundos de venture capital e private equity.


Continua...