A onda de “woke investing” – que leva em consideração causas ambientais/sociais - vem sofrendo pesadas baixas no mercado financeiro com abandono de grandes investidores que buscam remunerar o seu capital com retorno compatível ao risco.
Muitos negócios de “woke investing” tem se mostrado frágeis em termos de retorno financeiro. Com isto, inúmeros investidores que se posicionaram junto ao movimento liderado por Larry Fink (BlackRock) para apoiar causas de ambientais e sociais optaram por trocar suas posições para papéis mais lucrativos.
Isto significa que investimentos de impacto “miaram”? Claro que não!
Isto só comprova que o mercado aprendeu a distinguir investimentos lucrativos e reais de impacto daqueles que buscam “fazer bem ao planeta” e reduzir os riscos ambientais/sociais configurados como “woke investing”.
Os reais investimentos de impacto visam o lucro com a possibilidade de gerar um impacto positivo na sociedade enquanto os negócios “ambientais/sociais” buscam o mesmo sem a obrigação de alto retorno aos seus investidores sempre com viés de cumprir com as metas globais de redução da pegada de carbono e desigualdade social.
Um bom exemplo de investimentos de impacto são as indústrias veganas que comercializam e distribuem produtos de qualidade com grande eficiência, menor consumo de água e baixa emissão de gás carbônico de olho no mercado em expansão de pessoas veganas, “flexitarianas”, dentre outros, que buscam uma alimentação mais saudável.
Enquanto isto muito negócios “ambientais/sociais” – sem desmerecer e apoiar estas belas iniciativas - são erguidos para “fazer bem ao planeta” e contribuir para o cumprimento de metas globais estabelecidas de comum acordo entre as nações.
Nunca é demais reforçar a importância de incentivar investimentos em bons projetos ambientais e sociais bem geridos que tragam benefícios para sociedade e, consequentemente, agreguem valor reputacional aos titulares do capital investido.
Frise-se, por oportuno, que os perfis de investidores para cada uma destas frentes são distintos e com interesses diversos, o que por si só justifica um olhar mais cuidadoso dos empreendedores antes de acessarem recursos de terceiros necessários para expansão de seus projetos.
Ora, os recursos destinados aos negócios ambientais/sociais estão pipocando por todo o mundo com único propósito de contribuir para redução de riscos climáticos e redução de desigualdade social.
Vale destacar importantes linhas de créditos disponíveis no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Corporação Andina de Fomento (CAF), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) e muitos outros bancos de fomentos locais e internacionais.
Também existem grandes iniciativas filantrópicas locais e internacionais focadas em contribuir com a agenda de mitigação de riscos climáticos e desigualdade social sem a exigência de retorno financeiro.
Da mesma maneira o capital disponível para investimento em negócios de impactos com alto potencial de retorno financeiro continua disponível com um olhar mais cuidadoso antes de eventuais aportes.
E como forma de destoar dos demais “players” de mercado, os empreendedores deverão apresentar sólidos planos de negócios, destacando-se o tamanho do mercado, dimensão do impacto e a competência do time envolvido para o alcance dos resultados almejados.
Por fim, recomenda-se aos empreendedores que - anseiam pelo crescimento sustentável de seus projetos - invistam na criação e/ou aprimoramento de sua governança corporativa para melhor atender as exigências dos investidores de retornos financeiros e/ou reputacionais.
Dentro deste contexto, resta evidente que os investimentos de impacto permanecem em alta assim como as possibilidades existentes para os negócios menos lucrativos e/ou filantrópicos.
Roberto Goldstajn
é advogado atuante no segmento jurídico empresarial, com mais de vinte anos de carreira em empresas multinacionais e nacionais. Ampla vivência em projetos de “Compliance”, Governança Corporativa e “Legal”. Experiência como integrante independente de Conselhos Consultivos de Empresas, Negócios Sociais e Organizações da Sociedade Civil.
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