A conjuntura econômica brasileira exige que as empresas sejam ágeis e resilientes para navegar em um mar de incertezas. Juros altos, inflação persistente e disrupção tecnológica acelerada impõem desafios a qualquer negócio. Em meio a essa turbulência, a busca por otimização e a necessidade de olhar para o futuro se tornam cruciais para garantir a sobrevivência e o sucesso a longo prazo. Mas como conciliar a necessidade de eficiência e redução de custos com a demanda por inovação e adaptação às mudanças disruptivas? A resposta reside na ambidestria.
Ambidestria: O Equilíbrio Essencial para a Competitividade
A ambidestria, conceito originário do latim "ambi" (ambos) e "dexter" (direito), representa a habilidade de utilizar ambas as mãos com destreza. No contexto empresarial, ela simboliza a capacidade de equilibrar dois pilares aparentemente opostos: a excelência operacional e a exploração de novas oportunidades.
Empresas ambidestras dominam as operações do presente, buscando otimização, eficiência e lucratividade. Fazer melhor todo dia, não repetir os erros de ontem, enfim, a busca pela melhoria contínua. Ao mesmo tempo, para liderar a disrupção e não serem disruptados por um novo concorrente, elas investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação, cultivando uma cultura de aprendizado e adaptação para prosperar no futuro.
Um exemplo clássico dos riscos de negligenciar a inovação é a história da empresa sueca Odhner. Famosa no final do século XIX e início do século XX por suas calculadoras mecânicas de alta qualidade, a Odhner dominava seu mercado. No entanto, a empresa não soube se adaptar à chegada das calculadoras eletrônicas. Apesar de ter adquirido algumas unidades para testes, a Odhner não enxergou o potencial disruptivo da nova tecnologia e continuou a investir em seu modelo de negócio já ultrapassado. Seu declínio começou nos anos 1960 e culminou no fechamento da empresa.
Em contrapartida, a Iridium, um consórcio que lançou uma rede global de satélites para comunicação via celular na década de 1990, ilustra os perigos de focar em inovação sem considerar a viabilidade do negócio. A tecnologia da Iridium era revolucionária, prometendo cobertura global para celulares. No entanto, o alto custo do serviço e a limitada demanda do mercado levaram a empresa à falência pouco tempo depois do lançamento. A Iridium, apesar de ter um produto inovador, falhou em criar um modelo de negócio sustentável.
A ambidestria, portanto, não se trata de escolher entre otimizar o presente ou investir no futuro. Trata-se de encontrar um equilíbrio estratégico que permita à empresa prosperar em um cenário de constante transformação.
Tecnologia como Motor da Excelência Operacional
Em um cenário econômico desafiador, a excelência operacional é fundamental para a sobrevivência e o sucesso das empresas. A tecnologia surge como uma poderosa aliada, oferecendo soluções para otimizar processos, reduzir custos e aumentar a produtividade.
Soluções para a Eficiência Operacional:
Ao combinar diferentes tecnologias, as empresas podem alcançar níveis de eficiência e produtividade sem precedentes, construindo uma base sólida para enfrentar os desafios do presente.
Tecnologia como Alavancador de Novos Negócios e Novos Modelos de Negócios
Vivemos uma Nova Era da Inovação, com tecnologias evoluindo simultaneamente e rapidamente. Essa disrupção traz oportunidades, mas o atraso pode ser fatal para empresas.
Inovação é crucial para prosperar, e a tecnologia é um poderoso propulsor.
Inovando conectado com a Estratégia:
Tecnologias que Impulsionam a Inovação:
IA, Big Data, IoT e Blockchain são ferramentas poderosas para novos negócios e modelos. A IA generativa, como a internet, tem um poder revolucionário e gerará novos modelos.
Assistentes virtuais que aumentam a capacidade humana representam um passo inicial promissor na revolução da IA generativa. Não se trata de Humanos X IA, mas sim de Humanos + IA. Assistentes inteligentes podem automatizar tarefas, fornecer informações personalizadas, melhorar a comunicação e otimizar processos em diversos setores.
Conclusão
Em um cenário econômico desafiador como o brasileiro, a ambidestria emerge como uma necessidade para as empresas que desejam não apenas sobreviver, mas prosperar a longo prazo. A capacidade de equilibrar a excelência operacional com a exploração de novas oportunidades é crucial para garantir os resultados de hoje e a longevidade e relevância em um mundo que está passando por mais uma forte revolução tecnológica.
A tecnologia, nesse contexto, desempenha um papel fundamental como facilitadora da ambidestria, abrindo portas para a otimização de processos, a criação de novos produtos e serviços, e a construção de modelos de negócio disruptivos.
As empresas que desejam trilhar o caminho da ambidestria devem:
A ambidestria exige um esforço constante, mas os benefícios em termos de crescimento, competitividade e longevidade fazem com que seja um investimento estratégico para empresas que desejam prosperar em um mundo de Super Ciclos de transformação.
Ricardo Castro
é Bord Member, Business & Tech Executive, Senior Advisor. Experiência como administrador em empresas de diversos setores. Formado em engenharia pela UFRJ, mestrado em Tecnologia da Informação pela PUC-Rio e com MBAs executivos na Columbia, FDC, Kellog, Insead, StarSe/NovaLisboa. Conselheiro certificado pelo IBGC.
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