Em 2013, onze empresas estrearam na BM&FBovespa. Abril foi o mês mais movimentado, principalmente por conta da abertura de capital da BB Seguridade, que levantou R$ 11,4 bilhões e se tornou a maior oferta em bolsa desde 2009. A empresa, holding que controla os negócios de seguros do Banco do Brasil, também garantiu o reconhecimento do mercado conquistando o prêmio de “Melhor RI em uma Oferta Pública Inicial - IPO”, concedido pelo IR Brazil Awards 2014.
O BB já vinha reestruturando seu modelo de atuação em negócios de seguridade desde 2008. Àquela época, já vislumbrava a criação de uma holding voltada para a centralização de suas parcerias nesse segmento, e a possibilidade de abertura do seu capital. “Todo o processo de análise que resultou na decisão de realizar o IPO caminhou de forma gradual, e mediante muitas avaliações internas, que envolveram todos os níveis decisórios dentro da estrutura de governança do BB”, afirma Werner Suffert, diretor financeiro e de RI da companhia.
O executivo conta que o Banco do Brasil enxergou a abertura do capital da BB Seguridade como uma oportunidade para dar maior visibilidade interna e externa aos seus negócios na área de seguros, previdência e capitalização. “Ao mostrar para o mercado o valor de uma importante parte do seu negócio, o BB também estabeleceu um referencial de valor importante para suas próprias ações, com o objetivo de contribuir para uma avaliação mais justa por parte do mercado e agregar valor para seus acionistas”.
A criação de uma nova companhia do porte da BB Seguridade trouxe desafios de diversas naturezas. A empresa precisou criar algumas áreas internas independentes do Banco do Brasil, como foi o caso da equipe de Relações com Investidores e de um departamento jurídico próprio. Também foi necessário criar ou adaptar fluxos de trabalho e alçadas adequados às especificidades do negócio da BB Seguridade, além da implementação de diversos mecanismos com o objetivo de aperfeiçoar a governança corporativa da companhia. “As responsabilidades de uma companhia de capital aberto perante seus investidores e ao mercado de forma geral precisam ser internalizadas não apenas pela área de RI, mas permear a cultura corporativa e a forma de trabalho de toda a empresa”, destaca Suffert.
Atualmente, a área de RI da BB Seguridade é composta por um diretor que é também CFO da companhia, dois gerentes e nove assessores que são responsáveis por todas as atividades ligadas ao relacionamento com o mercado, divulgação de resultados, elaboração do material de divulgação, cumprimento de disposições do regulador, gestão do programa de ADRs, gestão da base acionária, monitoramento do mercado etc.
Processo de preparação
O Banco do Brasil e a diretoria da BB Seguridade - àquela época recém-criada - foram assessorados por um time qualificado de bancos de investimentos, advogados e auditores. O Banco do Brasil também indicou colaboradores de seu time com experiência em RI, controladoria, mercado de capitais, contabilidade e mercado de seguros para atuar em um projeto focado exclusivamente na abertura do capital.
O BB possui uma imensa expertise em operações no mercado de capitais. O BB BI liderou a operação com muita propriedade, cuidando dos principais aspectos relacionados à estruturação e assessorou na seleção de players conceituados para participar do negócio. Foram selecionados bancos de investimentos que atendessem a determinados critérios, como por exemplo o conhecimento do case (Banco do Brasil e sua atuação em negócios de seguridade), experiência e porte para agregar valor e capacidade de distribuição à oferta.
A atuação coordenada do projeto constituído internamente, do BB BI e dos demais intervenientes, foi fundamental para que a oferta acontecesse de forma organizada e com muita agilidade, permitindo o aproveitamento de uma janela de oportunidade única que se abriu no mercado de capitais brasileiro no primeiro semestre.
Três times foram dedicados para participar do roadshow, durante 16 dias. Esses times foram estrategicamente desenhados, contando com a participação de representantes do management e das áreas de Relações com Investidores do Banco do Brasil e da BB Seguridade. Na oportunidade, foram realizadas 207 reuniões presenciais em formato one-on-one, em 29 cidades localizadas na América Latina, Estados Unidos, Canadá, Europa e Emirados Árabes.
Reconhecimento
De acordo com analistas, a equipe que compõe o time de RI da companhia é totalmente comprometida com sua função de comunicação com o mercado. A percepção é que a equipe busca sempre esclarecer dúvidas e responder a questionamentos de uma maneira didática, com tempestividade e direcionada a ampliar constantemente o conhecimento do público, o que minimiza o risco de mal-entendidos e permite um entendimento cada vez mais preciso da companhia pelo mercado.
Apesar disso, Werner Suffert reconhece que em Relações com Investidores sempre existe espaço para aprimoramento. “A BB Seguridade está constantemente revendo seus processos internos, os materiais utilizados nas apresentações e reuniões públicas, a abordagem aos analistas e investidores, etc. Sempre buscando contribuir para a elucidação de possíveis dúvidas e para a correta interpretação da realidade da companhia pelos públicos interessados”.
Além do reconhecimento do trabalho feito pelo departamento de RI, a BB Seguridade é praticamente unanimidade entre os analistas como uma empresa que vive um bom momento. De acordo com analistas do Citi, a empresa está posicionada em um setor com baixa penetração no Brasil e, portanto, com alto potencial de crescimento. “Os produtos e serviços que a companhia oferece ainda têm baixa penetração no mercado, inclusive na base de clientes do Banco do Brasil, o que abre ainda mais espaço para crescimento”, afirmam, em relatório. Eles ainda completam que a BB Seguridade é vantajosa para os acionistas por ter “um modelo de negócios defensivo, com boas perspectivas de geração de caixa e distribuição de dividendos”.