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16º ENCONTRO NACIONAL DE RI DEBATE O PAPEL DO RI NA CRIAÇÃO DE VALOR

As Relações com Investidores têm conquistado cada vez mais status estratégico e os desafios dos profissionais tendem a aumentar com a evolução do mercado

Nos últimos anos, a profissão de Relações com Investidores evoluiu sensivelmente no Brasil e a atuação dos executivos de RI tornou-se essencial para as companhias e a perenidade dos negócios. “Em quase dois anos na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aumentou minha crença de que o impacto que a área de RI tem em questões estratégicas da empresa é enorme”, ressaltou Leonardo Pereira, presidente da autarquia, na abertura do 16º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais.

O evento promovido pelo IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e pela ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas) aconteceu, entre os dias 22 e 23 de julho de 2014, e reuniu 700 participantes e teve a presença de mais de 50 jornalistas, no Centro de Eventos da Fecomércio, em São Paulo.

Segundo Leonardo Pereira, este papel do RI tende a ser maior se a equipe for bem preparada, treinada e equipada. Ele observa que o trabalho dos profissionais de Relações com Investidores exige habilidades e competências adicionais, com destaque para certas características pessoais, sobretudo de relacionamento interpessoal, conquistando seus interlocutores com o conhecimento técnico e, sobretudo, transmitindo confiabilidade.

Na ocasião, o IBRI lançou a campanha o “RI cria valor” que, de acordo com Geraldo Soares, presidente do Conselho de Administração do IBRI, tem o objetivo de alterar a visibilidade da área de RI e sua estruturação dentro das companhias brasileiras, especialmente em empresas de menor porte. Soares enfatizou que quanto mais se puder contar com profissionais qualificados, o número de empresas com melhores práticas será maior e, consequentemente, haverá mais transparência.

O presidente da ABRASCA, Antonio Castro, disse que o profissional de RI representa a empresa e é um desafio muito grande gerar valor. Na visão do presidente da CVM, a evolução do profissional tende a continuar, inclusive nos quesitos de busca de transparência empresarial e qualidade das informações prestadas. Para Leonardo Pereira, o uso de insider information (informação privilegiada) deve ser repudiado e o assunto ser tratado como de extrema relevância dentro das empresas.

Inteligência de RI nas Empresas

O primeiro painel do evento abordou o tema “Inteligência de RI nas Empresas” e contou com a moderação de Antonio Castro. O presidente da ABRASCA enfatizou que a importância do profissional de RI dentro de uma empresa depende muito da cultura e do planejamento estratégico da própria companhia e também do profissional. “Como Jack Welch diz: o importante é a execução. Mas, sem planejamento estratégico não existe execução”, afirmou, jogando a pergunta aos demais palestrantes: Como se dá a atuação do trabalho de RI na empresa?

André Dorf, presidente da CPFL Renováveis, declarou que: “O RI é um profissional de valor dentro da nossa companhia. Na CPFL, a área de RI é o nosso canal de comunicação com o público. O mercado de capitais é regulado então a informação que vem de fora precisa passar pelo RI. Não basta transitar só dentro da companhia. Precisa captar as mensagens do mercado”. “A área de RI hoje demanda cada vez mais a integração de ferramentas para atingir os investidores potenciais e ampliar a cobertura de analistas”, declarou Dorf.

Líbano Miranda Barroso, presidente da Via Varejo, enfatizou que: “O RI dá lógica ao planejamento estratégico. Ele está apto a tirar a volatilidade do negócio, aproximando o investidor. Isso é um papel fundamental. O RI tem que estar em linha com as operações, participando do dia a dia de análises e representando as empresas”.

Marcelo Castelli, presidente da Fibria, observou que a empresa tem capital aberto há muitos anos, alcançou maturidade e tem atuação avançada junto aos investidores. No quesito métricas, Castelli destacou que saber discernir o que é confidencial em termos de informação é um quesito muito importante. “Fazemos planejamento estratégico, assim como quais as ações e papel de cada área para executar o que foi planejado”.

Experiência Internacional para criar valor em RI

“A busca das melhores práticas é muito importante para a profissão de RI”, frisou Jeff Morgan, presidente do NIRI (National Investor Relations Institute), no painel 2: “Inteligência de RI nas empresas – A experiência Internacional”. Ao falar sobre as competências, habilidades e conhecimentos requeridos para ser um profissional de RI, o executivo mencionou pesquisa feita pelo NIRI junto a quase 1000 profissionais de RI.

Os executivos detalharam informações sobre o dia a dia da função de RI, o que fez com que o NIRI chegasse a 10 áreas que os RIs devem ter bom entendimento para obterem sucesso: formulação estratégica; planejamento de RI, implementação e medição; desenvolvimento da mensagem; marketing; reporte financeiro e análise; visão de negócio; consultoria estratégica e colaboração; mercado de capitais e estrutura de capital; compliance regulatório e governança corporativa.

Barbara Gasper, vice-presidente e Relações com Investidores da MasterCard, disse que o profissional de RI deve construir sua credibilidade e a de sua empresa dizendo a verdade, mesmo que a informação que precisa ser divulgada não seja positiva para a organização. Segundo ela, o RI deve conversar com o mercado e perguntar o que deve ser melhorado. Outro ponto abordado pela executiva foi a prática frequente dos RIs estadunidenses de trocarem experiências sobre situações do dia a dia. “Há vezes em que o RI não tem com quem trocar experiências dentro da empresa, por isso conversar com seus pares é relevante”, observou.

Neil Stewart, editor e diretor de pesquisa da IR Magazine, comentou sobre algumas experiências internacionais de sucesso em RI, como a Capital Land, que utilizou o time de RI para identificar porque a empresa estava apresentando baixo desempenho. Uma das ações implementadas pela empresa foi tornar a mensagem mais simples e didática. Outro caso citado por Stewart foi o da Cisco, que utilizou a sondagem com os analistas para verificar o que estava errado com a empresa e sua estratégia.

Vitor Fagá, diretor-presidente do IBRI e moderador do painel, destacou a importância de se preparar para se fornecer respostas objetivas para as perguntas dos investidores. “Vale a pena investir tempo se preparando”, observou.

O papel estratégico do RI na criação e preservação de valor

Geraldo Soares, presidente do Conselho de Administração do IBRI, moderou o painel 3: “O papel Estratégico do RI na Criação de Valor”. Carla Albano Miller, gerente de RI da Vale, relatou o grande papel que a área de RI ocupa dentro de uma empresa que se destaca pela expressiva movimentação de ADR (American Depositary Receipt, ou recibos de depósitos norte-americanos) na Bolsa de Valores de Nova York. “Nossa área de RI conta hoje com 20 profissionais e foi dividida em quatro áreas”, explicou.

Segundo ela, atualmente, a área de RI está trabalhando para trazer de volta investidores que venderam suas ações. “Estamos tentando trazer de volta grandes e pequenos investidores que venderam seus papéis. Estamos, portanto, com uma atuação bem mais ativa. Vamos a conferências e fazemos a equipe participar de apresentações. Nosso presidente e a área de RI também participam”, contou a gerente de RI da Vale.

Carlos Lazar, diretor de RI da Kroton, revelou a grande dinâmica que a área de RI ganhou na empresa desde a fusão com a Anhanguera. "Em 2010, fizemos uma mudança importante na área, que era sediada em Belo Horizonte, mas agora está mais atenta ao mercado de São Paulo e, desta forma, está mais fácil de acessar e próxima de investidores", esclareceu. Entre as mudanças adotadas, Lazar citou as reuniões presenciais com os investidores. "Isso fez toda a diferença: conseguimos criar um ambiente para tornar mais rápido o fluxo de informações para o investidor que, muitas vezes, quer respostas rápidas", destacou.

Marcelo Mesquita, sócio da Leblon Equities, observou que a área de RI das empresas passou por uma verdadeira revolução nos últimos 20 anos. "Antigamente fazia-se longas filas na CVM para se buscar cópias das demonstrações financeiras. Hoje caminha-se para o uso do vídeo, que é um recurso, no entanto, mais utilizado no exterior. Mas com a tecnologia que se tem hoje, uma pessoa que tem apenas R$ 10,00 aplicado em ações da Vale tem quase o mesmo nível de informação de uma pessoa que possui 10% de participação no capital da companhia".


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