A inovação é essencial para startups e scale-ups se destacarem em um ecossistema cada vez mais competitivo – e uma governança corporativa sólida pode ser decisiva não somente para atrair investimentos, mas também para construir um ambiente mais estável e seguro. A governança sinaliza segurança e transparência, virtudes que, ao longo do tempo, tendem a se tornar um diferencial em relação aos concorrentes. Portanto, trata-se de elemento-chave para desbloquear o potencial de crescimento.
Em certos casos, a busca incessante pelo incremento dos negócios pode levar à desatenção com adesão das companhias abertas às boas práticas de governança, que cresceu 14,2 pontos percentuais em cinco anos.
As questões de governança, em favor de iniciativas que gerem resultados a curto prazo. Porém, os investidores buscam empresas com uma gestão sólida porque sabem que isso é sinônimo de profissionalismo e resultados sustentáveis. Querem ter acesso a informações claras e precisas, como demonstrações financeiras, planos de negócios, métricas de desempenho e, cada vez mais, responsabilidade socioambiental.
A governança contribui para que a empresa esteja alinhada com seus objetivos estratégicos, que os recursos sejam utilizados de maneira otimizada e que os interesses de todas as partes (stakeholders) stakeholders sejam considerados. Isso é fundamental para organizações jovens que buscam mostrar ao mercado que estão na trilha da maturidade.
Além disso, a implementação de controles internos e a definição de políticas de governança ajudam a identificar e mitigar os riscos dos negócios, o que também proporciona mais credibilidade. A implementação de mecanismos como auditorias e relatórios de gestão ajuda a prevenir fraudes e promover a conformidade com as leis e regulamentos.
A distribuição de poder entre os sócios e a existência de mecanismos de controle e equilíbrio são igualmente importantes para minimizar conflitos e aprimorar o processo de a tomada de decisões. Por exemplo, a presença de um conselho de administração, com membros independentes e experientes, é um sinal de boa governança. Outra medida positiva é a adoção de um código de conduta bem-definido, que estabeleça os valores e as regras de conduta da organização, orientando o comportamento de todos os envolvidos.
Há práticas de governança recomendadas para todas as etapas do ciclo de vida da startup, inclusive na sua fase inicial. Logo, é interessante que as práticas sejam implementadas o quanto antes – e que esse processo de implementação envolva todos os colaboradores, promovendo a compreensão e o engajamento de todos com os novos processos. Cabe observar, também, que a estrutura deve ser flexível e capaz de se adaptar às mudanças do negócio.
A adoção de boas práticas de governança corporativa torna-se ainda mais relevante com a expansão da Inteligência Artificial (IA). Empresas que não adotem uma governança adequada podem enfrentar diversos desafios, dentre os quais riscos reputacionais. Afinal, o desenvolvimento de algoritmos com vieses e/ou a utilização de dados sensíveis de modo inadequado podem gerar crises de imagem e perda de confiança dos clientes. Além disso, a não conformidade com leis e regulamentações relacionadas à privacidade de dados, propriedade intelectual e responsabilidade civil pode resultar em processos e multas.
Nos mercados cada vez mais exigentes da economia contemporânea, é importante demonstrar com clareza a adoção de boas práticas. Para isso, uma ferramenta eficaz é a Métrica de Governança Corporativa para Startups & Scale-ups (Métrica de Startups), desenvolvida e disponibilizada gratuitamente pelo IBGC. É um instrumento de aferição elaborado com base na publicação Governança Corporativa para Startups & Scale-ups. Também idealizada pelo instituto. O objetivo da métrica é estimular essas empresas – incluindo as que ainda não foram formalmente constituídas e encontram-se na fase de ideação – a refletirem sobre o seu contexto e a sua jornada de governança corporativa, em direção à adoção das melhores práticas.
A ferramenta mensura as práticas de governança para startups e scale-ups em quatro pilares – estratégia & sociedade; pessoas & recursos; tecnologia & propriedade intelectual; e processos & accountability – e nas quatro fases do ciclo da vida de startups e scale-ups – ideação, validação, tração e escala. Cada pilar apresenta práticas específicas, que devem ser implementadas ao longo das fases de evolução do negócio.
Além de fornecer um relatório com a pontuação para cada pilar de governança, a métrica identifica as práticas recomendadas de acordo com a fase em que a startup está no seu ciclo de vida.
Essa análise personalizada permite que a empresa identifique suas principais necessidades em termos de governança e estabeleça um plano de ação estratégico. Essa abordagem flexível valoriza as particularidades de cada etapa, permitindo que as startups aprimorem sua governança de maneira gradual e eficiente.
Assim, a jornada rumo à excelência em governança corporativa ganha um marco importante com a adoção da métrica. Ao alinhar suas práticas com os mais altos padrões, as empresas demonstram um compromisso com a transparência, a equidade e a sustentabilidade, tornando-se mais atrativas para os investidores e contribuindo para um futuro mais promissor. Uma startup ou scale-up com governança corporativa sólida é mais resiliente e preparada para enfrentar os desafios do mercado.
Luiz Martha
é diretor de Conhecimento e Impacto do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).
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